Segundo informações do site da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), foi sancionado na manhã desta sexta-feira, 29, o projeto de lei que nomeia o viaduto Roza Cabinda, localizado na Rua Benjamin Constant, no Centro, o primeiro da cidade a homenagear uma mulher. Roza Cabinda foi a primeira negra que utilizou a Justiça para obter sua liberdade em Juiz de Fora, em 2 de julho de 1873. A personalidade juiz-forana também dá seu nome a uma medalha, criada no município em 2018, idealizada por coletivos feministas locais, para ser outorgada apenas a mulheres por seus feitos na sociedade.
De acordo com a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, este é um momento histórico para a cidade. “Fazer esse movimento de busca ativa da igualdade entre seres humanos, buscar honrar os direitos humanos e, basicamente, lutar contra o racismo, é uma tarefa de qualquer gestor público que tenha compromisso democrático. O nome de Roza Cabinda tem muita potência. Essa mulher, valentemente conquistou sua liberdade na justiça. É uma satisfação muito grande reverter esse movimento de esquecimento deliberado de uma parte da nossa história. Roza Cabinda merece ser homenageada porque ela é um exemplo de luta, de persistência e coragem,
De acordo com o Secretário Especial de Direitos Humanos (SEDH), Biel Rocha, “todos os viadutos de Juiz de Fora ou as grandes obras têm nomes de homens. Roza Cabinda lutou, trabalhou e viveu do outro lado do rio, onde estava a maior concentração de negras e negros escravizadas na cidade e esse viaduto liga os dois lados da cidade. Este é um desejo da cidade, dos movimentos, do Conselho Municipal para a Promoção da Igualdade Racial. Hoje, temos um dos principais viadutos da cidade chamado Roza Cabinda.
Para a Vereadora Laiz Perrut “ Roza Cabinda representa uma questão de memória e temos falado que memória é poder. Importante dar homenagem a quem de fato merece ser homenageado. São essas mulheres, como Roza Cabinda, que construíram a nossa cidade”.
De acordo com o presidente do Conselho Municipal para a Promoção da Igualdade Racial (Compir/JF), Paulo Azarias, é uma oportunidade única participar deste momento na história da cidade. “Nós temos dois nomes que foram levantados pelo movimento negro: o de Negro Theóphilo e o de Roza Cabinda. Este é o momento de resgatar a memória social negra na cidade. Importante destacar também que a prefeita já fez várias ações e decretos com relação à saúde da população negra, com a liberdade religiosa, e acreditamos que a gente possa avançar muito mais no sentido de resgatar a história efetiva, recontando a história do povo negro de Juiz de Fora, e o viaduto é um passo importante nesse processo”.
Roza Cabinda foi escrava do comendador Henrique Guilherme Fernando Halfeld, lutou incessantemente por sua liberdade. Com base na Lei do “Ventre Livre”, a escrava decidiu obter a alforria mediante a oferta de indenização. A memória de Roza Cabinda estimula, até os dias atuais, o debate sobre a história dos anônimos para a história oficial.