Vendas no varejo caem 0,6% em março, terceiro resultado negativo em 4 meses

As vendas no comércio varejista caíram 0,6% em março, após variarem 0,5% no mês anterior. É o terceiro resultado negativo nos últimos quatro meses. O varejo, que no mês anterior se encontrava 0,3% acima do patamar pré-pandemia, em março ficou 0,3% abaixo dele. Com o resultado de março, as vendas registram queda de 0,6% no primeiro trimestre e alta de 0,7% no acumulado dos 12 meses. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (7) pelo IBGE.

O recuo foi acompanhado por sete das oito atividades investigadas pela pesquisa. O principal impacto negativo veio do setor de móveis e eletrodomésticos, cujas vendas caíram 22,0% em março. O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que essa atividade foi muito influenciada pelo comportamento dos consumidores durante a pandemia.

“No primeiro momento, o setor teve um crescimento acentuado porque, estando em casa, as pessoas repuseram muita coisa tanto em móveis quanto em eletrodomésticos. Mas passada essa primeira fase, não há crescimentos tão expressivos assim. E, quando as vendas diminuem, o setor costuma fazer promoções. Então houve um aquecimento das vendas em fevereiro e essa queda em março”, diz.

As outras quedas na comparação com fevereiro foram registradas pelos setores de tecidos, vestuário e calçados (- 41,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (-19,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-5,9%), combustíveis e lubrificantes (-5,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,5%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,1%).

O único setor que cresceu nessa comparação foi o de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,3%). O pesquisador explica que o segmento foi um dos únicos beneficiados no período de pandemia por ser considerado um serviço essencial.

“No início da pandemia, também teve um crescimento muito forte pelo fato de absorver as vendas de outras atividades, principalmente nesses grandes supermercados que vendem eletrodomésticos, móveis e vestuário. Depois teve um período de arrefecimento por conta, especialmente, da inflação dos alimentos”, pontua Cristiano.

No comércio varejista ampliado, as atividades veículos, motos, partes e peças caíram 20,0% e de material de construção -5,6%, totalizando -5,3% frente ao mês anterior. É o segundo mês com taxas negativas nos três primeiros meses do ano.

Apesar da queda em março, o setor de material de construção é um dos que se mantêm acima do patamar pré-pandemia. “Essa atividade atualmente está 13,5% acima do patamar de fevereiro de 2020. Ela teve um crescimento forte desde o início da pandemia, explicado tanto pelo auxílio emergencial, que possibilitou a aquisição por parte das famílias das camadas de mais baixa renda, como pela necessidade de construções e reformas emergenciais em casa. A partir de novembro, tivemos execução de obras maiores, como adaptação de edifícios em grandes cidades”, explica.

Em relação a março de 2020, vendas no varejo crescem 2,4%

Quando comparado a março do ano passado, o comércio varejista cresceu 2,4%, com as taxas positivas atingindo quatro das oito atividades pesquisadas. Entre as atividades com crescimento estão outros artigos de uso pessoal e doméstico (30,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (12,1%), móveis e eletrodomésticos (11,9%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,0%).

Já livros, jornais, revistas e papelaria (-19,7%), tecidos, vestuário e calçados (-12,0%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,9%) e combustíveis e lubrificantes (-1,5%) pressionaram negativamente o setor na comparação anual.

Com crescimento de 10,1% nesta mesma comparação, o resultado para o comércio varejista ampliado refletiu principalmente o desempenho das atividades de veículos, motos, partes e peças, que cresceu 27,6%, e de material de construção, com crescimento de 33,4%.

Varejo tem queda em 22 unidades da federação

Em março, 22 das 27 unidades da federação refletiram a queda da média nacional frente ao mês anterior, com destaque para Ceará (-19,4%), Distrito Federal (-18,1%) e Amapá (-10,1%). Por outro lado, os destaques com taxas positivas foram Amazonas (14,9%), Acre (11,2%) e Roraima (4,2%).

Para a mesma comparação, no comércio varejista ampliado, a variação negativa também se deu em 22 unidades da federação, destacando- se Bahia (-15,2%), Piauí (-13,2%) e Distrito Federal (-12,8%). Já os principais impactos positivos vieram de Amazonas (15,7%), Roraima (5,3%) e Acre (1,3%).

“Alguns estados tiveram comportamento de queda em móveis e eletrodomésticos de forma mais intensa, como se deu no Ceará. O que tem acontecido, especialmente em grandes empresas, é adoção de estratégias distintas, como o fechamento de lojas. Com isso, há variações no número de estabelecimentos abertos e a diminuição de receitas em determinados estados”, explica o pesquisador.

Em comparação ao mesmo mês do ano passado, o crescimento nas vendas do comércio varejista nacional também foi registrado em 19 unidades da federação, destacando-se Rio de Janeiro (7,1%), Minas Gerais (5,5%) e Santa Catarina (7,6%). No comércio varejista ampliado, também em comparação com março de 2020, o avanço de 10,1% foi acompanhado por 26 das 27 unidades da federação, com destaque para Santa Catarina (25,8%), São Paulo (2,9%) e Minas Gerais (9,6%). Tocantins (-1,4%) foi o único estado que caiu nesse indicador.

Mais sobre a PMC

A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista.

Desde 2000 com abrangência nacional, a PMC traz resultados mensais da variação do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção). A técnica de coleta é o Questionário eletrônico autopreenchido (CASI) e a Entrevista pessoal com questionário em papel (PAPI). A pesquisa completa pode ser acessada aqui e os resultados podem ser consultados no Sidra.

Fonte: Agência IBGE




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