Se ao entrar no quarto do seu filho você encontrá-lo brincando com um amigo imaginário, não se assuste. Esse tipo de comportamento é bem comum dos quatro aos seis anos e demonstra que o pequeno tem uma boa capacidade de imaginação e criatividade. “Faz parte do desenvolvimento infantil. É a fase em que a imaginação está aflorando e a crianças estão descobrindo o mundo imaginário”, esclarece a psicopedagoga Vivian Werneck.
A especialista afirma que não há um motivo específico que leva a criança a criar um amigo imaginário. Segundo a psicopedagoga, ela precisa de alguém que reforce os seus pensamentos, dizendo o que ela quer ouvir e/ou que esteja presente quando ela desejar. “As pessoas acreditam que as crianças que criam amigos imaginários não gostam de socializar, mas é o contrário. Ela gosta tanto que quando está sozinha, quer alguém com ela”, explica.
Apesar de ser um comportamento saudável, Vivian ressalta que não quer dizer que os pais não precisam observar a criança. “Não pode se desmerecer desse amigo imaginário. Os pais precisam buscar saber quem ele é e o que ele pensa, porque o pensamento do amigo imaginário é o pensamento do próprio filho”, diz a especialista. “O amigo imaginário é um recurso para que os pais consigam interagir com a personalidade, com os pensamentos e com as vivências emocionais pelas quais o filho está passando naquele momento”.
O ponto negativo, de acordo com a especialista, seria se esse amigo imaginário está afastando a criança das demais. “Se a criança não quer brincar com as outras e só quer socializar com o amigo imaginário, aí sim é um ponto negativo. Mas não é comum de acontecer, porque a criança que cria um amigo imaginário também tem facilidade de socialização”, explica a especialista, ao afirmar que os pais também devem acompanhar a intensidade da relação da criança com o amigo imaginário e como ele influencia o comportamento dela.
“Se os pais tiverem algum tipo de dificuldade, devem procurar um profissional, como um psicólogo, que faça atendimentos infantis. Ele irá aconselhar os pais e acompanhar a criança, pois cada caso é um caso”, destaca. No entanto, os pais devem saber como agir. “É preciso conhecer esse amigo imaginário, pois não dá para chegar e agir como se ele não existe. Os pais devem aprender a lidar com ele e saber que uma hora ele vai ‘embora’. Mas aconselho que os pais não fiquem presos a esse momento, e sim à intensidade de como esse amigo imaginário vem intervindo na vida da criança”, conclui.