Franco Montoro, importante político paulista, pronunciou um dia as sábias palavras: “Os homens públicos se diferenciam entre aqueles que pensam nas próximas eleições e aqueles que pensam nas próximas gerações”. Esta expressão bem que poderia encimar a biografia de um dos mais talentosos e dedicados administradores que nossa cidade conheceu: Mello Reis.

Em janeiro de 1993, quando iniciava o meu primeiro ano de mandato como Vereador pela Câmara Municipal de Juiz de Fora, recordo que a primeira consulta que fiz no setor de arquivo daquela Casa – que muito me honrou pertencer – foi a pasta das proposições apresentadas pelo ex-prefeito Francisco Antônio de Mello Reis quando exerceu a vereança em nossa cidade, de 1971 a 1972. Tinha curiosidade com o conteúdo das propostas de sua autoria levadas ao Legislativo.

Confirmei que aquela história de que “pelo dedo se conhece o gigante” aplicava-se exatamente a ele. Seus projetos na Câmara já diziam o que ele viria mais tarde a fazer na prefeitura. Percebi uma grande preocupação com o ordenamento da cidade e a organização dos seus serviços. Chamou-me a atenção nos discursos e projetos o cuidado com o planejamento na ocupação do solo.

Era adolescente quando Mello ocupou por seis anos a prefeitura. Recordo que andar pela cidade naquele período era um exercício de paciência e aventura, devido à movimentação de máquinas e homens em serviço. Foi um tempo de transformações impressionantes.

Seu legado hoje é encontrado por toda parte: padronização da frota de táxis e modernização do transporte coletivo; nova Avenida Rio Branco com faixa exclusiva central para os ônibus, mergulhão e a duplicação da ponte Pedro Marques no Manoel Honório; início das obras da atual rodoviária; CEASA; reforma do Parque Halfeld; lei de tombamentos; código de obras; implantação da Paraibuna de Metais e da Siderúrgica Mendes Júnior (eu me lembro de um desfile de máquinas gigantescas passando pela cidade em direção ao canteiro de obras em Dias Tavares); Parque da Lajinha e o acesso do bairro Teixeiras à BR040; início das obras do Teatro Paschoal Carlos Magno; FUNALFA; DEMLURB; extinto IPPLAN; CESPORTE; e se andarmos pela maioria dos bairros da cidade vamos encontrar realizações de seu tempo, como escolas, unidades de saúde, praças, centros comunitários, escadões, extensões de rede de água e coleta de esgoto, eletrificação, canalização de córregos, pontes, drenagem e pavimentação de ruas que eternizam sua trajetória como homem público, fazendo dele um dos maiores prefeitos que Juiz de Fora conheceu.

Acompanhamos sua luta pela transformação do nosso Museu Mariano Procópio de Departamento a Fundação, quando estivemos juntos trabalhando na FUNALFA. Quanta generosidade com o município! Que demonstração de amor à cidade! Um ex-prefeito e ex-Deputado Federal aceitando o desafio de mais uma vez servir ao lugar que tanto amou, doando sua experiência no exercício de diretor de um departamento municipal! Foi um tempo de grande aprendizado para quem com ele conviveu. E mais uma vez, Mello Reis assina seu nome no início das reformas da casa de Mariano e na entrega à cidade de um dos seus mais significativos e belos espaços públicos: o novo Parque do Museu Mariano Procópio.

Juiz de Fora deve muito a Mello Reis, e é preciso que seu nome não seja esquecido. E que venha a batizar edificações ou lugares fazendo com que as próximas gerações conheçam e admirem seus feitos e exemplo. Creio que o texto bíblico do livro de Deuteronômio se aplica bem ao seu legado: “Os marcos deixados pelos antigos não devem ser removidos.”

Obrigado, Mello Reis! Um grande amigo que a vida pública me fez conhecer.




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