Secretários e vereadores discutem caminhos para o enfrentamento da COVID-19 em JF

“Vamos precisar de um número maior de leitos”. Foi com essa afirmação que o secretário interino da Saúde, Rodrigo Almeida, iniciou suas respostas às indagações dos vereadores no Plenário da Câmara. Convocado a prestar esclarecimentos quanto às ações de enfrentamento da COVID-19, Rodrigo estava acompanhado dos secretários de Desenvolvimento e de Ordenamento Urbano, respectivamente, Rômulo Veiga e Luiz Cláudio Pinto. Os vereadores questionaram, principalmente, sobre a distribuição de EPI, o número de profissionais afastados por contágio, a abertura do comércio e de igrejas, os dados relacionados ao isolamento social, a disponibilidade de testes para a população, o detalhamento dos gastos, os números de leitos no município, o plano de contingência, entre outros pontos. Os secretários destacaram que o isolamento social decretado pelo prefeito está sendo fundamental para conter o avanço da doença.

Rodrigo Almeida apresentou a preocupação da PJF em alinhar-se com a Secretaria de Estado de Saúde e com a Superintendência da Regional de Saúde o aumento da curva. Ele apontou que há um plano de contingência para a ampliação de leitos em parceria com as redes pública e privada de saúde. Dentro dessa perspectiva, ele pontuou que a expansão de leitos é avaliada como mais eficaz do que a criação de leitos externos nos hospitais de campanha.

“Precisamos também de trabalho, em parceria com o governo do estado para saber, antecipadamente, quais cidades direcionarão os pacientes para Juiz de Fora”. Em resposta aos vereadores Antônio Aguiar (DEM) e Vagner de Oliveira (PSB) sobre os atendimentos de outras enfermidades, Rodrigo reforçou que os procedimentos eletivos estão suspensos pelo decreto e que, em casos de agravamento, os pacientes são direcionados às unidades específicas. Ele respondeu também que, no momento, há 4 profissionais de saúde afastados com COVID-19.

Em apresentação dos dados coletados em tempo real utilizados pela secretaria de Saúde, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Rômulo Veiga, respondeu os questionamentos dos vereadores Rodrigo Mattos (CIDADANIA) e Kennedy Ribeiro (PV) sobre os resultados do isolamento social. Rômulo enfatizou que o isolamento/ distanciamento social é fundamental para que ocorra a diminuição e o impacto da curva epidemiológica. De acordo com as curvas de contágio comparativas apresentadas aos vereadores, “Juiz de Fora tem uma grande circulação de pessoas devido às características geográficas e econômicas da cidade e por isso há a preocupação com o  colapso, que já ocorre em Nova Iorque, por exemplo”.

Com dados prospectados, Rômulo destacou que “sem isolamento social estaríamos com 300 a 400 pessoas em UTI no momento […]. Sem nenhuma intervenção, Juiz de Fora teria mais de 48 mil casos confirmados. Além disso, nossos números não são maiores atualmente porque não temos testes para todos”. Sobre informações sobre os testes na cidade, Rômulo declarou que há trabalhos de ampliação da aplicação de testes na parceria com a UFJF. Segundo ele, há a capacidade de 500 testes por semana com a UFJF, além de 900 testes por dia na parceria com a  Embrapa, que precisa de sistema de coleta do material e que já há trabalhos em andamento com laboratórios da cidade para isso. “Com esses testes teremos densidade estatística para compreender a real situação na cidade”.

Outro destaque apontado por Rômulo é a compreensão de que “é difícil pensar em soluções antigas para algo que é tão novo, porque o mundo que conhecemos mudou”. Sobre o questionamento do vereador Wanderson Castelar (PT) sobre a mudança do Ministro de Saúde, ocorrida na tarde desta quinta-feira, Rômulo lembrou que a prefeitura tem autonomia para algumas decisões. Ele afirmou ainda que ela já estuda como retomar à normalidade, mas ainda não pode afirmar quando. Questionado pelo vereador Dr. Adriano Miranda (PRTB) sobre a importância de orientação da população, Rômulo ressaltou que há um trabalho de parcerias com a iniciativa privada e esforços para aumentar a comunicação com as pessoas. Além disso, enfatizou os planos em andamento, como o call center.

Os vereadores Sargento Mello Casal (PTB) e Zé Márcio – Garotinho (PV) indagaram sobre as condições dos EPI para os profissionais de saúde. Rodrigo afirmou que os itens foram encaminhados à Atenção Primária à Saúde, ao HPS e à Regional Leste. Quanto às UBS, Rodrigo justificou que os contratos com as unidades já estabelecem equipamentos. Já sobre leitos na área central da cidade, Rodrigo salientou que o HPS também está direcionado à COVID-19 com o incremento de dez leitos de CTI exclusivos e outros dez leitos clínicos para a demanda tradicional. Além disso, há o oferecimento de 60 leitos de enfermaria. O secretário interino de saúde lembrou, em resposta ao vereador Juraci Scheffer (PT), que foram instalados 10 leitos no Hospital Dr. João Penido, em parceria do Ministério da Saúde com o Governo do estado. Ele destacou haver  1218 leitos de enfermaria no município. Os vereadores Marlon Siqueira (PP) e Antônio Aguiar pediram ainda esclarecimentos sobre o desabastecimento de vacinas contra a H1N1 para os idosos. Rodrigo confirmou que há falta de vacinas devido à procura acima do normal, mas que a secretaria está trabalhando para sanar os problemas de estoque e aguarda novos envios da vacina.

O presidente da Casa, vereador Luiz Otávio Fernandes Coelho – Pardal (PSL), questionou os recursos direcionados ao enfrentamento da pandemia, feitos pela Câmara Municipal. Rodrigo argumentou que os valores serão detalhados e disponibilizados aos vereadores no prazo de 24 horas, incluindo os valores repassados anteriormente, como os que foram destinados à compra das fitas glicêmicas. “Há o portal da transparência da PJF para acesso de todos. Há em torno de R$ 19 milhões, parte contingenciada para o pico de incidência e parte já empenhada nas necessidades do plano de trabalho”.  Com relação à denúncia do vereador André Mariano (PSL) sobre uma empresa de informática ser contratada na compra de insumos médicos, Rodrigo pediu que seja feita oficialmente a denúncia e que sejam passadas maiores informações para que ela seja apurada, mas que informações que já chegaram para ele indicam que a empresa tem no registro também a venda de insumos.

Respondendo aos vereadores Júlio Obama Jr. (PODE) e Marlon Siqueira sobre o uso de máscaras, os secretários responderam que existe uma orientação técnica da Anvisa para que toda população use o equipamento, e já há doações para a Prefeitura que serão direcionadas aos profissionais da saúde. “Há a orientação de que cada um adquira ou confeccione a própria máscara, mas não há previsão para distribuição”.

Sobre os questionamentos sobre a flexibilidade do funcionamento do comércio e da indústria apontados pelos vereadores Vagner de Oliveira, Cido Reis (PSB) e André Mariano – este último também destacando a importância da reabertura dos templos religiosos – o secretário de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano, Luiz Claudio Pinto, destacou as determinações das leis Federal e Estadual para os serviços essenciais. “Fizemos uma compilação, especificamente quanto à iniciativa privada, das atividades que podem ou não ser exercidas.  Nos bairros há serviços permitidos pela norma e isso evita que as pessoas precisem se deslocar para o centro da cidade”. Segundo ele, há denúncias de bares e templos com aglomerações e portas fechadas. “A nossa intenção não é interditar e multar, mas orientar e conscientizar a população”. Pedido para que fosse objetivo na resposta, o secretário foi lacônico: “as pessoas estão se reinventando, há cultos online. Serviço essencial com acesso, serviço não essencial sem acesso. Sobre a flexibilização depois, vai depender do cenário”.  O vereador Júlio Obama Jr. lembrou que as datas postergadas para o pico da epidemia chamam a atenção para a necessidade de se discutir amplamente a flexibilização.

 

Fonte: Assessoria




    Receba nossa Newsletter gratuitamente


    Digite a palavra e tecle Enter.