Por que as mentes têm adoecido?

Uma epidemia se alastra e a nossa sociedade está doente!

A civilização conseguiu superar muitas das mazelas do passado, hoje em dia, por exemplo, é menos comum que as pessoas morram por patologias que antigamente ceifavam a vida de comunidades inteiras. A medicina trouxe os remédios, os exames, os procedimentos cirúrgicos e as novas terapias. O desenvolvimento tecnológico garantiu a ampliação da produção ao ponto de que, atualmente, a humanidade fabrica muito mais do que consome. A produção agrícola é suficiente para alimentar todo o mundo, se não houvesse concentração de riquezas, não haveria falta de viveres básicos para nenhum ser humano.

No entanto, as pessoas estão adoecendo. Não das velhas e conhecidas patologias, mas de um conjunto novo de males que não acometem o corpo, mas a alma.

Um dos mais soturnos problemas da atualidade se alastra pelo mundo invisível que viceja no interior do indivíduo, devorando a alma e afetando gravemente a sua mente. A assombração da geração atual são os males psicológicos, os silenciosos tormentos mentais.

Pensando nas realidades laborais, por exemplo, verifica-se a instabilidade como marca do tempo tecnológico, no qual profissões são extintas, substituídas por novas ocupações que emergem tornando pessoas obsoletas. Antigamente os indivíduos trabalhavam no mesmo ofício, na mesma tarefa, executando as mesmas funções durante décadas, muitos eram contratados e se aposentavam no mesmo posto de trabalho. Hoje em dia isso não existe mais. Profissões que se perdem, se desvanecendo na nuvem de transformações históricas que se processam em alta velocidade.

Os padrões de consumo e beleza causam outra ordem de severos danos à personalidade daqueles que se expõem nas redes sociais. Atualmente, os seres humanos acompanham as vidas uns dos outros alimentando comparações indevidas. Sempre espelhando pessoas diferentes para expor dessemelhanças. Se martirizam quando encontram alguém mais magro, mais esbelto, mais bonito, mais inteligente, mais querido, mais rico, … O resultado é que as pessoas cada vez se sentem menos confortáveis consigo mesmas e desejam cada vez mais se tornarem o que não são.

O mesmo problema se aplica às antigas hierarquias que se perderam no lar, na escola, na igreja,… nada é mais como era. Agora a única certeza é de que tudo se tornou relativo. As âncoras do passado se romperam e as pessoas estão flutuando rumo ao desconhecido.

Onde reside a raiz desse mal?

São inúmeros ingredientes misturados.

Obviamente tem a ver com a realidade aberta pela terceira revolução industrial e pela integração de um mundo sem fronteiras relevantes e com menos barreiras efetivas. O aumento das interações através das redes sociais e a padronização do consumo e dos desejos nos deu a impressão de que fomos transportados para um novo mundo.

E isso produziu um novo e preocupante componente: os mecanismos de desencaixe. Ou seja, a ilusão trazida pelo turbilhão de novidades, gerou uma sociedade que não se importa com o passado, convictamente crente de que tudo o que passou é arcaico e obsoleto.

Numa sociedade sem alicerces, tudo se pulverizou. Nada é estável, nada é certo, nada é permanente, nada é resistente. Parafraseando Karl Marx: tudo o que um dia foi sólido, se desmanchou no ar.

O resultado é o desaparecimento das forças gravitacionais que mantinham as mentes conectadas à realidade, sem isso, elas levitam e se perdem. Sem saber para onde estão indo ou não tendo ideia do que ocorrerá nos próximos segundos, ficam à deriva, desconfiadas e inertes em relação ao seu próprio destino. Consequentemente são tomadas pelo medo que é a mais natural reação do ser humano quando se depara com o desconhecido. Nada se sabe sobre nada, tudo se tornou aterrorizantemente relativo.

E como lutar contra a patologia derivada do tempo presente? Como lidar com a ansiedade, com os tormentos gerados por esse mundo em constante transformação? Pesquisadores do mundo inteiro, das mais diferentes disciplinas têm se debruçado sobre o assunto. Por isso, é com muita humildade que, no próximo artigo, me arriscarei a apresentar um prognóstico diante desse nebuloso diagnóstico.




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