Ainda sobre deveres e autoridades

Continuando a reflexão sobre as autoridades tal como exposto no capítulo 13 de Romanos, vamos agora meditar sobre o versículo 2 que ensina:

“Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos” (Romanos 13: 2).

As palavras continuam no mesmo tom do versículo 1, porém agora intimando: quem se rebelar contra as autoridades se colocará contra o próprio Deus e, portanto, sofrerá consequências.

Quando Paulo escreveu essa passagem tinha em mente, muito provavelmente, o objetivo de conter qualquer ímpeto revolucionário dos cristãos contra o Império Romano. O próprio Jesus tomou precauções a este respeito, por exemplo, ordenando que se cumprissem as leis de César:

“Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22: 21).

Ou alertando para não entrar em nenhuma aventura armada:

“Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mateus 26: 52).

Isso vale também para nós, claro, considerando um novo contexto. Perceba, por exemplo, quantos de nossos conhecidos têm se digladiando nas redes sociais por causa da política? Quanta discórdia já dividiu famílias? Quanta brutalidade tem se feito de umas pessoas contra outras e de outras contra umas? Aqueles que defendiam o governo de ontem, contra os que defendem o governo de hoje, contra os que defendem outro governo, contra os que não defendem governo nenhum…

Simultaneamente, quantos irmãos se desviam dos propósitos de Deus ao inflamar-se contra esta ou aquela legislação, contra esta ou aquela decisão judicial, como se Jesus em algum momento tivesse dito que são as leis dos homens que levam as pessoas a cumprirem a vontade de Deus.

Não importa a coloração desse ou daquele governo, não importa que a lei permita essa ou aquela conduta, não é por governo nem por lei que o Reino de Deus se apresenta, mas pela pregação do Evangelho. Uma pregação viva que começa com o exemplo de vida, passa pelas atitudes de amor e se desdobra em palavras de fé.

Se colocarmos no nosso coração a ideia simples de que as autoridades deste mundo tratam dos temas deste mundo, sabendo que estamos aqui por um breve lapso de tempo e que a nossa pátria é a pátria celestial, simplesmente não veremos sentido algum na contenda, nem nos interessaremos pela rebelião contra esta ou aquela autoridade:

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (João 18: 36).




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