Tricampeão do mundo pelo Brasil, Rei Pelé completa 80 anos de idade

Nascido no município de Três Corações em Minas Gerais, no dia 23 de outubro de 1940, Edson Arantes do Nascimento, o “Rei Pelé”, completa nesta sexta-feira (23), 80 anos de idade, com uma história de vida repleta de grandes momentos no futebol.

Em toda sua carreira futebolística, o atleta teve passagens pelo Santos e New York Cosmos, além da Seleção Brasileira. Durante o período em que jogou pelo alvinegro, Pelé venceu o Campeonato Brasileiro em seis oportunidades (1961, 1962, 1963, 1963, 1965 e 1968), duas Libertadores e dois Mundiais em 1962 e 1963, Recopa dos Campeões Intercontinentais (1968), Campeonato Paulista (1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1973) e Torneio Rio-SP (1959, 1963, 1964). No time de Nova York, venceu a North American Soccer League de 1977.

Com a camisa do Brasil, ele conquistou três Copas do Mundo, em 1958, 1962 e 1970, além de quatro participações, marcando gols em todas elas. 

Segundo dados estatísticos, Pelé marcou 767 gols em 831 jogos oficiais, 1281 gols em 1365 no geral enquanto ele estava ativo e 1284 em 1375 levando em conta os jogos beneficentes após sua aposentadoria. 

Além disso, conquistou diversos prêmios individuais, com destaque para a Bola de Ouro da Revista France Football em 7 ocasiões, melhor jogador do século da FIFA em 2000, Bola de Ouro da FIFA em 2013, dentre outros.

Vida pessoal 

Filho de João Ramos do Nascimento, na época jogador do Fluminense, Pelé recebeu seu primeiro nome em homenagem ao inventor Thomas Edison. Seus pais decidiram retirar a letra “i” e pronunciar como “Edson”, entretanto, houve um erro na certidão de nascimento, levando muitos documentos a mostrar seu nome como “Edison”. Ele é o mais velho de dois irmãos.

No seu tempo de escola, ele recebeu o apelido de “Pelé”, por conta da pronúncia errada que ele fazia do nome do goleiro do Vasco da Gama naquela época, chamado Bilé e, quanto mais se queixava, mais o nome pegava. Em relatos na sua autobiografia, o próprio ex-jogador diz que não sabe o significado do nome, nem seus velhos amigos. 

Primeiros passos no futebol

Pelé teve início de vida complicada, uma vez que cresceu na área pobre no município de Bauru em São Paulo. Ele ganhava dinheiro extra trabalhando em lojas de chá e seu pai o ensinava a jogar futebol. Entretanto, por conta das situações financeiras, Pelé não tinha condições de comprar uma bola adequada. Geralmente jogava com uma meia recheada com jornal e amarrada com uma corda ou ainda jogava com uma toranja.

Na sua juventude, teve passagens por diversos times amadores, dentre eles estão: Sete de Setembro, Canto do Rio, São Paulinho e Amériquinha. Posteriormente, venceu dois campeonatos pelo Bauru Atlético Clube, comandado pelo então treinador Waldemar de Brito. Em sua adolescência, partiu para o futebol de salão, jogando por uma equipe chamada Radium. 

Para Pelé, sua participação no futsal teve contribuição em sua carreira futebolística. Segundo ele, jogar na quadra era mais difícil do que na grama,  e que os jogadores eram obrigados a pensar mais rápido, uma vez que todo mundo está perto um do outro. Relata ainda que o futsal o permitiu jogar com adultos, quando tinha 14 anos na época. Em um dos torneios em que participou, foi considerado muito jovem para jogar, mas terminou como artilheiro com 14 ou 15 gols marcados.

Atuando no futebol profissional

No ano de 1956, Waldemar de Brito levou Edson Arantes do Nascimento, para a cidade de Santos, no litoral paulista, onde o atleta foi convocado para jogar como profissional em um dos maiores times do futebol brasileiro: Santos Futebol Clube. Na apresentação ao alvinegro praiano, Brito disse à administração santista, que o jovem de quinze anos seria “o maior jogador de futebol do mundo.” 

No mesmo ano, Pelé assinou contrato com o elenco profissional e fez sua estreia nos gramados, contra o Corinthians de Santo André, jogo no qual teve goleada do Santos por 7×1, com direito ao gol do então jovem jogador.

Em 1961, em partida contra o contra o Fluminense, no Maracanã, Pelé recebeu a bola na entrada da sua própria área, e correu o comprimento do campo, driblando seis adversários, antes de chutar a bola, além do goleiro. Uma placa foi encomendada com uma dedicação para “o gol mais bonito da história do Maracanã”,dando origem à expressão “gol de placa”.

O brasileiro foi um dos destaques na conquista da primeira Libertadores do clube paulista, em 1962, ao derrotar o então campeão Peñarol na final. No mesmo ano, o time enfrentaria o Benfica de Eusébio no Mundial. Pelé marcou três vezes na goleada por 5×2. 

Em 1963, o Santos novamente venceu a Libertadores, dessa vez diante do Boca Juniors e com direito a gol do camisa 10. Curiosamente, o alvinegro tornou-se até então, o primeiro brasileiro a derrotar os xeneizes dentro da La Bombonera. Na final do Mundial, o time venceu o Milan, tornando assim bicampeão do mundo.

Outro momento marcante na carreira do jogador, ocorreu em 1967, durante o período da Guerra Civil na Nigéria. As duas facções envolvidas concordaram em cessar fogo por 48h, para que pudessem assistir Pelé jogar uma partida amistosa. 

Em 19 de novembro de 1969, Pelé marcou seu milésimo gol em todas as competições, no que foi um momento muito aguardado no Brasil. O objetivo, popularmente apelidado de O Milésimo, ocorreu em uma partida contra o Vasco da Gama, quando Pelé marcou a partir de um pênalti, no Estádio do Maracanã

Alguns anos depois, o jogador se transferiu para o New York Cosmos dos EUA. Ele ficou no clube americano de 1974 a 1977, onde se aposentou dos gramados, em um amistoso contra o Santos.

Seleção Brasileira 

Em 1957, agora com 16 anos de idade, foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira e marcou seu primeiro gol com a camisa amarela. Entretanto, o time saiu derrotado por 2×1 para a Argentina, no Maracanã. 

Em 1958, conquistou seu primeiro título com o Santos, ao vencer o Campeonato Paulista e terminou a competição com 58 gols marcados, recorde que permanece até os dias de hoje. Suas grandes atuações pelo alvinegro lhe premiaram o que todo jogador brasileiro sonha: jogar uma Copa do Mundo. Pelé chegou à Suécia, país-sede daquela edição, com uma lesão no joelho, mas mesmo assim conseguiu estar em campo ainda na primeira fase. Sua estreia em mundiais foi contra a extinta União Soviética, no qual foi o jogador mais jovem a disputar uma Copa naquele período.

Sua grande atuação no torneio foi na semifinal contra a França, onde o jovem Pelé marcou três gols, selando a vitória do Brasil por 5×2 e consequentemente, avançando para a grande final, contra os donos da casa. Naquela decisão, ele balançou a rede em duas ocasiões, sendo que um deles, chapelou o zagueiro sueco e marcou um golaço. No final das contas, os brasileiros ganharam por 5×2 e foram campeões mundiais pela primeira vez.

Quatro anos depois, em 1962, a Copa do Mundo foi sediada no Chile e o Brasil chegou como um dos favoritos a levantar o caneco. Pelé já era considerado melhor jogador do mundo, entretanto, ele só participou do jogo contra o México, no qual marcou o segundo gol na vitória brasileira por 2×0. Na partida seguinte, diante da extinta Tchecoslováquia, ele arriscou um chute de longa distância e sofreu uma grave lesão, o que lhe tiraria do restante da competição.

O até então técnico Aymoré Moreira, teve que convocar o atacante Amarildo, para substituir o camisa 10. O grande protagonista naquela Copa foi Garrincha, que guiou o time brasileiro rumo ao bicampeonato. Na grande decisão, venceu a Tchecoslováquia por 3×1.

A edição seguinte, em 1966, sediada na Inglaterra, gerou grandes expectativas em torno da Seleção Brasileira, uma vez que contava em seu elenco nomes como: Pelé, Garrincha, Tostão, Gérson, Djalma Santos, Jairzinho e Gilmar. 

O Brasil começou bem, derrotou a Bulgária na estreia, com direito a gol de falta do próprio Pelé, que foi alvo de entradas mais fortes dos búlgaros, tornando assim o primeiro jogador a balançar as redes em três Copas seguidas. Entretanto, o camisa 10 se recuperava de lesão e não esteve em campo diante da Hungria, jogo no qual o Brasil foi derrotado. 

Precisando vencer para se classificar, o treinador Vicente Feola teve que escalar Pelé, mesmo lesionado, para a partida decisiva diante de Portugal do craque Eusébio. Assim como ocorreu no jogo contra os búlgaros, o camisa 10 do Brasil novamente sofreu entradas duras dos portugueses. Em uma das jogadas, o zagueiro João Morais cometeu falta gravíssima no brasileiro, que teve de ser carregado para fora do gramado. Quanto ao jogador português, ele sequer foi expulso pelo árbitro.

Sem seu melhor jogador, o Brasil foi eliminado na primeira fase, fazendo até naquele momento, a pior campanha de um atual campeão do mundo.

Quatro anos depois, em 1970, o mundial seria disputado no México e já esperava-se que aquela edição seria a última de Pelé. Para muitos, aquele elenco brasileiro é considerado como um dos melhores da história. Dentre os convocados, a lista contava também com: Rivelino, Jairzinho, Gérson, Carlos Alberto Torres, Tostão e Clodoaldo. 

A campanha brasileira naquela Copa foi impecável, ao vencer todos os jogos disputados. Além disso, Pelé protagonizou um dos lances mais emblemáticos da história do futebol, no duelo diante da Tchecoslováquia, ele viu o goleiro Ivo Viktor adiantado e arriscou chute do meio de campo. A bola encobriu o adversário e passou a centímetros da trave. Até hoje, a jogada é definida pela mídia brasileira como “o gol que Pelé não fez”.

Outro lance emblemático envolvendo o atacante, foi na partida contra atual campeã Inglaterra, no qual ele cabeceou rente a trave defendida por Gordon Banks. Porém o inglês fez a então considerada a maior defesa na história das Copas.

Posteriormente, na semifinal contra o Uruguai, novamente o camisa 10 protagonizou uma jogada inesquecível. Tostão passou a bola para Pelé e o goleiro Ladislao Mazurkiewicz, saiu da linha para tentar pegar a bola antes dela chegar ao atacante brasileiro. No entanto, Pelé chegou primeiro e enganou o adversário com uma finta por não tocar na bola, fazendo-a rolar para a esquerda do goleiro, enquanto ele foi para a direita. Ele então correu ao redor do goleiro para recuperar a bola e chutou, entretanto a bola não entrou.

O Brasil chegou a mais uma final de Copa e enfrentaria a Itália, no Estádio Azteca na Cidade do México, diante de um público de 107.412. A Amarelinha venceu por 4×1, com direito a dois gols de Pelé. O primeiro de cabeça e de quebra, foi o centésimo gol do Brasil em Copas. Ele voltaria a balançar as redes novamente ao aproveitar passe de Carlos Alberto Torres, para selar o tricampeonato ao Brasil.

No dia 16 de julho de 1971, Pelé fez seu último jogo com a camisa da Seleção, no amistoso contra a antiga Iugoslávia no Maracanã. Ao todo, ele venceu 67 partidas, com 14 empates e 11 derrotas. Até hoje, é o maior artilheiro da Amarelinha, com 77 gols em 92 jogos oficiais. Além disso, marcou 18 vezes em 22 jogos não oficiais. Isso soma um total não oficial de 114 jogos e 95 gols. Ele também marcou 12 gols e é creditado com 10 assistências em 14 partidas de Copas do Mundo, incluindo 4 gols e 7 assistências apenas em 1970




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