A possibilidade de realização do Carnaval 2022 começou a ser debatida entre representantes da Prefeitura de Juiz de Fora, das forças de segurança e outras pessoas diretamente envolvidas na festa, como carnavalescos, diretores de escolas e de blocos. As discussões acontecem por meio do seminário “O Carnaval e a Cidade”, promovido pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), que teve início nesta terça-feira, 9, e segue até esta sexta, 12. Para enriquecer o debate, também foram convidados pesquisadores do tema e gestores com experiência na área.
Segundo informações do site da Prefeitura de Juiz de Fora, conforme a diretora-geral da Funalfa, Giane Elisa Sales de Almeida, a atual gestão apoia o carnaval, reconhecendo nele uma genuína expressão da cultura popular. “Chamamos todos os atores envolvidos para discutir e encontrar caminhos que viabilizem a execução de um modelo de folia à altura do que Juiz de Fora merece. Então, estamos aqui para pensar possibilidades, construir caminhos, sem deixar de reconhecer as limitações e os riscos impostos pela pandemia de Covid-19. Nossa proposta é de uma escuta mútua que culmine com um pacto pelo carnaval da cidade.”
A presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Juiz de Fora (LIESJUF), Sônia Oliveira, manifestou satisfação com o modelo colegiado de debate. “Acho que finalmente estamos no caminho certo. A Liga e as escolas de samba sempre tiveram dificuldade para contatar os responsáveis por alguns serviços. A possibilidade de conversar com representantes de todos os segmentos envolvidos, ao mesmo tempo e no mesmo espaço, é um adianto para todos.”
A primeira mesa de debate do seminário teve como convidados a secretária de Saúde, Ana Pimentel, e o secretário de Planejamento do Território e Participação Popular, Martvs das Chagas. Fazendo uma análise do atual quadro sanitário, Ana afirmou que a situação ainda exige cuidados, mas que a tendência é de estabilidade e queda no contágio, graças ao crescimento no número de pessoas vacinadas em Juiz de Fora. “O cenário para o início do próximo ano tende a ser mais favorável que o atual, no entanto, pandemia é um dia após o outro”, declarou, reforçando que o avanço na imunização é fundamental para viabilizar um quadro seguro para a folia. Atualmente, a cidade tem cerca de 70% de cobertura vacinal contra a Covid-19, e o percentual desejável é de 85%.
A secretária acrescentou outro aspecto ao debate. “Para além de monitorar o quadro sanitário, o que é imprescindível, temos que avaliar o carnaval como um espaço potente de sociabilidade. A pandemia causou a perda de vínculos afetivos, o tensionamento dos costumes sociais. Vivemos de forma extrema sentimentos de medo e de luto. O carnaval pode ser um caminho para produzir novos significados, reorganizar os laços sociais, desde que ocorra de forma segura, naturalmente.”
A importância da folia de momo como fonte de alegria e de aproximação social também foi defendida pelo titular da Seppop, Martvs da Chagas. “É importante lembrar que o setor cultural foi o primeiro a parar e será o último a normalizar suas atividades. Isso tem que ser levado em conta quando a gente se propõe a pensar o carnaval, setor que mais sofreu, mais apanhou durante esse período de pandemia e que vai ter uma dificuldade muito grande para se reerguer, tanto do ponto de vista organizativo quanto do ponto de vista financeiro.”
Martvs destacou que a folia é a forma mais legítima de participação popular no nosso país, sendo uma expressão genuína do Brasil, por mais que tenhamos nele elementos europeus. “Quando a gente brinca o carnaval, a gente celebra a vida e em abundância.”
A programação completa do seminário “O Carnaval e a Cidade” pode ser conferida nas redes sociais da Funalfa (@funalfacultura).