Reitor da UFJF diz que corte de orçamento feito pelo MEC representa rombo de mais de R$ 20 milhões

O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e também 1º vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), esteve presente em uma entrevista coletiva remota realizada na quarta-feira (12). Sob a presença de outros membros da Diretoria Executiva, Marcus David afirmou que o corte de R$ 4,2 bilhões na verba das despesas discricionárias, planejada pelo Ministério da Educação (MEC), irá acarretar em rombo de mais de R$ 20 milhões para a UFJF em 2021.

Segundo o reitor, o corte do orçamento poderá afetar diversos setores da instituição, incluindo o da Assistência Estudantil, “A política de assistência estudantil tinha R$ 1,016 bilhão. Com esse corte, as universidades estão perdendo mais de R$ 116 milhões – o que compromete muito os nossos esforços”.

Ao ser perguntado sobre a questão das bolsas, o reitor diz que o corte do orçamento, “pode suspender elas [bolsas] sim, mas essa decisão cabe à gestão de cada universidade. Estimamos que a matriz orçamentária precisaria ser quase o dobro para atender às demandas de assistência estudantil atuais. Um corte, portanto, representa a perspectiva de suspensão de bolsas ou, se mantivermos esse padrão de assistência, algumas não conseguirão chegar a seu fim. Trabalhamos com a perspectiva de reverter esse corte antes da LOA chegar no Congresso”.

Retorno às aulas

A 2ª vice-presidente da Andifes e reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Joana Guimarães, comentou durante a coletiva, que a retomada das aulas presenciais exigirá um esforço orçamentário destoante do corte previsto para o próximo ano e que estão sendo aplicados recursos financeiros no combate à pandemia:

“A volta das atividades vai demandar uma série de medidas sanitárias, como adaptação de espaços, equipamentos de proteção individual, um quantitativo de especialistas em questões sanitárias, num sistema de ensino que, certamente, será híbrido. Isso virá adicionado às nossas necessidades, com um aporte de recursos, e não um corte, como foi anunciado.”

Além disso, o presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Brasil, comentou sobre o investimento no ensino remoto emergencial:

“Será preciso investir para que se possa adotar o ensino remoto emergencial nas universidades e institutos federais. Temos outras fragilidades, como estudantes que apresentam deficiências, como baixa visão, em locais remotos, sem acesso à internet. A minha estimativa é de um aporte de R$ 200 milhões, o que considero bastante conservadora. A experiência do ano que vem nos dará uma resposta mais precisa”.

Corte do orçamento 

Para o próximo ano, o MEC planeja um corte de R$ 4,2 bilhões na verba das despesas discricionárias (não obrigatórias), o que representa uma redução linear de 18,2% em relação ao orçamento aprovado para cada instituição em 2020. Ao todo, a previsão de corte é de R$ 1 bilhão, em 69 universidades e 38 institutos federais. 

Concursos

O presidente da Andifes, encerra a coletiva, salientando a centralidade dos investimentos nas instituições públicas de ensino na luta contra a crise econômica, experimentada pelo país:

“A saída da crise econômica passa, justamente, pelo desenvolvimento da ciência, através de pesquisas, como de mestrado e doutorado, além da formação de profissionais capacitados, o que condiz com as universidades federais. A interrupção deste trabalho tem consequências drásticas na recuperação econômica do país.”

 




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