Após o aumento na taxa de emprego em fevereiro, a economia brasileira voltou a demitir mais do que contratar no mês de março. O comércio é o setor que mais se destaca negativamente. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), das 63.624 demissões ocorridas no período, 33.909 se referem à categoria. Desde o inicio de 2017, mais de 1200 trabalhadores do comércio de Juiz de Fora perderam seus empregos.
Para o Vice-presidente do Sindicato de Empregados no Comércio de Juiz de Fora, Wagner França, a situação da cidade é preocupante, chegando a ser mais grave que em outros municípios. “Precisamos entender que o problema não está relacionado apenas ao fato de vivermos uma recessão e sim, por estarmos perdendo postos de trabalho”, comentou.
O representante do Sindicato chama atenção para o grande número de empresas do comércio que fecharam as portas na cidade. Um exemplo é a Pavan, estabelecimento de materiais de construção que após 60 anos, demitiu cerca de 130 funcionários recentemente. “Temos que colocar o dedo na ferida, pois há 25 anos a cidade vem perdendo vários postos de trabalhos com o fechamento de indústrias e ninguém observa isso”, ressaltou.
França destacou, também, que nos últimos 25 anos, a população aumentou e a cidade não se estruturou para acompanhar esse crescimento. Outro fator que impactou no fechamento das fabricas é o valor dos impostos, consideravelmente alto para os padrões dos comerciantes da cidade. “Temos um campo universitário espetacular que atrai estudantes de diversas regiões. A cidade não se preparou para receber essas pessoas que precisa se alimentar, se vestir e trabalhar e acaba disputando o posto de trabalho com quem nasceu e mora aqui”, reforçou. “Além disso, a carga tributaria é muito grande. O empresário que abre uma empresa na cidade aluga o imóvel por um preço absurdo e passa aperto para manter a loja aberta. Inclusive, em alguns casos, impede que ele negocie um salário mais digno para o trabalhador”, completou.
Wagner alerta, ainda, que por mais que difícil seja a retomada do setor é necessário realizar ações e buscar a mudança. “Hoje é muito difícil falar de uma força tarefa para trazer mais indústrias. No entanto, precisamos solucionar esse problema e não abaixar a cabeça. A primeira medidas deve ser adotada pelo governo. Talvez, aliviar a carga tributaria para facilitar a vida do empresariado. Temos que achar meios de atrair novas vagas de emprego. O comércio está estagnado, não se vende, muito menos se contrata”, finalizou.