A Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou no boletim epidemiológico dessa quinta-feira, 26, que até o momento, foram notificados 486 casos suspeitos de Febre Amarela, sendo que desses 19 já foram descartados, e 84 confirmados. Em relação aos óbitos, há 97 suspeitos. Desses, 40 foram confirmados.
De acordo com a Agência Brasil, um grupo de especialistas de diferentes estados do Brasil está se articulando para investigar a relação entre o surto de febre amarela e a degradação do meio ambiente. A febre amarela é uma doença de surtos que atinge, repentinamente, grupos de macacos e humanos.
“Na natureza temos dois ciclos de transmissão. A doença é transmitida em áreas rurais e silvestres pelo mosquito Haemagogus. É uma doença de interior de floresta, por isso, os macacos estão mais suscetíveis. A transmissão em área urbana, pode ser feita pelo Aedes aegypti, o mesmo da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunya”, explicou o professor do Curso de Ciências Biológicas do Centro de Ensino Superior (CES/JF), Rogério de Oliveira. No entanto, não há registros no Brasil de transmissão da febre amarela em meios urbanos desde 1942. No surto atual, nenhum dos casos confirmados e suspeitos em Minas Gerais são urbanos.
De acordo com o professor, evidências científicas mostram que florestas saudáveis com a biodiversidade elevada dificultariam a proliferação do vírus. “Isso não quer dizer que o surto não aconteça, mas sua intensidade pode ser menor em um meio ambiente preservado”, disse Oliveira. “Os macacos são sentinelas. Se eles começarem a morrer devido à proliferação do vírus, é um sinal de que a doença chegará aos seres humanos”, acrescentou.
Outra hipótese, disse o professor, é que o desmatamento ao longo dos anos deixou as espécies de macacos em espaços concentrados nas florestas, causando alguns problemas ecológicos. “O sistema ecológico empobrecido aumenta a proliferação do mosquito. Mosquitos infectados encontram populações grandes de macacos em pedaços da mata isolados, podendo causar o início de um surto”, ressaltou.
Para reverter esse quadro, o especialista frisou a necessidade de que as florestas mantenham uma diversidade de frutos, sombras e se preservem sem poluição. “Esses macacos vão se desenvolver mais saudáveis e com o sistema imunológico mais forte, assim se tornarão mais resistentes a doença”.
Segundo Oliveira, há pesquisadores que acreditam que a tragédia de Mariana poderia ter influência neste surto. “Podemos pensar nessa situação com multifatores. A gente sabe que mudanças bruscas no meio ambiente impactam na saúde dos animais. Esse estresse ambiental reflete na falta de alimentos e esse animais, em grupos isolados, ficam mais suscetíveis à doença devida à falta de diversidade genética”, falou o professor.
VACINAÇÃO
De acordo com o professor, o país não tem uma boa cobertura vacinal. “Para ter controle de uma doença, temos que ter um índice de imunização de aproximadamente 80%. Nos últimos anos, esse valor tem sido baixo. Em Minas Gerais 53% da população foi vacinada”, falou, sugerindo que as campanhas fossem mais intensas nos locais onde a população está mais exposta.
A cidade ainda não registrou nenhum caso, mas o professor frisou que neste período de férias, com aumento da circulação das pessoas, é importante que as pessoas que pretedem viajar se vacinem, afinal, a febre amarela é uma doença sazonal (com ápice de janeiro a abril) e os surtos estão concentrados em algumas regiões, como a divisa de Minas Gerais com Bahia. “Por lá, há mais de 40 cidades em situação de alerta”, lembrou.
Além das Uaps, as doses estão disponíveis no Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente (DSCA), na Rua São Sebastião, 772, e no setor de imunização do Posto de Atendimento Médico (PAM) Marechal, na Rua Marechal Deodoro, 496, 3º andar. A SS lembra à população a necessidade de ter a caderneta de vacinação em dia, com todas as imunizações preconizadas pelo Ministério da Saúde, como a principal forma de proteção contra diversas doenças.