O desafio de Cristo pela lente de Aristóteles

Mateus 5: 48. Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus. – Bíblia ARC

Essas são palavras de Jesus Cristo ao terminar a primeira parte do famoso Sermão do Monte. Observe a ordem do Mestre: “sejam perfeitos!!!”

O filósofo Aristóteles resolve o dilema do Ser de Parmênides de uma maneira bastante interessante. Diferente deste que considera impossível coexistirem Ser e Devir, inadmitindo a possibilidade de conciliar Ser e mudança, para aquele a mudança é explicada pela dupla característica de todas as substâncias dispostas no mundo: carregarem ao mesmo tempo “ato” e “potência”.

Ato refere-se ao presente, aquilo que “é” aqui e agora, potência relaciona-se ao devir, portanto aquilo que “pode ser”. Veja, poder ser não significa necessariamente que será.

Como ato, somos o que somos agora, como potência seremos outra coisa no futuro. Usando a lente de Aristóteles para interpretar a afirmação de Cristo, creio que o Rei esteja ao mesmo tempo nos informando e desafiando. Informando que carregamos a potência para sermos criaturas santas e desafiando quando nos coloca a tarefa de atualizar, fazer tal potência virar ato.

Mas como ser perfeito se somos de saída imperfeitos? Como ser perfeito, se somos pecadores? Será possível alguém se igualar a Cristo e ser tão perfeito quanto ele que é a imagem de Deus?

A resposta para a última indagação, que lança luz sobre as outras duas é não e sim!

Verdade que jamais chegaremos à estatura de Cristo, verdade também que jamais estaremos completamente isentos de tentações. É bem provável que continuaremos pecando. Então, não, não seremos como Cristo.

Porém, também é verdade que podemos melhorar a cada dia. É possível fortalecer nosso coração ao ponto das tentações que nos importunam não serem mais tentações no futuro. Também podemos pecar menos, um dia inteiro, uma semana inteira, um mês isento de pecado… ainda que continuemos suscetíveis às tentações, somos progressivamente menos transgressores. Então, neste caso, sim, sim seremos como Cristo.

O que quero dizer? A potência da santidade está em nós!

Jamais seremos como Cristo todo o tempo, mas podemos ser como Cristo por algum tempo. Jamais seremos como Cristo na intensidade de sua santidade, mas podemos ser cada vez mais intensamente a imagem de Cristo.

Então o desafio que Jesus nos faz no versículo acima é: desenvolvam o potencial que Deus lhes deu, busquem ser como eu cada vez mais, por um arco de tempo cada vez mais extenso e a cada dia com maior intensidade.

A perfeição não é o ponto de partida, como sabemos, nem um ponto de chegada, posto que é um objetivo permanente, a perfeição está no processo, na caminhada, está na disposição de não ultrapassar os limites, respeitar as balizas que nos conduz pela estrada que leva à glória eterna!

Sabemos da potência que Deus colocou dentro de nós, afinal ele nos informa que podemos ser perfeitos como Deus, mas é preciso tornar potência em ato, pois, como Aristóteles propõe, a potência só se aperfeiçoa quando se desvela em ato.

Sedes perfeitos, com o permanente propósito de querer ser como Jesus Cristo!




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