Um registro da revolução por meio da arte em “Tropicália ou Tropicanalha”

No imaginário coletivo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé talvez figurem entre os nomes mais lembrados da Tropicália, movimento que imprimiu na história a revolução não só da música, mas de outras formas de arte. Entretanto, a explosão do movimento da poesia marginal, da música, do teatro e das artes plásticas, que teve início em 1967, emplacou na história muitos outros nomes, como o de Oswald de Andrade, célebre escritor escolhido para ser o fio condutor do espetáculo teatral Tropicália ou Tropicanalha. A peça, resultado do Mergulhão Teatral realizado em março deste ano pelo Grupo Divulgação, será apresentada nesta sexta-feira, 31, às 20h30, no Forum da Cultura (Rua Santo Antônio, 1.112, Centro), com entrada franca.

“O espetáculo foi concebido em comemoração aos 50 anos da Tropicália. É importante resgatar o tema, pois trata-se de um movimento que mudou o Brasil, revelando grandes nomes da música e da poesia”, avaliou José Luiz Ribeiro, diretor da produção, ressaltando que durante o processo de construção da peça foram incluídos muitos movimentos cênicos e coreográficos. “É uma espécie de coro grego com cenas que ilustram a importância da Tropicália até chegar nos dias atuais”. Conduzindo parte considerável da narrativa, Oswald de Andrade será apresentado ao público dentro do contexto do movimento antropofágico, que teve origem em manifesto literário promovido pelo escritor paulista em 1928.

Ao reunir no palco 16 atores veteranos do Grupo Divulgação e outros 24 jovens que participaram do Mergulhão, o espetáculo retrata os cenários de resistência à opressão que marcaram o movimento artístico desenvolvido em meio a um governo ditatorial. “Porém, a encenação dessa luta ocorre de forma bem humorada”, enfatizou o diretor e roteirista do espetáculo, que ainda incluiu no texto da peça a representação do samba da Portela e citações de Macunaíma (1929), célebre obra literária de Mário de Andrade.

Integrando a ficha técnica está a veterana do teatro juiz-forano Márcia Falabella na preparação vocal. A iluminação é assinada por Victor Dousseau. Tropicália ou Tropicanalha é, sobretudo, o resultado de um trabalho desenvolvido por meio da dança, onde o corpo é linguagem que seduz, ensina, transforma e politiza.




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