Mais de um milhão de pessoas sofrem queimaduras no Brasil por ano

As queimaduras são separadas em três tipos e classificadas de acordo com a causa. Podem ser classificadas como queimaduras térmicas, que são provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes ou excesso de exposição ao sol. Outro tipo são as químicas, sendo estas provocadas por substância química em contato com a pele ou mesmo por meio das roupas. Já as por eletricidade são provocadas por descargas elétricas.

Além do tipo, as queimaduras também são classificadas baseando na profundidade da lesão. Sendo classificadas de 1º grau as queimaduras que atingem apenas as camadas superficiais da pele e tem como sintomas vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas. Já as de 2º grau são mais graves. Nesse grau de profundidade as queimaduras atingem as camadas mais profundas da pele, apresentando bolhas, pele avermelhada, manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele e possível estado de choque. Queimaduras de 3º grau são as mais graves, atingindo todas as camadas da pele e podem chegar aos ossos. Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou carbonizada.

No Brasil, cerca de um milhão de pessoas sofrem com queimaduras a cada ano. Segundo as informações do Ministério da Saúde, as maiores vítimas são crianças e pessoas de baixa renda. Entre o período de 2013 e 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 15 mil casos de internações em crianças de idade entre zero e 10 anos por queimadura.

Uma pesquisa apresentada na Conferência da Academia Americana de Pediatria (AAP) em 2018 aponta que sopa e macarrão instantâneos, feitos pelas crianças, no microondas, causam pelo menos duas de cada 10 queimaduras que as levam aos departamentos de emergência a cada ano. O estudo também mostra que essas queimaduras afetam mais de 9.500 crianças anualmente, entre quatro e 12 anos. A idade de pico para lesões instantâneas causadas por derrames de sopa é de sete anos. Os pesquisadores também descobriram que a área mais comumente queimada do corpo era o torso da criança, compreendendo 40% das lesões. Cerca de 57% das crianças queimadas eram do sexo feminino. Para construção da pesquisa, pesquisadores utilizaram dados do Sistema Nacional de Vigilância de Lesões Eletrônicas, entre 2006 e 2016, para identificar pacientes pediátricos cujas queimaduras foram causadas por “sopa instantânea”, “macarrão instantâneo”, “xícara de sopa” ou “água para fazer sopa instantânea”.

Uma pesquisa apresentada na Conferência da Academia Americana de Pediatria (AAP) em 2018 aponta que sopa e macarrão instantâneos, feitos pelas crianças, no microondas, causam pelo menos duas de cada 10 queimaduras que as levam aos departamentos de emergência a cada ano. Foto: Ilustrativa

No caso das crianças, se a queimadura atingir 10% do corpo, há risco de morte. Já em adultos, o risco existe se a área atingida for superior a 15%. Centros de tratamento especializado para esse tipo de lesão estão espalhados pelo País.

Apesar de ser um acidente recorrente em todo o país e com números altos, muitas cidades brasileiras não possuem Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQ). Juiz de Fora é uma delas. No município, os pacientes do SUS que sofrem queimaduras são atendidos nos hospitais públicos normalmente, mas sem a atenção de uma ala especializada em queimados. De acordo com o secretário adjunto de saúde, Márcio Itaboray, os casos graves precisam ser transferidos para Belo Horizonte. “Pelo SUS são levados para os nossos hospitais de referência dependendo do grau da queimadura. Como não temos Centro de Tratamento de Queimaduras em Juiz de Fora, em casos mais graves os pacientes são transferidos para Belo Horizonte”, explica. Itaboray ainda pontua que Juiz de Fora não recebe um alto índice que queimaduras consideradas do tipo grave. “Nossos profissionais prestam muito bem o serviço, mas seria ótimo se tivéssemos um CTQ em Juiz de Fora, mesmo não tendo um alto número de queimaduras graves”, comenta.

PRIMEIROS SOCORROS

Em casos de lesões de menor gravidade em pequenas porções do corpo, alguns cuidados são recomendados.

  • colocar a parte queimada debaixo da água corrente fria, com jato suave, por, aproximadamente, dez minutos. Também é indicado usar compressas úmidas e frias. Se houver poeira ou insetos no local, deve-se manter a queimadura coberta com pano limpo e úmido.
  • nunca se deve tocar na queimadura com as mãos, furar as bolhas, descolar tecidos grudados na pele queimada ou retirar corpos estranhos ou graxa do local queimado.
  • outra orientação é não aplicar manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra substância sobre a queimadura.
  • a maior orientação é consultar um médico para saber quais medicamentos devem ser aplicados sobre o local afetado e qual o tratamento mais adequado.




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