PJF conclui mês da mulher com homenagem à Eny Raymundo Moreira e exposição fotográfica

Segundo informações do site da Prefeitura de Juiz de Fora, na manhã desta quinta-feira, 31, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) homenageou a advogada militante dos Direitos Humanos, Eny Raymundo Moreira. Falecida em janeiro deste ano, a juiz-forana atuou na defesa legal de diversos presos políticos durante o período da ditadura militar. O evento foi realizado nos jardins do prédio-sede da PJF, onde foi instalada uma placa e plantada uma muda de ipê rosa para celebrar o legado da militante.
A ação integrou a campanha “Março, Mais Mulher, Mais Democracia”. Coordenada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), a iniciativa faz parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, com atividades temáticas diárias que seguiram ao longo deste mês. Outras informações no hotsite.
Para a prefeita Margarida Salomão, é necessário resgatar a trajetória de pessoas como Eny, sobretudo na atual situação do Brasil. “Hoje, encerramos o mês em que nos dedicamos a homenagear a luta das mulheres. Assim, nada mais justo do que relembrar aquela que se arriscou em tempos difíceis, quando muitos eram presos sem nem saber o porquê. Neste momento, o trabalho do advogado adquire uma aura heroica, que é a luta pelo direito quando ninguém está por ele”, destacou.
“Eny dedicou sua vida para lutar contra a tortura, denunciando os porões da ditadura. Em nome dela, plantamos esta árvore no mesmo solo no qual celebramos a memória de Marighella. Com este evento, queremos homenagear também vários brasileiros que lutaram pela democracia em nosso país”, contou o secretário da SEDH, Biel Rocha.
O procurador geral do município, Marcus Motta Monteiro, relembrou a trajetória da advogada, destacando sua coragem e vanguardismo. “A forma como ela documentou o projeto ‘Brasil: Nunca Mais’ foi genial. Na época, a legislação só permitia ao advogado manusear os processos por 24 horas. Por causa disso, ela usou fotocópias para conseguir preservar os processos dos presos políticos”.
Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Juiz de Fora (OAB/JF), Alexandre Atilio Rodrigues, a militante foi uma defensora incansável na luta pelos Direitos Humanos. “Sendo uma instituição que preza pelo estado democrático de direito, a OAB não poderia deixar de estar presente em uma homenagem como esta. Neste próximo triênio à frente da Ordem, seguiremos com o mesmo espírito aguerrido que Eny demonstrou em toda sua vida”, ressaltou.
“Tenho o maior respeito pela história da Eny. Parabéns à Prefeitura e a SEDH pela iniciativa”, afirmou a integrante da Comissão Municipal da Verdade, Helena da Mota Salles.

 

Conheça a trajetória da advogada
Nascida em 1946, Eny ingressou no curso de Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e, posteriormente, pediu transferência para a Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se formou em 1968.
Após se mudar para o Rio de Janeiro, trabalhou por 15 anos no escritório do advogado Sobral Pinto. Neste período, atuou defendendo diversos presos políticos da ditadura militar. Presa em 1969 e 1970, participou de casos importantes do Tribunal Militar em São Paulo, como os do ex-ministro, Paulo Vannuchi.
Já em 1978, fundou e presidiu o Comitê Brasileiro pela Anistia. No ano seguinte, foi uma das idealizadoras do projeto “Brasil: Nunca Mais”, evitando assim que mais de 700 processos judiciais de crimes políticos fossem destruídos com o fim da ditadura.
Entre maio de 2013 e dezembro de 2015, Eny integrou a Comissão Estadual da Verdade do Estado do Rio de Janeiro. No dia 4 de janeiro de 2022, faleceu na cidade de São Paulo, após consequências de uma parada cardíaca.

 

Exposição fotográfica 
Também na manhã desta quinta, 31, dentro da campanha “Março, Mais Mulher, Mais Democracia”, a SEDH lançou a exposição de fotos “Nada anônimas na construção da memória”, na entrada do prédio da PJF. O projeto tem como objetivo celebrar o trabalho desenvolvido por 19 servidoras da Prefeitura, com idade igual ou superior a 60 anos.
“A exposição foi uma atividade construída por várias mãos, com o apoio das funcionárias indicadas pelas secretarias. Com estas fotografias, buscamos garantir, de forma simbólica, a discussão do envelhecimento ativo e do empoderamento feminino, além de reconhecer a trajetória destas mulheres, em seus diversos papéis”, avaliou a  coordenadora de políticas para a pessoa idosa da SEDH, Maria Cristina Alves, organizadora da exposição.
A iniciativa contou com imagens captadas pelo fotógrafo da Secretaria de Comunicação Pública (Secom), Carlos Mendonça. “Foi uma experiência muito gratificante ter contribuído para esta linda homenagem. Montamos um pequeno estúdio no décimo  andar do prédio da PJF e, em um dia, produzimos as fotos. Hoje, durante a abertura da exposição, foi emocionante ver a alegria e a gratidão estampada no rosto delas”.




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