A antropologia é ao mesmo tempo uma ciência autônoma e um dos ramos das Ciências Sociais, (juntamente com a sociologia e com a ciência política). Seu objeto de estudo é o ser humano e sua abordagem tende a ser o mais totalizante possível, o que envolve diferentes dimensões como aspectos biológicos, sociais, culturais, religiosos, históricos dentre outros.

Via de regra, essa disciplina tende a buscar captar e descrever a diversidade humana manifestada em diferentes sociedades, analisando formas de organização, hierarquias, práticas culturais, crenças, valores compartilhados e hábitos coletivos.

A origem da antropologia, antes de se consolidar como ciência especial, remonta à Europa do século XVIII, no contexto das expedições exploratórias europeias em partes consideradas por eles remotas do globo. No século XIX, a antropologia começou a se consolidar como uma disciplina autônoma destacando os trabalhos de Franz Boas, considerado o pai da antropologia moderna, que defendia a importância do estudo das culturas em sua totalidade, rejeitando o paradigma em voga fortemente marcado pelo determinismo biológico e racial.

Do século XX para cá, a antropologia se expandiu, diversificou e surgiram várias correntes teóricas e metodológicas. Como principais expoentes destacam-se: Bronisław Malinowski, pioneiro na etnografia e na abordagem funcionalista. Claude Lévi-Strauss que ficou conhecido por ter desenvolvido a antropologia estrutural. Clifford Geertz notabilizado por seu trabalho no campo da antropologia interpretativa. Marshall Sahlins que tem desenvolvido a teoria da reciprocidade em oposição crítica à visão ocidental de progresso e desenvolvimento.

A antropologia bíblica, por sua vez, é um campo de estudo que se dedica a analisar as concepções sobre o ser humano presentes na Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Seu interesse é basicamente compreender, com base nas Escrituras, a constituição e natureza humanas, as relações entre o homem e Deus, o indivíduo e a sociedade e as implicações éticas de ambas interações.

Já a antropologia cristã, como um ramo específico da antropologia bíblica, ou sua subárea, é um campo de estudo que se dedica a compreender a visão especificamente cristã sobre as mesmas temáticas abordadas pela antropologia bíblica. Ela parte do pressuposto de que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, com uma dignidade intrínseca e um propósito divino. Considera que o ser humano é uma criação especial, dotado de razão, livre-arbítrio e capacidade de se relacionar com Deus, com os outros seres humanos e de exercer domínio sobre a natureza. Observa que a condição original foi perdida com a introdução do pecado e que a principal consequência da queda, foi a sua separação com Deus. No entanto, enfatiza também a crença na redenção e na salvação através de Jesus Cristo, que oferece graciosamente a possibilidade de restauração da relação com Deus e a regeneração de sua natureza caída.

A antropologia cristã também se dedica a temas sociais e éticos, em geral advogando em favor da existência de uma razão de ser das coisas e afirmando verdades eternas e transcendentes, jamais relativizadas ou culturalmente determinadas. Realça a importância do amor, da justiça, da compaixão e do serviço ao próximo como expressões concretas da fé cristã.

Uma vez apresentado este campo de reflexão pouco conhecido, a partir da semana que vem dedicarei os próximos artigos a abordar a constituição do ser humano, transitando por sua dupla dimensão (tangível e intangível) e pela sua tripla constituição (espírito, alma e corpo), a fim de contribuir para uma visão completa sobre nós mesmos. Não percam!




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