Câmara discute o abastecimento de água em Juiz de Fora

Noventa e oito por cento dos domicílios de Juiz de Fora são atendidos pela Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), e para verificar os dados e as ações sobre o abastecimento de água na cidade, a Câmara Municipal realizou audiência pública na tarde desta quinta-feira, 17. A discussão foi proposta pelo vereador Zé Márcio – Garotinho (PV). Estiveram presentes representantes da Cesama, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Preto e Paraibuna, o secretário de Meio Ambiente Luís Cláudio Santos Pinto, além do diretor presidente da Cesama, André Borges.

Em sua fala inicial Garotinho ressaltou que a audiência foi proposta para garantir o cumprimento da Lei n° 13.276, de 2015, que prevê que a Cesama preste, anualmente, esclarecimento público sobre a situação dos reservatórios de água e mostre o planejamento para o ano seguinte. Atualmente, a empresa utiliza quatro mananciais: represas de Chapéu d’Uvas, Doutor João Penido, São Pedro e Ribeirão do Espírito Santo. Além de destacar obras realizadas entre 2014 e 2018, o diretor de desenvolvimento e expansão da Cesama, Marcelo Melo de Amaral, afirmou que o planejamento para 2020 prevê o aumento da produção em 56% e a expansão da captação para 2.450 litros por segundo, representando um crescimento de 57%.

Marcelo aponta alguns desafios operacionais enfrentados pela empresa, como dificuldade de manutenção, já que há 1.862 km de redes de água. São 173 estações elevatórias, 92 reservatórios de acumulação e 30 válvulas reguladoras de pressão. Para Garotinho, os números reforçam o desafio da empresa. “Eu vejo esses dados e penso: essa extensão seria como ir e voltar de BH três vezes. Então dá trabalho mesmo fazer a manutenção. Mas fico muito feliz em ver apresentados aqui os investimentos feitos e a evolução pela qual as represas passaram desde 2014”, disse o vereador.

Marcelo enfatiza que a barragem de Chapéu D’uvas – que se localiza também entre os municípios de Antônio Carlos, Ewbank da Câmara e Santos Dumont – é essencial para garantir o fornecimento de água em Juiz de Fora. Com 146 milhões de metros cúbicos, o volume da barragem é 11 vezes maior do que o da represa Dr. João Penido.

A represa Dr. João Penido é responsável pelo abastecimento de 50% da cidade, possui 59,2 km quadrados, enquanto a represa de São Pedro – que abastece cerca de 8% de Juiz de Fora – possui 12,93 km quadrados. Já a bacia hidrográfica do Ribeirão do Espírito Santo mede 148,7 km quadrados. É a Estação de Tratamento de Água (ETA) Walfrido Machado Mendonça – responsável pelo abastecimento de 40% da cidade – que recebe a água do Ribeirão do Espírito Santo.

Após ser questionado pelo vereador Juraci Scheffer (PT), que demonstrou preocupação com um possível rompimento das barragens de água, Marcelo destacou os cuidados tomados pela Cesama. “Todas as represas são monitoradas por nossa equipe a cada 15 dias, seguindo o procedimento recomendado. E nós já fizemos a licitação para contratar uma empresa para a elaboração de um plano emergencial de ação”. Atualmente, o projeto está em fase de licitação e a previsão é que o plano esteja pronto quatro meses após a contratação da empresa.

Ainda em audiência, foi discutido a proteção dos mananciais na cidade.  O professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Cézar Henrique Barra Rocha, ressaltou a importância das áreas de preservação permanente e demonstrou preocupação com a situação em Juiz de Fora. “As áreas de preservação permanente são essenciais para a manutenção da vegetação nativa de determinadas regiões, já que filtra, retém água e alimenta o lençol freático. Está faltando essas áreas de preservação de margens de reservatório em Juiz de Fora: é preciso ter muita mata e o que mais tem é pastagem. Em João Penido tem 15% de mata e em Chapéu D’uvas só 14%. Temos que tentar melhorar a fiscalização para reivindicar isso”, concluiu. O secretário de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano, Luís Cláudio Pinto, garantiu que “o trabalho no sentido que devemos reestruturar as áreas de preservação permanentes começou. Fizemos remapeamento das represas e hoje conseguimos identificar quais áreas devem receber esses produtos como prioridade.”

O diretor presidente da Cesama, André Borges, falou ainda sobre a rede de esgoto no município. “A Cesama tem um índice de tratamento de esgoto, de fato, muito baixo. Mas estamos fazendo um esforço grande tentando colocar de volta o projeto da rede Paraibuna”. Na segunda etapa do projeto, está prevista a despoluição.

Fonte: CMJF




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