Fórum reúne segurança, justiça, assistência, saúde, direitos humanos e sociedade civil em nome da proteção à mulher

Segundo informações do site da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), um dia inteiro de atividades voltadas para a troca de conhecimento sobre o enfrentamento à violência contra a mulher. Assim foi o Fórum Violência Contra a Mulher: Múltiplos Olhares, Desafios e Perspectivas, que aconteceu nesta quarta-feira, 22, promovido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Lideranças e profissionais de diversas áreas apresentaram suas experiências, num esforço conjunto para traçar novos caminhos no atendimento às vítimas de violência doméstica e familiar.

Participaram da mesa de abertura do evento a vereadora Laís Perrut; a presidente do Conselho da Mulher, Sônia Parma; a coordenadora da Casa da Mulher, Fernanda Moura; a chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, Flávia Murta; a coordenadora de Políticas para Mulheres da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Samara Miranda, e a secretária de Segurança Urbana e Cidadania, Letícia Paiva Delgado.

Dominado pela presença feminina, as palavras de ordem do evento convergiram para a integração e a intersetorialidade. Repetidamente, as convidadas usaram os termos, reforçando a necessidade de organização de um trabalho conjunto entre instituições e serviços para a melhoria do apoio e atendimento à mulher. “A gente precisa trabalhar a visibilidade desse problema de forma interinstitucional”, afirmou a juíza da Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Maria Cristina Trulio.

Os múltiplos olhares propostos pelo encontro expuseram a realidade da mulher submetida às diversas formas de violência, seja ela física, psicológica, patrimonial, sexual ou moral. Em seu relato potente, a militante do Coletivo Vozes da Rua, Adenilde Petrina Bispo, lembrou a violência que muitas vivem sem perceber. “Certa vez perguntaram para uma mulher o que ela achava de ser mulher. Ela respondeu: ‘eu trabalho tanto, chego em casa, tenho que cuidar de filho, tenho que dar conta de tudo na casa, cozinhar, buscar marido no botequim, é tanta coisa que eu não tenho tempo pra pensar o que é ser mulher’”, relatou, escancarando a anulação de identidades femininas pela carga de obrigações imposta pelo dia a dia.

A chefe do Núcleo de Estudos, Prevenção e Atenção às Violências do Distrito Federal, Leciana Lambert Filgueiras, apresentou dados apurados pelo setor. Entre as ferramentas desenvolvidas, chamou a atenção o violentômetro, espécie de índice que indica os sinais gradativos da violência doméstica. O sinal de alerta amarelo vai de um ignorar, ofender ou proibir, passando para laranja, com ações de caráter físico, como destruição de bens e empurrões, por exemplo, até atingir o ponto vermelho, quando o abuso, o espancamento, a lesão corporal grave já estão presentes, sendo um passo para o feminicídio. Ela mostrou como funciona o ciclo de violência em que o casal começa com ameaças, acumulando tensões, havendo medo pelo controle e autoridade excessivos, até a explosão violenta. Em seguida, vem o arrependimento, o pedido de desculpas, com promessas, que abrem o caminho para o recomeço do ciclo de ameaças, dominação e agressão.

A gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde, Louise Cândido, apresentou aos participantes os dados do primeiro Boletim de Vigilância das Violências, produzido a partir dos registros da ficha de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) dos serviços municipais de saúde entre os anos de 2017 e 2021. Os resultados não retratam o cenário absoluto da violência na cidade. São apenas o recorte apurado pelas notificações feitas no atendimento da saúde no período. Veja mais informações aqui

Ainda foram apresentados, durante o evento, o funcionamento da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD) da Polícia Militar, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), do Ministério Público, da Defensoria Pública, de programas de prevenção, da Casa da Mulher, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), da Secretaria de Assistência Social (SAS) e o serviço prestado às vítimas de violência sexual pelo Protocolo de Atendimento ao Risco Biológico e Sexual (Parbos) da Secretaria de Saúde (SS).




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