Devemos ter muito cuidado com os conselhos. Foi por causa de conselhos errados que, na Antiguidade, dois reis, contemporâneos um do outro, de Israel e de Judá, acabaram se dando muito mal.
O primeiro deles foi Roboão, filho e sucessor do famoso rei Salomão. Ele entrou para a história como o artífice da divisão do Reino Unido de Israel. E isso ocorreu justamente porque deu ouvidos a um conselho errado.
Quando Roboão estava para ser coroado foi procurado pelos líderes das demais tribos com um pleito de reduzir impostos e trabalhos para o Estado, ele pediu um tempo para pensar e daí ocorreu o seguinte:
“O rei Roboão perguntou às autoridades que haviam servido ao seu pai Salomão durante a vida dele: ‘Como vocês me aconselham a responder a este povo?’ Eles responderam: ‘Se hoje fores um servo desse povo e servi-lo, dando-lhe uma resposta favorável, eles sempre serão teus servos’. Roboão, contudo, rejeitou o conselho que as autoridades de Israel lhe tinham dito e consultou os jovens que haviam crescido com ele e o estavam servindo. Perguntou-lhes: ‘Qual é o conselho de vocês? Como devemos responder a este povo que me diz: ‘Diminui o jugo que teu pai colocou sobre nós?’’ Os jovens que haviam crescido com ele responderam: ‘A este povo que te disse: ‘Teu pai colocou sobre nós um jugo pesado; torna-o mais leve’ — dize: ‘Meu dedo mínimo é mais grosso do que a cintura do meu pai. Pois bem, meu pai lhes impôs um jugo pesado; eu o tornarei ainda mais pesado. Meu pai os castigou com simples chicotes; eu os castigarei com chicotes pontiagudos’’.
Três dias depois, Jeroboão e todo o povo voltaram a Roboão, segundo a orientação dada pelo rei: ‘Voltem a mim daqui a três dias’. Mas o rei lhes respondeu asperamente. Rejeitando o conselho das autoridades de Israel, seguiu o conselho dos jovens e disse: ‘Meu pai lhes tornou pesado o jugo; eu o tornarei ainda mais pesado. Meu pai os castigou com simples chicotes; eu os castigarei com chicotes pontiagudos’”(1 Reis 12: 6-14 – grifo nosso)
Roboão seguiu o conselho dos “amigos”, os jovens que cresceram com ele, e o resultado foi:
“Quando todo o Israel viu que o rei se recusava a ouvi-los, responderam ao rei: ‘Que temos em comum com Davi? Que temos em comum com o filho de Jessé? Para as suas tendas, ó Israel! Cuide da sua própria casa, ó Davi!’ E assim os israelitas foram para as suas casas” (1 Reis 12: 16).
Os chefes das tribos romperam com a dinastia de Davi e o Reino se dividiu, o norte se emancipou da autoridade de Roboão e continuou com o nome de Israel e no sul nasceu o Reino de Judá.
Roboão perdeu mais da metade do seu reino, a maior parte dos súditos e as terras mais férteis. Mais tarde, ainda teve de lidar com a opressão do Egito (1 Reis 14: 25ss). E perceba: sua queda começou quando resolveu seguir um simples conselho.
Então, outro homem, chamado Jeroboão, foi coroado rei de Israel. A Bíblia relata que ele passou da condição de exilado político ao posto de rei por intervenção direta de Deus (1 Reis 11: 31). Mas veja no que resultou novamente um conselho errado:
“Depois de aconselhar-se, o rei fez dois bezerros de ouro e disse ao povo: ‘Vocês já subiram muito a Jerusalém. Aqui estão os seus deuses, ó Israel, que tiraram vocês do Egito’. Mandou por um bezerro em Betel, e o outro em Dã. E isso veio a ser um pecado, pois o povo ia até Dã para adorar aquele bezerro” (1 Reis 12: 28-30 – grifo nosso).
Ao invés de ser grato ao Senhor pela sua ascensão ao trono de Israel, e reforçar sua fidelidade ao Deus único, Jeroboão “aconselhou-se” e reintroduziu a idolatria em Israel. Veja ao final no que isso deu: “Esse foi o pecado da família de Jeroboão, que levou à sua queda e à sua eliminação da face da terra” (1 Reis 13: 34).
Quando pecamos, perdemos a proteção do Pai, sem Ele estamos à mercê do mal. Ao dar ouvidos ao conselho que contrariava a Deus, não apenas Jeroboão, mas também toda a sua família acabou exterminada: “É melhor confiar no SENHOR do que confiar no homem” (Salmos 118: 8).
Tenha cuidado com os conselhos que provêm da mente de seres humanos. Antes, aconselhe-se com Deus. Ele dirá ao seu coração sempre o que é certo; mesmo que não seja o que você desejaria ouvir.
“Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará” (Salmos 37: 5).