Resolução amplia possibilidade de atendimento psicológico online

Em tempos de tecnologia e internet à disposição, o atendimento psicológico online virou uma realidade no Brasil e no mundo. Apesar de alguns profissionais ainda verem com certa desconfiança esse tipo de serviço, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) elaborou uma nova resolução sobre o tema para garantir a fiscalização e a aplicação de padrões éticos nos atendimentos via internet. A medida entrou em vigor este mês.

Com as novas regras, cada profissional precisará se cadastrar no site do CFP, preenchendo um formulário que pede dados pessoais e profissionais, detalhes do serviço que será prestado, indicação das plataformas que serão utilizadas, entre outras informações. Os cuidados que serão tomados em relação ao sigilo do paciente também precisam ser descritos.

A psicóloga Elisângela Pereira conta que só vê benefícios no uso da internet nas sessões de psicologia. “Facilita muito a vida do paciente, principalmente dos que se queixam de falta de tempo, de agenda muito apertada. Única ressalva que o Conselho faz é em casos extremamente graves, onde é melhor que o atendimento seja feito presencialmente. Para esses pacientes, o contato com o profissional é muito importante, o contato físico, muitas vezes o abraço e o acolhimento podem fazer toda a diferença”, explica ela. Essa vedação de atendimentos é explícita na resolução publicada pelo CFP, que aponta que para os pacientes em situação de violência, violação de direitos ou que forem vítimas de desastres os atendimentos online são vedados. A justificativa é de que esse tipo de paciente está em um nível de vulnerabilidade maior, precisando, portanto, de apoio psicológico presencial. Outro ponto destacado na resolução é que crianças e adolescentes só podem ser atendidos por plataformas online se houver concordância dos pais.

O uso da tecnologia na profissão é uma discussão antiga que vem desde a década de 90. A resolução que vigorava até então sobre os atendimentos online era de 2012 e, apesar de aceitar esse tipo de serviço, previa inúmeras restrições, entre elas, os tipos de plataformas utilizadas e o número de seções online, que não podia ultrapassar 20 por ano para cada paciente.“Acredito que essa ampliação de possibilidade de atendimento para qualquer tipo de meio digital, pode ajudar muitas pessoas que têm dificuldades de chegar ao consultório, seja por certa timidez ou vergonha, ou aquelas que estão fora do país ou mesmo que moram aqui mas estão em cidades que não oferecem esse tipo de tratamento. Acho que a resolução é excelente e já estava na hora de acontecer”, pontua Elisângela.

A arquiteta Fernanda Rodrigues, de 26 anos, é uma das adeptas da consulta online. Depois de fazer o atendimento de forma presencial por alguns anos, a jovem precisou mudar de cidade em 2017, mas não queria perder o vínculo com a psicóloga que a acompanhava. Para isso, a internet foi fundamental. “Havia acabado de mudar para um lugar onde não conhecia ninguém, isso por si só já era um grande desafio, não queria também ter que trocar a minha terapeuta. Naquele momento de mudança, tudo que eu precisava era de segurança. Poder manter meu atendimento com alguém que eu já confiava foi muito importante nesse processo”, explica. Ela conta também que na época o limite de sessões foi um desafio, porque muitas vezes ela sentia vontade de ter uma sessão extra, mas ficava com medo de ultrapassar o número total de atendimentos permitidos na regulamentação. Com a mudança, os pacientes não precisam mais se preocupar, uma vez que esse limite de sessões foi extinto.

 




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