É hora de recomeçar o trabalho e dar os próximos passos. Após o anúncio da nova data dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que agora serão realizados entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) já iniciou a revisão de seu planejamento, visando definir as seguintes questões: passagens aéreas, hospedagens e acordos com bases e fornecedores. É o recomeço de um trabalho que tem como objetivo oferecer aos atletas todos os serviços de excelência da Missão em Tóquio, desde o brasileiríssimo arroz com feijão até os modernos equipamentos de treinamento.
“Tudo está andando num prazo muito bom. A rápida definição da nova data dos Jogos permite que todo o calendário esportivo mundial se reorganize, protegendo a saúde dos atletas e demais envolvidos nos Jogos. Nosso desejo é que essa fase de afastamento social passe logo para voltarmos à rotina normal, com a retomada dos treinos e a diminuição da ansiedade geral”, diz o diretor geral do COB, Rogério Sampaio.
Os principais desafios do COB para os Jogos de Tóquio no verão de 2021 no Hemisfério Norte envolvem a parte logística. Muitos contêineres com materiais e equipamentos já haviam sido enviados à capital japonesa, enquanto outros estavam alocados em um galpão, com previsão de saída do Brasil para o mês de abril. Além de já ter cancelado essa última operação, o COB vai verificar agora a disponibilidade de locação das mesmas bases que atenderiam o Time Brasil.
“Já iniciamos o contato com nossas bases e fornecedores, comunicando oficialmente sobre o adiamento e informando, de forma antecipada, sobre o interesse de manutenção das parcerias para 2021. Estamos elaborando também o aditamento do contrato com fornecedores de transporte, alimentação e depósitos que tínhamos à disposição no Japão”, explica Rogério, reforçando ainda a necessidade de remarcação das passagens aéreas e hospedagens da delegação brasileira, que deve superar os 400 integrantes (aproximadamente 270 atletas).
“Em uma conversa inicial, a Air Canadá se colocou à disposição para fazer o ajuste nos voos, de acordo com a nossa demanda, mas dependíamos das datas do evento para definir as chegadas e partidas da delegação. Estamos confiantes para seguir com o planejamento”, afirmou o ex-judoca, campeão olímpico em Barcelona 1992.
Outra questão importante envolve a classificação olímpica de atletas e equipes. No caso de modalidades que definem seus representantes via ranking mundial, como judô e caratê, quais ajustes serão feitos nos critérios de qualificação? Atletas que se encontram suspensos, mas que estarão liberados para competir ainda em 2020, poderão voltar à disputa por vagas nos Jogos?
“O processo de qualificação para Tóquio está gerando grandes questionamentos no mundo inteiro. O COI e as Federações Internacionais (FI) devem se manifestar sobre o tema até o início de abril sobre o restante das vagas em disputa”, diz o diretor de Esportes do COB, Jorge Bichara.
“Sobre os atletas suspensos por doping poderem participar dos Jogos, após cumprirem suas punições, é algo mais complexo, que talvez dependa de processos jurídicos. Vamos aguardar a manifestação dos órgãos competentes sobre qual conceito seguir.”
Quanto ao planejamento de treinos dos atletas já classificados – o Time Brasil tem 178 vagas confirmadas até o momento – e dos que ainda buscam sua qualificação, o fechamento dos espaços para treinamento, como os clubes e o Centro de Treinamento Time Brasil (CTTB), sem data prevista para voltarem a funcionar, se mostra um complicador. A periodização do treinamento, por sua vez, será determinada a partir de agora, com a divulgação oficial da nova data dos Jogos.
“Definida a data da realização dos Jogos, que é a competição-alvo, estabelece-se um cronograma invertido para encaixe das fases de treinamento. É uma situação complexa porque envolve também as competições preparatórias, que praticamente inexistem no calendário atual”, avalia Bichara, que aponta outros focos de atenção para este período de quarentena:
“A extensão desse processo de isolamento social pode gerar um impacto emocional significativo, já que os atletas são pessoas extremamente ativas e não estão acostumados com a reclusão e inatividade que se encontram. Isso, somado às incertezas atuais sobre futuro e decisões pessoais já tomadas, pode gerar situações que merecem nossa atenção. Precisamos acompanhar as reações e analisar a condição de cada um”, finaliza Bichara.
Fonte: COB