O Brasil já assegurou, ainda ao longo de 2019, 152 vagas para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Apenas 36, contudo, têm nome já definido, pela conquista direta do posto ou dos índices necessários – as demais pertencem ao país. Entre esses atletas praticamente confirmados na capital japonesa, 34 (94,4%) foram contemplados pelas listas do Bolsa Atleta publicadas no fim do ano passado, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento anual estimado no grupo é de R$ 4,3 milhões.
A maior parte do elenco integra a categoria mais alta do programa, a Pódio, com 30 atletas. Há ainda um nome na categoria Olímpica, dois na Internacional, e um na Nacional. No grupo dos classificados, são 21 homens e 15 mulheres, com idades que variam de 19 a 39 anos (média de 26,5 anos). A região Sudeste é a que tem o maior número de representantes até o momento (19), seguida pelo Nordeste (8), Sul (6) e pelo Centro-Oeste (3). Todos os 36 nomes já receberam a Bolsa Atleta em algum momento da carreira.
O único desses citados que ainda precisa confirmar a vaga é João Menezes, do tênis, já que precisa estar entre os 300 melhores do ranking mundial na lista de 8 de junho. Já os 16 nomes divulgados pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) são de atletas que obtiveram índice para os Jogos Olímpicos e, no momento, estão com a vaga. O período válido para a obtenção dos índices vai até 29 de junho.
Já outros atletas estão garantidos devido a resultados em competições classificatórias em 2019. É o caso, por exemplo, de Ana Sátila, que assegurou vagas no K1 e no C1 da canoagem slalom durante o Mundial da modalidade, em setembro, na Espanha. “Fiquei muito feliz com o resultado. A final do Mundial não foi como esperava, claro que tem muita coisa em risco, mas fiquei contente só de ter passado e já garantido a minha vaga em Tóquio 2020”, celebra.
“Foi um resultado fruto de trabalho, dedicação e perseverança. Batalhei muito para conquistar esse sonho de representar bem o meu país e de chegar bem preparada para as Olimpíadas”, acrescenta Ana Sátila, que desde os Jogos Olímpicos do Rio 2016 treina no canal de Deodoro, principal legado da modalidade ao país. “É um sonho realizado para todos nós da canoagem, poder treinar em uma pista de alto nível no Rio de Janeiro e que é muito parecida com a pista de Tóquio”, compara.
Outro importante apoio à preparação da atleta é o investimento federal. “A Bolsa Pódio sempre foi o diferencial, desde o início da minha carreira. Essa estabilidade que tenho hoje, essa segurança de poder comprar meus equipamentos, viajar… O atleta sempre precisa gastar além do que tem e a Bolsa Pódio ajuda muito nessa parte”, avalia Ana Sátila.
“No nosso caso, os equipamentos, além de caros, vêm da Europa. Há todo o trabalho de importar, a burocracia, e é muito dinheiro. Você acaba tendo um gasto grande e não consegue ser atleta mantendo tudo isso. Então é um diferencial. A Bolsa Pódio só chegou para ajudar e está sendo de extrema importância, não só para mim, mas com certeza para todos os atletas beneficiados”, afirma.
Surfe definido e contemplado
Na publicação de dezembro de 2019, foram contemplados 293 atletas na categoria Pódio, e o surfe, que estreia no programa dos Jogos Olímpicos, passou a integrar a lista. O Brasil já confirmou a equipe da modalidade para Tóquio: Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Silvana Lima e Tatiana Weston-Webb competirão no Japão, todos contando com apoio federal.
“Acredito que a Bolsa Pódio vai me deixar mais preparada para dar o meu melhor nestes próximos meses, para ir à Olimpíada com tudo, para mostrar a bandeira do Brasil da melhor forma”, acredita Silvana. “A Bolsa Pódio é um apoio enorme que o governo nos dá e poderei utilizá-lo pela primeira vez. Acho que será incrível, pois poderei me preparar ainda mais para as Olimpíadas de 2020. Espero poder representar bem nosso país”, afirma Tatiana.
Também estão com nomes confirmados no Japão, de acordo com o Comitê Olímpico do Brasil (COB): Flávia Saraiva (ginástica artística), Ana Marcela Cunha (maratonas aquáticas), Hugo Calderano (tênis de mesa), Iêda Guimarães (pentatlo moderno), Fernanda Oliveira e Ana Barbachan (vela), e as duplas do vôlei de praia formadas por Ágatha/Duda, Ana Patrícia/Rebecca, Alison/Álvaro Filho e Bruno Schmidt/Evandro.
“Acho que 2019 foi o melhor ano da minha carreira. Consegui a vaga durante o Pan e melhorei muito os meus resultados. Acho que fiz no ano tudo que queria fazer, e agora é me preparar para 2020”, comenta Iêda Guimarães. “Meu foco agora é Tóquio. Quero abaixar todos os tempos”, projeta a atleta de 19 anos, confirmada no Japão após ter terminado a disputa dos Jogos Pan-Americanos de Lima como a melhor atleta sul-americana, em quarto lugar geral.
Preparação contínua
Mais do que apoiar o atleta na reta final de preparação para os Jogos Olímpicos, o Bolsa Atleta tem como diferencial a continuidade. “Anualmente a gente atende os atletas, então eles têm esse suporte de forma contínua. Não se trata de um investimento feito agora, a poucos meses dos Jogos de Tóquio. O diferencial, e o que pode contribuir de forma significativa para o atleta, é ele ter no programa essa segurança. E a consequência é a possibilidade de se preparar melhor para os Jogos”, ressalta Mosiah Rodrigues, coordenador-geral do Bolsa Atleta.
Maior programa de patrocínio direto ao atleta do mundo, o Bolsa Atleta foi criado em 2005 e, ao todo, já concedeu mais de 69,5 mil bolsas, para 27 mil atletas, superando a marca de R$ 1,2 bilhão de investimento. Na última publicação, em dezembro, foram contemplados 6.248 atletas de todo o país.
Uma importância que se viu medida, por exemplo, na edição olímpica do Rio de Janeiro, quando das 19 medalhas conquistadas pelos brasileiros, apenas o ouro do futebol masculino não contava com bolsistas. Já nos Jogos Paralímpicos, todas as 72 medalhas foram alcançadas por beneficiados. “Isso reforça a importância do programa no cenário esportivo. Certamente os atletas contam com ele e têm nele um dos seus principais apoiadores”, define Mosiah Rodrigues.
Ciência e políticas públicas
O desempenho dos atletas brasileiros é acompanhado em tempo real por pesquisadores do Projeto Inteligência Esportiva (IE), com objetivo de avaliar a participação do Brasil na competição, bem como levantar dados que possam subsidiar o acompanhamento e a implementação de políticas públicas.
O projeto IE é uma ação conjunta entre o Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR) da Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania. Criado em 2013, tem objetivo de produzir, aglutinar, sistematizar, analisar e difundir informações sobre o esporte de alto rendimento no Brasil e analisar as políticas públicas para o esporte de alto rendimento.
Classificados (vaga ou índice) para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020:
Atletismo (16):
– Paulo André Camilo de Oliveira: 100m
– Aldemir Gomes Junior: 200m rasos
– Gabriel Constantino: 110m com barreiras
– Eduardo de Deus: 110m com barreiras
– Alison Brendom dos Santos: 400m com barreiras
– Marcio Teles: 400m com barreiras
– Thiago Braz: salto com vara
– Augusto Dutra: salto com vara
– Alexsandro Melo: salto triplo
– Almir Cunha dos Santos: salto triplo
– Darlan Romani: arremesso do peso
– Daniel Chaves: maratona
– Caio Bonfim: 20km marcha atlética
– Vitória Rosa: 200m rasos
– Erica Rocha de Sena: 20km marcha atlética
– Andressa Oliveira de Moraes: lançamento do disco
Canoagem slalom (1):
– Ana Sátila (C1 e K1)
Ginástica Artística (1):
– Flavia Saraiva (individual)
Maratonas Aquáticas (1):
– Ana Marcela Cunha (10km)
Pentatlo Moderno (1):
– Iêda Guimarães (individual feminino)
Surfe (4):
– Gabriel Medina
– Italo Ferreira
– Silvana Lima
– Tatiana Weston-Webb
Tênis (1):
– João Menezes – Precisa estar entre os 300 do ranking mundial em 8/6/2020.
Tênis de Mesa (1):
– Hugo Calderano
Vela (2):
– Fernanda Oliveira/Ana Barbachan – 470
Vôlei de praia (8):
– Ágatha/Duda
– Ana Patrícia/Rebecca
– Alison/Álvaro Filho
– Bruno Schmidt/Evandro
Fonte: Assessoria