O indicador que representa uma estimativa da geração de renda no meio rural, o Valor Bruto da Produção (VBP), divulgado mensalmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), deve alcançar R$ 91 bilhões em Minas Gerais em 2020. O total representa um crescimento de 23% em relação ao ano passado. A participação do estado é de 10,7% em relação ao Valor Bruto da Produção nacional.
O superintendente de Inovação e Economia Agropecuária, Carlos Eduardo Bovo, explica que o resultado positivo é fruto de uma conjunção de fatores. “Um dos aspectos que influenciam é que Minas vem apresentando, nos últimos anos, um crescimento expressivo em sua produção e, também, da produtividade, conseguindo produzir muito mais em uma mesma área. O aumento na demanda por alimentos, tanto no mercado interno quanto no externo, muito impulsionado pela pandemia, também acabou estimulando a exportação de alguns produtos, como carne, soja e milho. Isso sem falar na variação da taxa do dólar, que está favorável ao comércio exterior”, detalha.
Ele também destaca que os números bastante positivos estimulam a continuidade desse ritmo de crescimento. “O agricultor manteve o ritmo de produção durante toda a pandemia e, com esse cenário de um mercado favorável, há um estímulo para que os produtores continuem investindo no aumento da produção”, complementa Bovo.
Destaques
As lavouras, que representam 63,5% de todo o faturamento do estado, foram o segmento da agropecuária mineira que teve o maior crescimento em relação ao ano passado. É esperado um incremento de 24,2%, alcançando R$ 57,8 bilhões.
O café, que representa sozinho 34,2% do faturamento agrícola mineiro em 2020, foi destaque no VBP mineiro, devendo alcançar R$ 19,8 bilhões, com aumento de 51,2%. Segundo levantamentos do IBGE, a safra de café arábica em Minas deve crescer cerca de 32,6%, alcançando 32,8 milhões de sacas. A previsão de safra recorde ocorre devido ao ano de bienalidade positiva (característica da cultura que alterna safras baixas e altas) e ao clima favorável.
Já a soja, que é segundo maior destaque do estado, teve um aumento de 54% no VBP, devendo alcançar uma receita de R$ 12,2 bilhões. Houve um crescimento de 19,2% no volume produzido do grão, chegando a 6,2 milhões de toneladas. Além disso, o preço da soja segue elevado no mercado interno, devido ao aumento da demanda internacional. Entre janeiro e outubro deste ano, os produtores mineiros de soja exportaram US$ 1,7 bilhões, atingindo um volume exportado de 4,8 milhões de toneladas, um crescimento de 33,6% na receita e 39,7% no volume em comparação a 2019.
Outros produtos que ajudaram a alavancar o VBP da agropecuária mineira foram o milho (29,9%), feijão (12,6%), trigo (52,9%), mandioca (8,1%), amendoim (75,9%), laranja (0,4%) e arroz (0,3%).
Pecuária
Há uma previsão de crescimento de 20,9% também no VBP da pecuária, com uma receita estimada de R$ 33,2 bilhões. Neste setor, destacaram-se os bovinos (+23,6%), os ovos (+7,6%) e o leite (+6,3).
O expressivo aumento no VBP das carnes bovinas se explica pela demanda, que continua aquecida, e pelos preços no mercado interno, que tiveram novos recordes em outubro. Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a média de preços no mês chegou a R$ 264,65 a arroba, alta de 6,5% em relação a setembro.
No caso dos ovos, a elevação no VBP é justificada pela menor disponibilidade do produto no mercado, consequência das altas temperaturas registradas nas principais regiões produtoras, que gerou uma baixa produção e alta mortalidade de aves poedeiras.
Assim como a carne bovina e os ovos, o leite também registrou altas nos preços em outubro. Com oferta limitada no mercado e um aumento nos custos de produção, o preço médio do litro recebido pelo produtor em Minas, também segundo o Cepea, foi de R$ 2,16, um crescimento de 0,10%.
Fonte: Agência Minas