Uma palavra que deve caracterizar o cidadão de bem e o Cristão autêntico é ‘altruísmo’.
Segundo o filósofo das ciências Augusto Comte, o altruísmo constitui a disposição humana, de natureza instintiva, que compele a nossa espécie a importar-se com o que ocorre com os outros indivíduos e que disputa no íntimo com outra propensão, antagônica, que é o egoísmo.
A Bíblia nos orienta a sermos altruístas em todas as ocasiões, o que significa que Deus quer que sejamos capazes de nos preocupar tanto com os outros como nos importamos com nós mesmos.
Em nossa civilização dominada pelas gélidas relações de mercado, na qual tudo se torna mercadoria (inclusive as relações e sentimentos) e que somos instruídos a buscar o sucesso custe o que custar, um mundo que tem como expressão de enaltecimento e admiração não o caráter mas aquilo que se possui materialmente, nestas condições em que o egoísmo vem triunfando nas batalhas das disposições íntimas da maioria das pessoas, não é nada fácil praticar o altruísmo, muitas vezes confundido com fraqueza ou até mesmo tolice.
É fato que todos estão propensos ao egoísmo, mesmo as pessoas que se beneficiam do altruísmo das outras encontram-se impregnadas pelos mesmos sentimentos viciosos e, ao invés de serem gratas, não poucas vezes, aproveitam-se para abusar da boa vontade alheia. Isso é, sem dúvida, um agravante.
Porém, substancialmente, nada disso importa, ou, pelo menos, não deveria importar. Pois a índole de determinadas pessoas não define a conduta das demais, o que os outros fazem ou como os outros pensam não condiciona o nosso próprio comportamento. Se a humanidade inteira errar, isso não significa que eu devo acompanhá-la no erro. Pelo contrário, devemos cultivar a consciência de que a responsabilidade da pessoa de bem aumenta na mesma proporção do volume de pessoas que não praticam o que é correto, justo e íntegro.
Na verdade, quando escolhemos nosso modo de agir, não devemos olhar ao redor buscando modelar-nos de acordo com aquilo que os outros estão fazendo, diferentemente, nossos olhos devem fixar-se no exemplo sublime que nos foi legado pelo Filho de Deus.
Da mesma maneira, o que fazemos para os outros não está condicionado ao que os outros fazem conosco, este é o sentido da frase de Cristo: “Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses; E dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também” (Lucas 6. 29,31 – versão ACF).
Se tomarmos a consciência de que o altruísmo não é uma relação que se encerra entre o ‘eu’ e o ‘outro’, mas que envolve uma terceira pessoa que é Jesus Cristo, a revelação de Deus, inevitavelmente triunfaremos sobre o egoísmo nas batalhas íntimas e nossa conduta reverberá a lição do Salvador: “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu” (Mateus 6. 16 – versão NTLH).