No dia 3 de fevereiro de 2017, numa sexta-feira, o Brasil perdia um de seus grandes educadores: Fernando Gay da Fonseca, aos 93 anos. Nascido em Porto Alegre, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e pós-graduouem Administração Pública e Sociologia pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Foi professor, por mais de 40 anos, da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), além de ter exercido diversas atividades acadêmicas e profissionais no Brasil e no exterior. Podemos enumerar algumas dessas atuações: assessor jurídico (por concurso público), diretor administrativo do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, Secretário de Estado dos Negócios do Interior e Justiça (responsável pelas secretarias de Educação e Cultura) e governador do Estado (em função do licenciamento do então governador Ildo Meneghetti, na década de 1960).
Dono de uma cultura que provocava admiração em todos os que o cercavam, Fernando Gay da Fonseca acabou se aventurando no campo político, tendo sido eleito deputado e senador. Mais tarde, desenvolveu um bom trabalho como Secretário de Estado dos Negócios do Interior e Justiça e como governador do Estado do Rio Grande do Sul. Ele teve também a oportunidade de mostrar no exterior as suas qualidades de diplomata, na defesa das questões nacionais, quando integrou, nos anos 1960, a delegação brasileira na Assembleia Geral das Nações Unidas. Sem falar em outros encontros e seminários nos continentes africano, asiático e europeu. Essa rotina internacional o levou, inclusive, a residir em Paris, Genebra e Nova Iorque.
Particularmente, gosto de falar sobre as qualidades de Fernando Gay da Fonseca no período em que ele presidiu o antigo Conselho Federal de Educação (hoje, Conselho Nacional de Educação), num convívio prazeroso e produtivo. Ele foi indicado em 1978, passando a integrar a Câmara de Legislação e Normas do Conselho. Em 1986 foi eleito presidente do Conselho, permanecendo na função até o ano de 1989, ano em que teve que assumir outra tarefa gloriosa e edificante: a subchefia da delegação do Brasil na 40ª Conferência Internacional da Educação, realizada em Genebra. Aliás, durante a sua gestão, presidi com muito zelo e cuidado a Câmara de Ensino Superior desse importante órgão normativo da educação brasileira, no período de 1989 a 1992.
Nos anos 1980 eu fazia parte da direção do grupo Bloch, e criamos naquela época o “Prêmio Manchete de Educação”, uma homenagem ao Dia do Professor. Dez personalidades representativas de educação brasileira eram escolhidas para receber a honraria. Na quarta edição do prêmio, em 1989, Fernando Gay da Fonseca foi um dos agraciados. Em 2003, ele foi eleito para a Academia Brasileira de Educação, ocupando a cadeira de número quatro, tendo sido recepcionado pela educadora Terezinha Saraiva.
Durante toda a sua existência, Fernando Affonso Gay da Fonseca desenvolveu diversas tarefas e atribuições, como advogado, secretário de Estado, governador, senador, deputado federal e conselheiro. Mas de uma coisa ele sempre teve certeza: ser lembrado como professor. Isso era o fazia feliz e realizado. É essa personalidade que ora recordamos como um preito de justiça e saudade.