Pais devem acompanhar a uso das redes sociais pelos filhos

A internet vem ganhando cada vez mais o espaço entre a população, se tornando uma das principais fontes de consumo de notícias e entretenimento. Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp, entre outras redes sociais, vêm substituindo o contato pessoal pelo contato virtual com as pessoas.

Uma pesquisa divulgada em 2016 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil mostrou que 87% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos têm perfil em redes sociais. Do grupo, 68% acessam a internet mais de uma vez por dia. Segundo informações do estudo TIC Kids Online Brasil, 11% dos entrevistadosentre 9 e 17 anos de idades acessaram a internet pela primeira vez antes dos 6 anos de idade.

Um dos principais meios utilizados por esses jovens para navegarem na internet é o celular. Ainda segundo dados da pesquisa TIC Kids Online, em 2017, 44% de jovens entre 9 e 17 anos acessa a rede somente pelo telefone móvel.

Negar o acesso à internet é praticamente impossível, ainda mais vivendo em uma sociedade completamente tecnológica. Hellen Amaral, psicóloga, orienta aos pais que acompanhem os acessos virtuais dos filhos da mesma forma como é feito no mundo real. “É importante que os pais estipulem uma faixa de horário para que os filhos fiquem na internet porque hoje a tendência é que a criança ou o adolescente vá ficando online pelas inúmeras atividades que ela encontra na internet. Isso é importante também até para que não atrapalhe as atividades da escola”, disse. Outro ponto ressaltado pela profissional é a atenção para sites com conteúdo maior de 18 anos. “É importante que nas configurações o responsável restrinja a entrada em sites pornográficos ou com algum conteúdo que possa trazer algum perigo para a criança ou o adolescente que está acessando”, orienta.

Quando se trata das crianças e adolescentes criando seus próprios perfis nas redes sociais, Hellen orienta sobre a importância de o responsável ter acesso ao perfil. “É sempre importante que o pai ou a mãe tenha a senha, que sempre esteja analisando comentários e mensagens que chegam para os filhos, veja com quem essa criança ou adolescente está conversando porque existem perfis que podem causar algum risco”, disse.

A psicóloga comenta que não existe uma idade indicada para que um perfil em rede social seja criado, mas destaca que não recomenda que uma criança de 12 anos tenha um perfil em rede social e ressalta que, nestes casos, é importante um diálogo entre pais e filhos na hora de decidir sobre a inserção dessa criança ou adolescente neste meio virtual. “É preciso existir o diálogo sobre a importância dos cuidados e o perigo disso. A internet é um mundo cheio de perigos e lugares onde a criança ou o adolescente não está apto e maduro para poder entrar. Eu não recomendaria, como psicóloga, que uma criança de até uns 12 anos tivesse uma rede social, mas é muito difícil controlar isso nos dias de hoje. Então, se há essa demanda, o responsável deve estar sempre monitorando, ter a rede ‘logada’ ao mesmo tempo em seu aparelho porque assim você saberá o que chega para ele chegará para você também”, disse.

Hellen também fala sobre pais que usam a internet e outros meios tecnológicos como uma maneira de distrair os filhos para os mesmos não ‘darem trabalho’. Foto: Rafaela Frutuoso

Para Hellen, com o fácil acesso à internet a busca de informações por parte das crianças e adolescentes se torna ainda mais incontrolável. “Antigamente escutávamos as coisas e perguntávamos para nossos pais o que eram essas coisas e hoje em dia se você tem uma dúvida você pesquisa no Google e tem acesso a vários links com diversas informações que não sabemos nem a procedência”, explica. Com isso, a profissional destaca que crianças entre 11 e 12 anos, por exemplo, possuem algumas informações que não precisavam saber e isso faz com que ela perca “aquela coisa da infância”.

Além disso, Hellen também fala sobre pais que usam a internet e outros meios tecnológicos como uma maneira de distrair os filhos para os mesmos não ‘darem trabalho’. “Sendo assim, terceirizando os cuidados da criança para a internet é uma demanda que tem preocupado. É comum estarmos em um lugar com uma criança de 3 ou 4 anos, que ainda não é alfabetizada, chorando e o pai pega um tablet e coloca um desenho e entrega para a criança assistir e com isso ela fica quieta”, disse. Ela ainda comenta que a ação traz, apenas, uma solução momentânea. “Naquele momento aquilo traz um sossego para os pais, mas o que a criança está querendo dizer com aquele choro, até que ponto os problemas da criança com aquele choro vão ser resolvidos e quem disse que a nossa atenção a partir das redes ou dos jogos”,ressaltou Hellen.

Ela ainda ressalta que as crianças não alfabetizadas podem, por um descuido, ver imagens que possam trazer diversos registros para ela que não são corretos. Através dos perfis, vídeos e fotos, textos descrevendo momentos vividos e até mesmo localizações são compartilhadas, ultrapassando o limite da privacidade.

A psicóloga Hellen Amaral faz um alerta, não só sobre crianças e adolescente, mas de uma forma geral. “Deveria existir um limite até para nós adultos. As pessoas ultrapassaram o limite da privacidade, do que é fotografado ou filmado, o que é exposto e muitas vezes a criança e o adolescente estão ali vendo e compartilhando aqui e vivenciando várias questões que eles não estão preparados para vivenciar e a gente também”, disse.

Ela comenta sobre ter conhecimento de pessoas que optam por sair das redes sociais por, por exemplo, estarem envolvidas em várias discussões naquele espaço que não tem fim. “São muito desgastantes e aquilo cria um peso para a vida da pessoa e isso a criança ou adolescente não consegue dimensionar, não consegue ter a noção do ‘até que ponto eu vou?’ ou ‘até que ponto isso é estressante para minha vida?’.Esses adolescentes não conseguem identificar que a tecnologia, a internet, como gatilho de possíveis crises de ansiedade ou depressão”, explica. A dica para pais e filhos é o ‘bom senso’.

Hellen orienta que como temos horários para tudo na vida, estudar, trabalhar, é preciso estabelecer um horário para utilizar a internet e ressalta a importância do monitoramento dos responsáveis. “Precisamos ter horário para isso. Estamos sendo tomados por essas demandas e estamos deixando de produzir na nossa vida real. Assim como adultos precisam ter esses horários, crianças e adolescentes precisam ter esse horário ainda mais restrito. A vida da gente é muito mais que aquilo na internet, é uma vida real”, conclui.




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