Netinho e Talisca se conheceram graças ao taekwondo. Ele, paraibano. Ela, rondoniense. A distância geográfica foi desfeita pelo esporte, que os uniu. A diferença de idade também não foi problema. Ela tem 29 anos, oito a mais do que ele. Há três anos e meio, moram juntos em Rio Claro, interior de São Paulo, onde treinam. Vivem e respiram o esporte que amam. Estão juntos em casa, nos treinos e na Seleção Brasileira. Mais do que um casal apaixonado, um torce pelo outro, um é o fã número 1 do outro. Juntos, eles vieram para Lima, se prepararam na Escola Naval de Callao e viveram a glória de subir no pódio do ginásio da Villa Deportiva da cidade. Ela foi prata no sábado. Ele, ouro no domingo. Na volta para casa, que vai acontecer nos próximos dias, a bagagem deles estará mais pesada por conta de um objeto dourado e outro prateado.
“Agora, vamos com essa de ouro, que é mais bonita ainda. A bagagem vai estar um pouco mais pesada”, brincou Talisca Reis, que, assim como o namorado Netinho, veio a Lima com o objetivo de subir no lugar mais alto do pódio. Mas, não conseguiu. Depois de vencer duas lutas, foi derrotada na disputa pelo ouro pela mexicana, e ficou com a medalha de prata. Após o pódio, os sentimentos eram contraditórios. Ela estava feliz pelo pódio, mas triste porque sabia que queria (e podia) ter conseguido mais. A derrota dela, no entanto, serviu de exemplo e motivação para Netinho escrever a história do jeito que ele fez no dia seguinte.
“A semifinal dela já foi bastante difícil. Quando ela ganhou, eu já fiquei meio nervoso, e aí quando ela perdeu a final para a mexicana, eu fiquei meio triste e a Natália (Falavigna, coordenadora da Seleção Brasileira) veio falar comigo preocupada. Mas eu disse para ela não esquentar e que isso (derrota da Talisca na final) ia me dar um estímulo a mais para pegar a medalha de ouro”, conta o atleta.
Dito e feito! Depois de três lutas, Netinho conseguiu colocar no peito a sonhada medalha de ouro. “Eu fico muito feliz, muito contente por ele e por mim também porque a prata também tem aquele gostinho de ouro”, diz Talisca. “A gente não teve muitos momentos na hora que ele ganhou a medalha porque ele já foi para o pódio. Mas eu fiquei só de longe observando, com aquela gratidão imensa, de ver a felicidade estampada no rosto dele”.
Fonte: Olimpíada Todo Dia