Nesta quarta-feira, 15, estudantes, professores, trabalhadores da educação e sindicalistas foram às ruas em um ato contra o bloqueio do repasse de verbas para educação anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) e contra a reforma da Previdência.A movimentação foi convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), recebendo apoio de outras entidades.
A paralisação foi anunciada pela CNTE como uma mobilização nacional contra o corte de 30% no orçamento de 2019 para todas as universidades e institutos federais de ensino do país. Além disso, os atos espalhados em todo o país, também representam manifestação contrária a possibilidade de extinção da vinculação constitucional que assegura recursos para o setor e a proposta de reforma da Previdência.
Segundo o MEC, o bloqueio de recursos se deve a restrições orçamentárias impostas a toda a administração pública federal em função da atual crise financeira e da baixa arrecadação dos cofres públicos. Conforme a UNE, o contingenciamento coloca em risco a manutenção e a qualidade das universidades públicas, além de prejudicar os alunos atuais e também os jovens que cursam o ensino médio e veem ameaçada a possibilidade de ingresso no ensino superior.
Segundo a CNTE, os atos estavam previstos nas 27 capitais brasileiras e em várias outras cidades do país. De acordo com a Secretaria de Educação da Prefeitura de Juiz de Fora, 90% das escolas municipais aderiram à greve nacional. Na cidade, o ato teve início às 14h na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Um grupo de aproximadamente mil pessoas se reuniu na Praça Cívicada instituição para dar início ao ato, que aconteceu simultaneamente em todo o país, e caminharam da UFJF em direção a região central da cidade. Durante o percurso, foram feitos gritos de ordem contra as ações do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Esse ato é extremamente importante porque é a população, são os estudantes, as professoras e professores, todos se colocando contra a corte de verba na educação, das universidades”, disse a professora da UFJF, ClaúdiaLahni. “Estamos aqui hoje, como em todo o Brasil, em defesa da educação, da universidade pública gratuita para todos”, finalizou.
Por volta das 17h, manifestantes se agacharam e fecharam a Avenida Presidente Itamar Franco, próximo ao acesso à Rua Santo Antônio. Eles tentaram negociar com a Polícia Militar (PM) a passagem pela Avenida Rio Branco. Os militares presentes disseram que a escolha por seguir pela Avenida comprometeria a segurança dos manifestantes, transeuntes e motoristas em geral, por conta do horário de pico. Após uma conversa entre organizadores e militares, o ato seguiu pela Avenida Rio Branco, em direção ao Parque Halfeld,onde os manifestantes se encontraram com os representantes das categorias também envolvidas no protesto, como o Sindicato dos Professores (Sinpro) e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas.
“A importância do ato que acontece em todo o país é demonstrar que as universidades públicas produzem conhecimento e necessitam das verbas para manutenção, não só da qualidade, mas do básico mesmo”, disse Thainá Almeida, advogada e ex-estudante da UFJF. Ela ainda acrescenta que o que foi realizado hoje é também para mostrar que o Brasil precisa de investimento em educação para se desenvolver. “Além disso, é importante para demonstrar para o governo, para o presidente do país, que sem investimento em educação o Brasil não vai se desenvolver nos próximos anos e que esses cortes foram feitos de forma arbitrária, justamente com propósito de certa vingança política contra as universidades, principalmente aquelas que se manifestaram contra algumas medidas trazidas pelo presidente”, disse.
A advogada ainda se pronunciou sobre a fala de Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira, 15, em Dallas, no estado norte-americano do Texas, ao chamar os manifestantes que protestam contra o bloqueio de “uns idiotas úteis, uns imbecis”.“Só demonstra a ignorância dele a respeito do papel das universidades, dos institutos federais e dos colégios na educação cívica. Ele também demonstra ignorância contra o próprio conceito de democracia. A democracia é feita pelo o povo e junto com o povo”, disse. Ela ainda acrescentou que “ele querer qualificar as pessoas que estão indo protestar contra as medidas apresentadas pelo governo dele só demonstra que ele não é preparado para lidar com a democracia em si”, finalizou.
Além de estudantes e das demais instituições presentes, também participaram do movimento representantes do Coletivo Maria Maria, do Fórum de Mulheres 8M, da Associação dos Professores do Ensino Superior (Apes), do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFJF (Sintufejuf), Sindicato dos Metalúrgicos, entre outros.
Após a concentração no Parque Halfeld,os manifestantes deram continuidade ao ato seguindo pela Avenida Rio Branco, passando pela Floriano Peixoto, Avenida Getúlio Vargas e desceram a via no sentido da Praça da Estação.
O CASO
No dia 30 de abril, o ministro Abraham Weintraub, disse que o Ministério da Educação (MEC) irá promover corte de verbas de universidades que não apresentarem bom desempenho e estiverem promovendo “balbúrdia” em seus campus.
A informação foi divulgada pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo. Segundo ele, a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) já tiveram parte da verba orçamentária anual bloqueada. Além dessas instituições, ainda foi informado que a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estaria sob avaliação. Posteriormente, a UFJF emitiu um comunicado referente às verbas da instituição que foram bloqueadas.