Covid-19: Cenário em Juiz de Fora é o pior desde o início da pandemia, segundo análise

A nova pesquisa elaborada por estudantes do curso de estatística, sob a orientação de docentes, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), indica que Juiz de Fora vive seu pior momento, desde o início da pandemia do Coronavírus.

Conforme o levantamento dos dados, entre os dias 29 de novembro e 5 de dezembro, o município registrou pela primeira vez mais de mil casos em uma única semana. No período analisado, foram 1.131 pessoas infectadas em sete dias, representando uma média de 162 casos por dia. Só no dia 3 deste mês foram registrados 483.

Quanto ao número de mortes, a pesquisa aponta que foi a segunda maior quantidade em uma semana, desde o início da pandemia, com 24 vidas perdidas. De acordo com o Boletim, o grande aumento no número de casos registrados poderá ter reflexos no número de óbitos nas próximas semanas.

Diante disso, os pesquisadores reforçam a importância de adotar as medidas de contenção da Covid-19 nesse momento “Estamos nos aproximando das festividades de final de ano quando as pessoas procuram se reunir e estar com os seus familiares. Por isso, reforçamos que continuam sendo essenciais as medidas de distanciamento social, uso de máscaras e adoção das medidas indicadas para a higienização”, relata Marcel Vieira, um dos autores do documento.

Número efetivo de reprodução

 Um dos valores adotados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para definir a pandemia como controlada, é o número efetivo de reprodução (Rt). Para que isto ocorra, os valores devem ser menores que 1 e mantidos persistentemente por pelo menos duas semanas, o que não foi observado em Juiz de Fora.

Conforme o estudo da UFJF, o valor atingiu o pico de 1,68 no dia 4 de dezembro. Isso significa que um grupo de 100 pessoas com o diagnóstico de Covid-19 transmite a doença para outras 168 pessoas, como explica Marcel:

“O Rt indica o potencial de propagação do vírus. Quando o número é superior a 1 tem-se a disseminação do vírus uma vez que cada paciente está transmitindo a doença a pelo menos mais uma pessoa”.

Isolamento social

Os pesquisadores avaliaram também a taxa de adesão ao isolamento social, por parte da população de Juiz de Fora. Através de dados obtidos pelo aplicativo Google Mobility o boletim mostra que no dia 4 de dezembro havia um percentual 11% maior de pessoas em casa em relação ao período anterior ao início da pandemia.

A mesma taxa foi obtida no dia 20 do último mês. Conforme Marcel, isso indica estabilidade na adesão ao isolamento social. “Os dados do Google Mobility indicam que a adesão ao isolamento social ficou estável nas últimas semanas. Essa adesão vinha reduzindo nos últimos meses e está dando sinais de estabilização mesmo diante dos números que estamos observando nas últimas semanas”.

Ainda segundo o levantamento, no último dia 4 deste mês, a ida aos locais de trabalho apresentou um percentual 3% menor do que no período anterior à pandemia. Esse percentual de deslocamentos para trabalho apresentava uma redução de 5% no dia 20 de novembro, o que indica queda na adesão ao trabalho remoto.

Cenário em Minas Gerais e no Brasil

 Dentro do período analisado, o estado de Minas Gerais tem tido constante aumento do número de casos. Ao longo dos últimos 14 dias, a taxa de crescimento de novos casos foi de 10% e de 5% para óbitos. Na última edição do Boletim Informativo, essas taxas eram iguais a 6%. Os registros da 49ª semana epidemiológica alcançaram a maior marca desde o início da pandemia, apontando aproximadamente 25 mil casos confirmados.

Segundo Marcel, o cenário em Juiz de Fora não é muito diferente do estado e também do Brasil, “O agravamento da situação em Juiz de Fora não está descolado da realidade do restante de Minas Gerais e de boa parte do Brasil. Estamos observando aumentos no número de casos e no número de óbitos em muitas outras partes do país”.

O Brasil ultrapassou a marca de 6,5 milhões de casos confirmados. Só a 49ª semana epidemiológica – 29 de novembro a 5 de dezembro – registrou quase 287 mil infectados, maior registro desde a 33ª semana – 9 a 15 de agosto. Esse aumento também foi visto no número de vidas perdidas, em que, juntas, essas semanas registraram 7.639 óbitos. A região Sudeste foi a que obteve maior registro de casos confirmados na 49ª semana, com 101.924 infectados. Já a região Sul, obteve o maior registro de casos confirmados desde o início da pandemia na 49ª semana, com 89.603 casos.




    Receba nossa Newsletter gratuitamente


    Digite a palavra e tecle Enter.