“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12: 7).

O ser humano é constituído de duas dimensões, uma material e outra imaterial. Como matéria, somos corpo, como imaterial, somos espírito. O corpo físico é finito, o espírito infinito; as duas partes não formam uma dicotomia, uma contradição, mas sim uma unidade integrada que dá significado ao “eu” de cada pessoa.

As Escrituras falam de uma luta íntima entre a nossa parte corpo contra a nossa parte espírito (Rm 8.5-10) por isso alguns filósofos, especialmente sob influência platônica, insistiram na ideia de que o corpo é um problema para o espírito, pois enquanto o corpo inclina-se para o pecado, o espírito deseja a santidade.

Na verdade, o corpo precisa da matéria para manter-se funcional. A vida material necessita das coisas aqui da Terra. Por isso, ele busca satisfações que o espírito não necessita: comida, água, aquecimentos… Isso é errado? Óbvio que não! Se hidratar, alimentar e aquecer-se são necessidades que devem ser assistidas. Nisso não há contradição nenhuma com a parte espiritual. O espírito, por sua vez, dá significado ao que somos nos conectando ao Absoluto, ao Eterno, a Deus. E, por isso, dá significado ao “eu” integral, à nossa existência, física inclusive.

Portanto, a Bíblia não amaldiçoa nosso corpo, nem o define como algo ruim, ao contrário, ele foi um presente, uma dádiva magnífica que nos foi dada e que deve ser cuidado. Mais ainda, ele é tão santo que as Escrituras dizem que é potencial habitação do Espírito de Deus (1Co 3.16; 6.19). Aleluia!

Então onde reside o problema? Não é no corpo, mas no coração. Pois o corpo tem suas necessidades, mas o coração pode transformar as satisfações sensoriais (prazeres) em imperativos, em prioridade. O erro reside em colocar o “eu” a serviço dos impulsos desejosos e é nisso que o Diabo atua, maquinando estratégias para influenciar o ser humano a abandonar sua conexão com o Absoluto e dedicar a vida para perseguir a satisfação de desejos materiais e passageiros, de se perder na busca por prazeres fúteis: riqueza, prestígio, poder, …

Por esse motivo que as Escrituras nos alertam tão enfaticamente: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Provérbios 4: 23). As Escrituras nos ensinam a não deixar o coração ser contaminado, pois é dele que procedem as fontes da nossa vida, por meio dele encontramos os fundamentos de nossa existência.

Se inclinar para a carne, o ser humano se esvazia do Absoluto e se empobrece tornando-se tão somente outro animal irracional, se inclinar para o espírito, aproxima-se do Absoluto, descobre a sua razão de existir e encontra a verdadeira felicidade que é eterna tal qual é a substância da nossa parte imaterial.




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