A Bíblia fala muito sobre a morte, porém, até pouco tempo não possuíamos as condições adequadas para compreendê-la, por isso muitas doutrinas se equivocaram flagrantemente.
É verdade que os segredos de Deus são inalcançáveis pela razão humana. Porém temos a sorte de viver nesta geração onde a própria ciência conseguiu arranhar alguns mistérios do Eterno relacionados ao tempo. Me refiro à ‘teoria da relatividade’.
Hoje sabemos que o tempo é relativo, ele não é um contínuoque tem início, meio e fim idêntico em todas as dimensões ou circunstâncias. A natureza lida com o tempo de uma maneira diversificada, seu comportamento pode variar dependendo de certas condições. Ora, se o tempo varia nesta dimensão que está submetida às leis da natureza, quanto mais se pensarmos no plano de Deus onde vige a eternidade.
Este brevíssimo parênteses serve para dizer que a relatividade nos dá uma noção muito clara do que a Bíblia diz quando explica que a morte é “um abrir e fechar de olhos”. Agora podemos ter uma ideia aproximada do que significa fechar os olhos aqui e agora e reabri-los “naquele dia”.
Quando morremos somos remetidos imediatamente a um ponto no tempo que a Bíblia anuncia como sendo o “dia do julgamento final”. Não importa quando a pessoa morreu ela pode ter morrido em 3.000 a.C. ou ontem, independente do momento da morte todas as pessoas são remetidas para aquele mesmo momento instantaneamente. Fecha os olhos num hoje qualquer para reabri-los no mesmo amanhã.
Portanto, aquele que morre, nem percebe que se passaram anos, ou séculos, ou até mesmo eras, ele simplesmente fecha os olhos cercado de seus queridos e ao abri-los encontra os mesmos entes ao seu redor. Quando fechou o olho, estava cercado pelos seus ou, pelo menos, tinha a memória deles ou estava indo ao seu encontro, quando abre ele os reencontra do seu lado direito, do seu lado esquerdo, todas aquelas mesmas pessoas queridas estão exatamente ao seu redor. Para a pessoa que se foi, a sensação é de que não passou nenhum único segundo e ela já está mais uma vez acomodada entre aqueles que ama.
Quem vai não sente nenhum segundo de tristeza, a despedida é, portanto, um desafio para nós que ficamos, pois nós continuamos sentindo os efeitos do tempo como um contínuo: mês após mês, ano após ano, década após década. Para quem se foi, não passou sequer um único segundo. E hoje podemos compreender claramente isso quando aprendemos na física sobre a relatividade temporal.
Agora faz todo o sentido porque a Bíblia fala, por exemplo, que não devemos buscar conversar com mortos (Lv 20.27; Is 8.19)) o que chamamos de necromancia é inútil e que esses mesmos mortos não ouvem coisa alguma (Ec 9.5)). Claro que não! Eles não estão em algum limbo escuro, não estão aguardando nada em lugar nenhum. Cada pessoa que morreu está neste momento junto com cada outra pessoa que ficou, todos unidos numa linda confraternização diante do Trono de Cristo!
Então, como devemos proceder? Primeiro, buscar a Deus o quanto antes para nos prepararmos para as despedidas que teremos que vivenciar, para aprendermos a viver no amor o tempo todo, largando as mágoas que mais tarde podem produzir remorso. Aos pés de Cristo adquirimos a compreensão dos Planos Eternos e da vontade de Deus que a Bíblia nos ensina ser inequivocamente boa, perfeita e agradável (Rm. 12.2). Se é uma vontade boa, perfeita e agradável, não coaduna com a dor desmedida, com o pranto desesperado, nem com quaisquer gritos de terror.
Se sabemos para onde vamos, não temos medo da jornada. Se sabemos onde os nossos entes queridos estão, não os procuraremos onde não devemos procurar. Apenas nos abrigamos sob as asas de Deus e recebemos o Espírito Santo consolador em nossos corações para continuar a jornada, até que chegue o nosso próprio instante de fechar os olhos. Seguimos a vida com a certeza de que, em algum momento, vamos nos reencontrar e que este reencontro será uma festa, pois todos aqueles que receberam Jesus terão de Jesus a grande convocação:
“Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25: 34).