Encerrado o Mundial de Budapeste, último torneio válido pela corrida do ranking olímpico de judô e que rendeu ao Brasil os bronzes de Beatriz Souza (+78kg), Maria Suelen Altheman (+78kg) e da equipe mista, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) anunciou nesta quarta-feira (16.06) os 13 convocados para os Jogos de Tóquio. Com isso, o Brasil tem agora 272 vagas no Japão em 33 modalidades. Dessas 121 são nominais – as demais dependem de convocação das confederações. Desse grupo, 110 (90,9%) estão no Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal Brasileiro, executado pela Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.
A maior parte dos beneficiados pertence à categoria mais alta, a Pódio: 71. Há ainda 20 na Internacional, 13 na Olímpica e seis na Nacional. O investimento direto nos 110 atletas é de mais de R$ 35 milhões desde 2017. Somando as 33 modalidades em que o Brasil tem vaga assegurada, os recursos repassados às modalidades chegam a R$ 220 milhões. Apenas no judô, são R$ 16,26 milhões no atual ciclo olímpico.
“Para nós é um orgulho perceber a quase onipresença do Bolsa Atleta entre os convocados para os Jogos Olímpicos. O Governo Federal segue com a política de manter e ampliar os investimentos no esporte em suas várias vertentes, da base ao alto rendimento. O alto rendimento é extremamente relevante porque é ali que está o exemplo, a referência, o espelho para quem vai começar. E isso fica ainda mais potencializado em períodos como esse, de Jogos Olímpicos e Paralímpicos”, afirmou o secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Marcelo Magalhães. Em 13 de maio, foi publicada a maior lista de contemplados da história do programa, com 7.197 bolsistas.
Os atletas que representarão o Brasil no judô são: Eric Takabatake (60kg), Daniel Cargnin (66kg), Eduardo Barbosa (73kg), Eduardo Yudy Santos (81kg), Rafael Macedo (90kg), Rafael Buzacarini (100kg) e Rafael Silva (+100kg), no masculino; e Gabriela Chibana (48kg), Larissa Pimenta (52kg), Ketleyn Quadros (63kg), Maria Portela (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg), no feminino. Apenas Gabriela Chibana e Eduardo Barbosa não estão entre os bolsistas atualmente, mas receberam investimentos ao longo do ciclo.
Para o gestor de Alto Rendimento da CBJ, Ney Wilson, o número de pódios obtidos no Mundial não reflete o crescimento do grupo. “O resultado transformado em medalha não aconteceu no Mundial, mas é nítida a evolução. Vejo, sim, a possibilidade de fazer uma boa competição olímpica”, defendeu. “Acredito que os 13 atletas que estarão nos representando podem brigar por medalha olímpica”, acrescentou. Apenas a categoria leve feminina (57kg) não contará com uma atleta brasileira, após a punição da campeã olímpica Rafaela Silva por doping.
Critérios
Enquanto grande parte das categorias já tinha definição clara sobre a convocação por ter apenas um brasileiro dentro da zona de ranqueamento, caso dos pesos 48kg, 52kg, 70kg, 78kg (feminino), 60kg, 81kg e 90kg (masculino), a escolha mais árdua pairava sobre os pesados. Tanto Beatriz Souza e Maria Suelen, no feminino, quanto Rafael Silva “Baby e David Moura, no masculino, estavam não apenas entre os ranqueados, mas também entre os oito cabeças de chave.
De acordo com a CBJ, foram usados critérios de desempate como resultados em eventos, vitórias sobre os principais adversários, retrospecto de confronto direto e fator experiência, como participação em Jogos Olímpicos e Mundiais. Baby é dono de dois bronzes olímpicos (Londres 2012 e Rio 2016), e Maria Suelen esteve presente nas mesmas duas edições.
Grande parte do elenco que vai a Tóquio, contudo, será composta por estreantes no megaevento. Dos 13, sete nunca disputaram Olimpíada, cinco no masculino e duas no feminino. No Rio 2016, a equipe feminina foi a mesma de Londres 2012, enquanto o masculino contava com quatro novatos. Além disso, agora o Brasil tem cinco atletas cabeças de chave, enquanto na edição passada eram seis.
“Ser cabeça de chave é sempre uma posição boa, mas não é condição para se chegar à medalha olímpica. Temos muitas histórias de medalhas de atletas que não eram cabeças de chave”, ponderou Ney Wilson. O Japão terá 13 atletas entre os mais bem posicionados das categorias, enquanto França, Geórgia, Israel e Holanda terão sete cada. A Espanha aparece empatada com o Brasil, com cinco cabeças de chave.
Retrospecto e metas
O judô é a modalidade individual que mais deu medalhas ao Brasil na história dos Jogos Olímpicos: são 22, sendo quatro de ouro, três de prata e 15 de bronze. Desde Los Angeles 1984, o país esteve presente nos pódios de todas as edições. De acordo com a CBJ, a meta é manter esse retrospecto. “A meta principal é manter essa continuidade de medalhas nos Jogos Olímpicos que temos desde 1984. Tenho certeza de que a equipe tem potencial “, afirmou Ney Wilson.
“É uma responsabilidade grande ir para o país onde surgiu essa modalidade pela qual nos apaixonamos e, principalmente, buscar um bom resultado, visto que já há nove ciclos olímpicos o Brasil faz uso de um espaço no pódio. É esse espaço que estamos indo buscar em Tóquio. Acreditamos na nossa equipe e nos atletas”, declarou o presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges.
Durante o anúncio da equipe olímpica, a entidade destacou as dificuldades enfrentadas para promover treinamentos internacionais em 2020 e 2021 devido à pandemia, além da redução dos eventos classificatórios. Ainda assim, 121 atletas participaram do ciclo olímpico em eventos internacionais, e juntos conquistaram 395 medalhas desde os Jogos Olímpicos Rio 2016.
Parte desse grupo que não chegou à convocação integrará, no Japão, a equipe de apoio aos atletas olímpicos. São 20 convocados. “Temos equipes de apoio há quatro ciclos olímpicos, e sempre surgem atletas de apoio que chegam às medalhas olímpicas. Os nomes mais recentes são da Rafaela Silva e do Felipe Kitadai, que foram atletas de apoio e medalhistas olímpicos”, exemplificou o gestor de Alto Rendimento.
Outras vagas
Na última semana, o Brasil também ampliou o número de vagas em outras modalidades. No triatlo, Manoel Messias faturou a medalha de prata na etapa de Huatulco da Copa do Mundo, no México, e conseguiu a classificação pelo ranking. Ele se junta às atletas Luísa Baptista e Vittoria Lopes, que já tinham sido confirmadas em Tóquio. Já no ciclismo BMX, Renato Rezende e Priscilla Stevaux foram convocados pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). Todos acompanhados pela Bolsa Atleta no atual ciclo olímpico.
Na sexta-feira passada (11), foi a vez do levantamento de peso conhecer representantes do Brasil no Japão. A federação internacional da modalidade divulgou a primeira lista de classificados, confirmando a presença de Fernando Reis (+109kg masculino) e Jaqueline Ferreira (87kg feminino). A lista pode aumentar até 5 de julho, e o país ainda poderá ter mais três atletas: Luana Madeira (49kg feminino), Rosane Santos (55kg feminino) e Serafim Veli (96kg masculino). Fernando e Jaqueline integram a categoria Pódio do Bolsa Atleta.
A natação também confirmou mais vagas para o país nos Japão. No sábado (12), Viviane Jungblut aproveitou a repescagem da seletiva olímpica no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro, e cravou 16min14s00 na prova dos 1.500 metros livre, superando o índice A (16min32s04). A confirmação do revezamento 4x200m livre feminino, por sua vez, formado por Larissa Oliveira, Nathalia Almeida, Aline Rodrigues e Gabrielle Roncatto, veio da Federação Internacional de Natação na última segunda-feira (14), após a desistência da Grã-Bretanha. A entidade também validou a participação de Etiene Medeiros nos 50m livre e de Caio Pumputis, nos 100m peito. Ambos já estavam qualificados para Tóquio em outras provas.
Já na ginástica rítmica, o ouro no Pan-Americano, realizado no Rio de Janeiro, rendeu a classificação à seleção de conjunto. O título veio após a execução da série mista, que recebeu 35.950 pontos na apresentação com três arcos e dois pares de maças. O time já havia registrado 38.450 na série de cinco bolas, somando os 74.400 pontos que garantiram a vaga em Tóquio.
Fonte: Rede do Esporte