Devemos ao escritor baiano Paulo César de Araújo a iniciativa de escrever sobre a vida e a obra do cantor e compositor capixaba Roberto Carlos, certamente um dos maiores nomes da nossa MPB. Só o 1º volume contém 924 páginas, o que é um feito notável.
No livro “Roberto Carlos outra vez” (1941-1970), Editora Record, há capítulos atraentes, como “Meu pequeno Cachoeiro”, “Lady Laura”, “Parei na contramão”, “Festa de arromba”, “Como é grande o meu amor por você”, “É papo firme”, “Eu sou terrível”, “É preciso saber viver”, “Jesus Cristo” e outros igualmente de destaque, compondo uma obra histórica.
Na altura da página 137, Paulo César narra o trabalho de Carlos Imperial junto à revista “Sétimo Céu”, por mim dirigida, que foi pioneira nos anos 50 no lançamento de fotonovelas brasileiras. O objetivo era competir com as excelentes fotonovelas italianas, que faziam enorme sucesso na revista “Grande Hotel”. Assim surgiu o convite para que Roberto Carlos participasse desse projeto. Foi escolhido para ser protagonista da fotonovela “Assim quis o destino”, com a atriz Mary Fontes, da TV Rio. Foram capa da revista, que fez enorme sucesso. Roberto Carlos interpretou o papel de Ricardo, moço rico da capital, que alternava essa atividade com os seus shows noturnos.
Enquanto isso, as fotonovelas brasileiras elevaram a tiragem da revista até 250 mil
exemplares. Foi enorme o êxito de “Adelaide Simon não quis matar”, de Mário Lago, que tinha sido apresentada como série da Rádio Nacional. Roberto Carlos participou de todo esse processo. E nunca esqueceu dessa ajuda inicial que tivemos o ensejo de lhe dar, com o grupo que se reunia no bar Madri, na rua Hadock Lobo, esquina de Matoso. Era tudo na nossa querida e inesquecível Tijuca.
Mas Roberto Carlos foi destaque sobretudo como um grande compositor. Na letra de “Brotinho sem juízo”, em 1960, aconselha o brotinho a ouvir o seu conselho, abotoando o seu decote e cobrindo o seu joelho. Deu força à Jovem Guarda, inicialmente na TV Record e depois na TV Rio e na TV Tupi. Foi uma carreira consagradora, que não parou mais. Sua vida não foi feita de ilusão.