Ver as coisas sob o seu Aspecto Absoluto
Os planos devem ser grandiosos, pois os pequenos planos não são atraentes. To Infelizes são os que veem todas as coisas à luz de seus interesses particulares. Pesar os interesses é ver o aspecto relativo de uma coisa, de um fato etc., e não o seu aspecto absoluto. Desse modo, não é possível captar o verdadeiro aspecto das coisas. É necessário aprender a observar todas as coisas e fatos com o espírito mais imparcial.
Com que finalidade as flores desabrocham? Elas simplesmente desabrocham, sem buscar coisa alguma. Se algumas pessoas, vendo uma flor, pensam que ela desabrochou com o objetivo de atrair insetos e através deles satisfazer algum desejo sensual, ou que ela desabrochou para atingir um objetivo utilitário, isso é porque elas próprias são pessoas sensualistas ou utilitaristas. O aspecto visto por essas pessoas não é o aspecto verdadeiro da flor, mas sim reflexo da imagem que existe dentro de suas próprias mentes.
As flores desabrocham porque a Vida nelas desa-brocha. Tão simples e natural! Elas não desabrocham por sacrifício, movidas por ideias complicadas ou por interesse, tendo como intuito alcançar objetivos utilitários ou de reprodução, contando com o auxílio dos insetos para a polinização. Elas simplesmente desabrocham. Após elas desabrocharem, a Vida, por um processo natural, faz com que os insetos efetuem a polinização e torna possível a proliferação da espécie.
O fato de um músico compor e tocar músicas, de um escritor criar obras literárias, ou de um religioso ou um filósofo pregar a Verdade e ensinar o caminho, também é como o desabrochar da flor: é “ser simplesmente aquilo que deve ser”.
Os Sofrimentos e as Alegrias da Juventude
A juventude é a primavera da vida. O jovem desperta para todas as coisas boas e belas: Começam a brotar em seu coração formas de amor e alegria que ele não conhecia até então.
Naturalmente, ele vivenciou o amor na sua infância: era amado pelos pais, amava-os, e amava também os animais de estimação da família. Mas ele praticamente não tinha consciência dessa vivência de amor. Era uma afeição natural entre os que convivem na mesma casa, unidos por um vínculo estreito.
Entretanto, ao entrar na juventude, a pessoa conhece uma nova forma de amor. Assim o jovem sente o coração bater com força e chega a ficar trêmulo quando vê uma determinada jovem que mal conhece. É uma espécie de amor que ele desconhecia até então. Ele sente vontade de abandonar tudo e ajoelhar-se aos pés dessa pessoa; daria sua vida por ela se fosse necessário, embora não seja de sua carne e seu sangue. Por que ocorre esse sentimento tão intenso? É que nele desperta a “consciência de amor” que o faz intuir que sua Vida e a dessa pessoa são intrinsecamente unidas, embora estejam alojadas em corpos diferentes.
Um jovem realmente apaixonado sente-se feliz pelo simples fato de ficar perto da amada e fitá-la nos olhos. Só de sentir que está ao lado dela, o seu coração se enche de alegria. Seu amor transcende o físico: é o amor-êxtase, o “amor-exultação”. É um sentimento tão puro, que transcende o desejo carnal. Entretanto, a juventude é também a época em que o desejo sexual surge com grande ímpeto. Então, o jovem que sente um amor puro por uma moça repugna a impureza do próprio desejo e pergunta a si próprio se é digno de amar aquela criatura sublime, imaculada.