O “Janeiro Branco”, considerada a maior campanha do mundo realizada em prol da importância do cuidado da Saúde Mental e Emocional, está na sua 6ª edição este ano. Durante todo o mês, ações, orientações e reflexões a respeito das condições e características mentais e emocionais são desenvolvidas em todo o país.
De acordo com estudos apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde (MS) do Brasil, apontam que o país tem vivenciado um crescimento em problemas relacionados à Saúde Mental e Saúde Emocional dos indivíduos e da sociedade em geral. Conforme dados da OMS, de 2017, a sociedade brasileira é a recordista latino americana em casos de depressão, é a campeã mundial quando se trata de ansiedade e a 4ª colocada em relação ao crescimento de taxas de suicídio entre jovens da América Central e da América do Sul.
A campanha, que surgiu em 2013 em Uberlândia – Minas Gerais–, e começou a ser executada em 2014, é realizada no mês de janeiro porque acredita-se que este seja um mês em que as pessoas se movimentam naturalmente para uma mudança de vida ao iniciar um novo ano. Sendo este o momento de estabelecer novas metas e propósitos e revisar os comportamentos para saber o que devem ou não mudar. A psicóloga clínica, Hellen Amaral Rodrigues, destaca que é importante tratar da Saúde Mental e Emocional porque passamos por muitas situações do dia a dia que nos levam ao estresse e ao desgaste emocional. “Já temos o hábito de cuidar do nosso físico. Eu costumo dizer para as pessoas que frequentam meu consultório que nós já cuidamos dos dentes, do corpo, e também temos que cuidar da nossa parte emocional. A gente não pode achar que simplesmente resolve isso sozinho, precisamos de um espaço, de falar sobre isso”, disse.
Muitas pessoas ainda ficam receosas a aceitarem que precisam de ajudar para trabalhar estes problemas. A psicóloga acredita que ainda há uma crença social de que essas são áreas que só cuidam de pessoas ‘malucas’, assim julgadas pela sociedade. “Não existe um conceito de normalidade. Não existe um padrão daquilo que é normal e do que é patológico. Esse preconceito é existente pela falta de conhecimento das pessoas”, disse. Doenças como depressão, transtorno de ansiedade, do pânico, transtornos de estresse, entre outras, podem ser desenvolvidas pela falta de cuidado emocional. “Atualmente, as pessoas estão relatando mais que estão ansiosas ou depressivas, mas não conseguem ver isso como uma questão passível de ser tratada com a psicologia ou com a psiquiatria”, comenta.
A profissional destaca que estar com a saúde emocional ou mental abalada pode afetar em tudo na rotina. “Isso repercute de todas as formas na nossa vida. Você rende menos no trabalho, dorme e se alimenta mal. Com isso vamos nos estressando com familiares e pessoas próximas, não conseguindo socializar direito.A gente não consegue agir como iríamos agir se estivéssemos bem emocionalmente”, explica.Falar sobre si mesmo é um dos principais pontos destacados por Hellen, que orienta que as pessoas busquem terapia.“A terapia é essencial para todas pessoas que façam tratamento psiquiátrico ou não. Hoje em dia, vivemos em uma correria e não temos espaço para falar da gente, tentamos passar uma visão, através das redes sociais, aquela parcela da vida que a gente quer que as pessoas vejam, mas não aquilo que a gente de fato é. Um boa saída é ver um espaço onde você possa falar sobre os acontecimentos da sua vida, das suas coisas, sem medo passar por algum julgamento”, disse. Praticar meditação exercício físico também surgem como dicas da profissional, que destaca a importância das pessoas começarem o dia aos poucos, sem correria. “As pessoas têm começado o dia pegando direto o celular para ver já o que tem que fazer e quantas mensagens responder, e começa o dia naquele afobamento e os problemas típicos do estresse também começam. A gente tem que começar o dia engrenando aos poucos e não na correria”, conclui.
AJUDA DE UM PROFISSIONAL
Para a psicóloga clínica, Hellen Amaral Rodrigues, ainda há um receio das pessoas em buscar a ajuda de um psicólogo, por exemplo, para tratar desses assuntos. Ela destaca que “as pessoas não precisam ir ao psicólogo e já estabelecer um compromisso de fazer terapia. Antes que a pessoa diga que ela não se adapta ao processo de terapia ou que não gosta, eu digo para que ela vá conhecer, chegue lá e fale sobre si e acredite”, finaliza.