Acessibilidade ainda é problema em Juiz de Fora

Garantir a mobilidade e a acessibilidade de todo cidadão, seja ele homem, mulher, idoso, obeso, deficiente físico ou mental. Esse deveria ser um direito assegurado, no entanto, ainda é um desafio, trazendo ainda mais barreiras às pessoas com deficiência e com dificuldade de locomoção. Desafio este que está longe de ser concluído.

Alexandre Ank, 37 anos, mesatenista paralímpico, tricampeão Pan-Americano e participante das paralimpíadas de Pequim 2008, apaixonado por esportes. Há 12 anos atrás, ele voltava de uma competição de futebol de salão, com um amigo que dirigia em alta velocidade. De repente, o carro passou em um buraco com água no asfalto e estourou o pneu dianteiro. Ank foi arremessado para fora e se chocou com um muro. Ele ficou paraplégico e usa cadeira de rodas para se locomover.

O mesatenista relata as dificuldades enfrentadas diariamente na cidade: calçadas com buracos, rampas com inclinação errada, falta de rampa, entre outros. “Venho lutando com os problemas de acessibilidade da cidade desde 2003, quando me tornei atleta. Na época, questionei a falta de adaptação dos ônibus de Juiz de Fora. Hoje, percebo que ainda existem problemas sérios. A gente anda nas ruas e sente a falta de rampas, e as poucas que existem, estão com a inclinação inadequada, com ressalto ou degrau, onde as rodas da cadeira muita das vezes agarram e as pessoas com deficiência acabam tombando e caindo nas travessias. Cerca de 90% das edificações públicas ou privadas, não tem acessibilidade”, contou.

Ank acredita, também, que uma mudança de atitude e postura do Poder Público, pode resolver esse problema. Além disso, é necessário que o município fiscalize e realize obras para melhorias no acesso do cidadão. “Uma leitura que fiz no passado foi à seguinte: Antes, se falava que todas as rampas, travessias e calçamentos eram de responsabilidade do município. No entanto, essa tarefa está atribuída aos proprietários dos locais privados. Porém, a Prefeitura ainda não criou um padrão estrutural para ser respeitado pelos donos dos terrenos. O que vejo é que cada calçada é de um jeito. Além do mais, existem várias obras novas, com passeios completamente inclinados. É preciso uma mudança na mentalidade do governo e uma revisão, quanto a esse questionamento. As ideias têm que sair do papel e acontecer”, reforçou.

A reportagem do Diário Regional presenciou a dificuldade do mesatenista de sair do carro e se dirigir até o passeio, em um cruzamento entre a Rua Padre Café e a Avenida Itamar Franco, no Bairro São Mateus, zona Sul. A calçada não tinha rampa, apresentava inclinação inadequada, impossibilitando o deslocamento do cadeirante.

ACESSIBILIDADE

Em nota a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), informou que vem trabalhando para trazer acessibilidade para o município, buscando recursos externos inclusive para que as melhorias necessárias sejam feitas e isso já começou a acontecer. Foi realizado um relatório de vistorias de rampas por diversas secretarias da PJF, onde foram localizadas as maiores demandas de mobilidade no centro de Juiz de Fora. Desde então foram construídas algumas rampas na Avenida Itamar Franco e na Avenida Rio Branco. Para a complementação deste projeto existe uma emenda parlamentar que irá custear a realização de outras intervenções que acontecerão na principal Avenida da cidade, a Rio Branco. O local foi escolhido através de um levantamento das rampas de acesso aos passeios e de travessia com problemas de acessibilidade, através de um grupo intersetorial composto por profissionais da Secretaria de Desenvolvimento Social, da Settra, da Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav) e da Secretaria de Obras e por se tratar de um trecho bastante utilizado por pessoas com deficiência e baixa mobilidade. A Prefeitura de Juiz de Fora irá identificar as novas necessidades de rampas nos principais corredores comerciais centrais e de bairros em Juiz de Fora. Posteriormente, técnicos da PJF irão desenvolver os projetos necessários para as intervenções. Paralelo a isto, também será verificada a possibilidade orçamentária e financeira e captação de recursos externos para a construção destes projetos.

Aos locais privados, a Secretaria de Atividades Urbanas (SAU) recomenda aos lojistas e proprietários a observância às normas de acessibilidade. Além disso, a PJF tem priorizado a questão em todas as suas obras, e também tem verificado a acessibilidade em novos projetos particulares que são aprovados pela SAU. Outra novidade é que as ruas que estão sendo recapeadas pela Empav também estão ganhando rampas novas. O Parque Halfeld também foi reformado e teve o seu piso revitalizado com o objetivo de proporcionar o acesso não só aos cadeirantes e pessoas com baixa mobilidade, como também aos cegos, com a instalação de piso tátil direcional e antiderrapante.




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