O educador, professor, advogado e membro da Academia Brasileira de Letras Candido Mendes de Almeida tinha 93 anos de existência. Vítima de uma embolia pulmonar, perdeu a vida, deixando viúva a médica e pneumologista Margareth Dalcomo, uma figura notável no combate à Covid-19.
Tive com Cândido um convívio de mais de 50 anos, desde que ele me convidou para lecionar na Universidade Candido Mendes. A matéria era Teoria da Administração, nos cursos superiores da sua instituição. Vivi o prazer de ser Professor Emérito da UCAM.
Grande e ativo pensador de ciência política, Candido Mendes foi o criador do Instituto Universitário de Pesquisas, onde realizou trabalhos de grandes relevo.
Deu aulas em Universidades americanas, como Harvard e Columbia, além de ter trazido ao Brasil figuras eminentes da cultura universal, como o francês Edgard Morin, que se tornou seu grande amigo.
Em 1998, numa visita da Academia Francesa ao Rio de Janeiro, em conversa com o então Secretário Perpétuo Maurice Druon, eu e Cândido Mendes acertamos criar a Academia da Latinidade, que passou desde então a funcionar de forma independente. Na época, eu estava na presidência da Academia Brasileira de Letras.
Escreveu obras importantes, entre as quais “Nacionalismo e Desenvolvimento”(1963), “O país da paciência”(2.000), “Por que me envergonho do meu país”(2010) e “A razão armada”(2012). Lecionou na PUC-Rio e na Fundação Getúlio Vargas. Foi figura de destaque da Academia Brasileira de Letras e a sua importância pode ser medida pelas palavras do acadêmico Merval Pereira a seu respeito: “O vigor da voz de Cândido Mendes se fez ouvir durante décadas na defesa dos direitos humanos, da democracia, especialmente durante a ditadura militar.”
Foi uma figura destacada da Faculdade de Direito Candido Mendes, onde lecionou a partir de 1962 e serviu à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), além da Comissão Pontifícia de Justiça e Paz. Fazia dupla com o irmão – o bispo D. Luciano Mendes de Almeida, já falecido. Eles farão falta à Igreja do Brasil.