Uma nova maneira de pagar a fatura do cartão de crédito entra em vigor em todo o país, nessa segunda-feira, 3. De acordo com as novas regras, sempre que o consumidor entrar no crédito rotativo, depois de 30 dias, o banco terá de oferecer ao cliente um parcelamento do saldo devedor. É possível também fazer o pagamento à vista.
O economista, André Zuchi, ressaltou que a intenção do governo ao promover as alterações é reduzir o risco de inadimplência. “A taxa de inadimplência para esse tipo operação é muito alta, superior a 5%. A nova metodologia de crédito vai proporcionar taxas melhores e mais baixas”, explicou.
Alguns especialistas afirmam que as alterações dificilmente diminuirão a falta de pagamento das dívidas. Afinal, por mais que o valor total seja reduzido, as parcelas mensais acabarão sendo iguais ou até mesmo maiores do que o valor mínimo da fatura. Ou seja, no orçamento mensal do consumidor, a diferença será quase que imperceptível.
Segundo o economista, a saída é que o consumidor se organize. “As pessoas devem se programar e evitar compras que não poderão pagar ao vencimento da fatura. O ideal é o pagamento integral da fatura, sem a necessidade de financiar”, destacou Zuchi. “O uso do cartão de crédito exige certos cuidados. Ele estimula as pessoas a comprarem e com isso, elas não fazem planejamento financeiro adequado e necessário para evitar surpresas no recebimento da conta”, completou.
Zuchi orientou, também, que as pessoas endividadas podem optar por um financiamento da dívida ou outras formas de crédito com taxas mais baratas e evitar que o problema se transforme em uma bola de neve. “As opções podem ser a negociação do débito ou pegar um empréstimo em outro banco com taxa de juros menores para quitar a despesa. Essa modalidade serve principalmente para as pessoas que não conseguem fugir da dívida do cartão”, alertou.
É importante que as despesas no cartão de crédito não extrapolem 30% dos ganhos mensais, justamente para evitar o descontrole financeiro.
TAXA DE JUROS
O Banco Central (BC) Informou nessa quarta-feira, 29, que os juros rotativos do cartão de crédito em fevereiro recuaram e chegaram a 481,5% ao ano, após atingir o recorde de 486,8% ao ano, no mês de janeiro. A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas ficou em 5,9%, com queda de 0,1 ponto percentual. “Apesar do valor da taxa ter caído, ela continua alta. Isso quer dizer o seguinte: Para cada real que o consumidor fica devendo ao longo do ano, no fim desse período, ele passará a dever R$5,80. É impossível pagar uma dívida que chega a esse nível. Ainda mais com essa questão do desemprego no país”, ressaltou o especialista.
O BC divulgou, também, que taxa do crédito parcelado subiu 1,6 ponto percentual e ficou em 163,5% ao ano. Já a tarifa do cheque especial caiu 1,3 ponto percentual e foi para 327% ao ano, de janeiro para fevereiro.
A taxa média de juros para as famílias subiu cerca de 0,5 ponto percentual em relação a janeiro e passando a ser 73,2% ao ano, em fevereiro. Enquanto a taxa de inadimplência das empresas caiu 0,2 ponto percentual para 5,2%. A taxa média de juros cobrada das pessoas jurídicas caiu 0,1 ponto percentual para 28,7% ao ano.
ENTENDA AS MUDANÇAS
Atualmente, o consumidor deve fazer o pagamento mínimo que corresponde a cerca de 15% do valor da fatura, até o seu vencimento para não ficar inadimplente. O restante da dívida, acrescido de juros, é cobrado no mês seguinte e o usuário pode fazer o pagamento mínimo novamente, mês a mês, gerando a famosa “bola de neve” do rotativo do cartão de crédito.
Com a mudança, a partir de 3 de abril, o consumidor só poderá fazer o pagamento mínimo por um mês. Depois disso, o banco ou a instituição financeira será obrigada a oferecer uma linha de crédito para que parcele o saldo devedor com juros menores do que os do rotativo, gerando uma dívida total menor. “Acho que essa mudança vai beneficiar tanto a instituição financeira quanto o consumidor. Essa alteração faz com que cliente se organize e utilize o ‘dinheiro de papel’ com mais consciência”, finalizou.