Relativamente jovem (tem apenas 42 anos de idade) e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yuval Noah Harari está em evidência, lançando agora o seu terceiro livro de sucesso. É a vez do “21 lições para o século 21”, em que afirma que a tecnologia de informação e a biotecnologia ameaçam os valores de liberdade e da igualdade.
O terceiro ensaio sobre a civilização saiu com 5 milhões de exemplares de pré-venda, sinal de que o autor israelense está sendo recebido com entusiasmo pelos leitores, que acolheram com êxito os seus livros anteriores: “Sapiens, uma breve história de humanidade” (2011) e “Homo Deus, uma breve história do amanhã” (2016). Previu neste segundo livro que os seres humanos irão se tornar deuses e controlar a natureza e a consciência, até serem controlados por algoritmos.
O autor tende a valorizar o potencial apocalíptico da tecnologia. Harari põe o dedo em três questões fundamentais: a possibilidade de uma guerra nuclear, o aquecimento global e a revolução tecnológica. Não são problemas que possam ser resolvidos por somente uma nação.
Ele oferece sugestões para neutralizar a estupidez. Pede para cultivar a clareza de pensamento, a fim de que se compreenda o significado de eventos como a desilusão política, o pânico social e as perturbações tecnológicas. Para ele, “clareza é poder.”
Chama a sua atenção o fato de que muitos empregos, em breve, serão substituídos no mercado de trabalho. A inteligência artificial (IA) poderá levar países inteiros ao colapso e consequente ondas de caos e violência, daí a preocupação que se deve ter com as fake news. Ele tem muito cuidado com os chamados espíritos críticos.
Numa entrevista dada à revista Veja, Harari fez a suposição de que o Brasil proibisse armas autônomas e bebês geneticamente modificados. De que isso adiantaria se os Estados Unidos produzissem robôs assassinos e os engenheiros chineses fizessem humanos geneticamente aperfeiçoados? A consequência seria que o Brasil se sentiria tentado a quebrar a própria proibição para não ficar atrás.
O autor israelense tem uma realidade ampla de perspectiva mundial: “O governo brasileiro não consegue proteger o país da guerra nuclear ou do aquecimento global, a menos que coopere com a China, os Estados unidos e a Rússia”. Harari tem uma visão interdependente, sobretudo considerados os países potencialmente mais fortes do planeta.
Se levarmos em conta o passado, o presente e o futuro, nas três obras do autor sabra, teremos a visão de um estudo sério e abrangente sobre o que entendemos seja o caminho da humanidade.