Mudança do Núcleo do Cidadão de Rua para Avenida Brasil provoca protesto

Moradores, comerciantes e estudantes dos bairros Santa Tereza, Poço Rico, JK, Aracy e Bairro de Lourdes reuniram-se nesta terça-feira, 14, em frente ao prédio onde será instalado o Núcleo do Cidadão de Rua, na Avenida Brasil, nº 265. Com gritos de “Não, não! Abrigo não!”, moradores realizaram manifestação para questionar a mudança de local do albergue.

O Núcleo do Cidadão de Rua é administrado pela Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC) e acolhe a população em situação de rua da cidade, em regime de albergue. Com 150 leitos, o espaço fornece jantar e café da manhã, além de banho e leito para pernoite. O imóvel onde o albergue estava funcionando – na Rua José Calil Ahouagi, no centro de Juiz de Fora – foi apontado pelo Ministério Público como local de risco. O novo espaço, que fica entre os bairros Costa Carvalho e de Lourdes, é um imóvel de três andares que está sendo reformado.

Por ser próximo a um posto de gasolina, a duas igrejas e a três escolas, os moradores da região alegam preocupação com o aumento da violência no local. Hugo Ribeiro, que reside no bairro Costa Carvalho, ressalta o receio com problemas de policiamento na região após a abertura do albergue. “A 135ª Companhia, que é a responsável pelo policiamento aqui da nossa área, tem uma demanda muito grande porque atende todas ocorrências desde o Vitorino Braga até Sarandira. E além disso, a companhia tem metade do efetivo no centro”, explica.

A comunidade entrou com uma ação coletiva na justiça comum, solicitando o embargo da obra alegando vulnerabilidade social da área. Além disso, há duas ações em trâmite na justiça com a intenção de impossibilitar a instalação do Núcleo do Cidadão de Rua na Avenida Brasil: uma delas na Vara da Fazenda e a outra na Vara da Infância e Juventude.

Os presidentes das Associações dos Moradores do Poço Rico, do bairro de Lourdes e do Costa Carvalho questionam a ausência de um estudo de impacto social antes da assinatura do contrato. O comerciante Thanus Lancini conta que receberam a informação da possibilidade de alteração do albergue em setembro do ano passado e que, desde então os moradores estão se esforçando para serem ouvidos pela Prefeitura. “Não somos contra o albergue, reconhecemos o trabalho social realizado. Mas tem que ser colocado em uma área adequada, com debate do poder público com os moradores e é preciso fazer um estudo de impacto social”, argumenta.

A Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal se reuniu duas vezes com a Prefeitura para discutir a transferência do Núcleo do Cidadão de Rua para a Avenida Brasil. Os encontros tiveram a participação de moradores e comerciantes da região, além de representantes da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Amac.

O presidente da Comissão, vereador Sargento Mello Casal (PTB), conta que na primeira reunião a Prefeitura negou que o albergue seria instalado no local. “Inicialmente, disseram que iriam rever a situação. Na semana seguinte, já apareceram com o contrato assinado e, até o momento, não temos informação concreta sobre a instalação. Nós esperamos que essa situação seja revista e que seja feita alteração na infraestrutura do imóvel atual do Núcleo do Cidadão de Rua, visto que o proprietário do imóvel já se prontificou a fazer as obras”, ressalta. O vereador solicitou, durante o último período legislativo, audiência pública para debater a mudança de local do albergue. “Pode trazer insegurança para mais de mil crianças, então o assunto precisa ser discutido. Hoje a comunidade fez questão de ir às ruas para mostrar a sua insatisfação e é preciso cobrar a verificação do que está sendo feito”, afirma Mello Casal.

 

Fonte: CMJF




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