Neste artigo, quero contar um pouco da história de um conspirador, companheiro de Tiradentes, que nasceu em nossa cidade: Domingos Vidal Barbosa Lage. Filho de Antônio Vidal e Maria Tereza de Jesus, Domingos foi o primeiro médico e primeiro poeta de Juiz de Fora, onde nasceu em 1761, em Chapéu D’Uvas (antiga Nossa Senhora da Assunção do Engenho do Mato e que, hoje, é o bairro Paula Lima).Seu pai foi proprietário da Fazenda do Juiz de Fora, adquirida em 1738.
Estudou em São João del Rei e no Rio de Janeiro. Formou-se na Faculdade de Medicina de Bordeaux, na França, em 1785. Em cidades francesas conviveu com intelectuais brasileiros entusiastas do movimento de libertação da então colônia portuguesa. Alguns historiadores defendem que Domingos nessa ocasião conheceu o estadista americano Thomas Jefferson. Envolvido nos ideais da conjuração, Domingos foi preso, julgado e condenado ao exílio. Morreu de malária contraída durante seu degredo em Cabo Verde, em 1793.
Em 1999, quando era Vereador em nossa cidade, ao tomar conhecimento que suas ossadas – repatriadas em 1934 – estavam sob análise da Universidade de Campinas (UNICAMP), sugeri à Prefeitura – às vésperas do sesquicentenário de criação do Município – a identificação do traçado do Caminho Novo nos nossos limites (com a revitalização dos trechos ainda originais) e a construção de um panteão para receber os restos mortais doinconfidente da terra. A seguir, soube que o trabalho científico seria muito demorado e, uma vez confirmada a identificação dos corpos, as ossadas passariam a integrar a sala destinada ao panteão dos mártires no Museu da Inconfidência em Ouro Preto.
Com a conclusão de todo o processo investigatório, finalmente a lápide – reservada desde 1942 – recebeu seus restos mortais, junto com os de outros inconfidentes mineiros: José de Resende Costa e João Dias da Mota, também condenados ao exílio em solo africano pela participação na Inconfidência Mineira.
Estive presente na solenidade, a convite acompanhando o então vice-prefeito Eduardo de Freitas, e sendo um dos representantes da cidade quando ocorreu a cerimônia de incorporação das ossadas ao Panteão. Foi em 21 de abril de 2011, com participação da presidente Dilma Rousseff, da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/Ministério da Cultura), José do Nascimento Junior, e do diretor do Museu da Inconfidência, Rui Mourão, além do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia.