Pesquisa aponta que cerca de 80% dos brasileiros se automedicam

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) mostra que 79% das pessoas com mais de 16 anos admitem tomar remédios sem prescrição médica. O levantamento foi feito em setembro em 129 municípios das cinco regiões do Brasil, contando com 2.126 pessoas a partir dos 16 anos.

De acordo com os dados da pesquisa, dor de cabeça, febre, resfriado e dores musculares estão entre os principais sintomas que levam o brasileiro a se medicar.Bárbara Penasso, farmacêutica, acredita que a praticidade é um dos motivos da automedicação. “A opção da automedicação é muito mais atraente e simples do que marcar uma consulta médica. Essa é uma prática cada vez mais frequente entre os jovens. Eles se automedicam como uma solução prática e rápida. Os pais precisam ficar atentos, pois essa prática pode causar efeitos adversos e até mascarar algumas doenças”, disse. Analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e antitérmicos estão entre os principais medicamentos mais consumidos.

No geral, o percentual é o maior desde que a pesquisa começou a ser realizada pelo ICQT. No levantamento de 2014, 76,2% das pessoas diziam automedicar-se, enquanto 72% afirmaram o mesmo em 2016. Na nova pesquisa, o maior porcentual de automedicação foi observado entre adultos de 25 a 34 anos, com 91%. O estudo aponta que o imediatismo e o maior acesso à internet estão entre os motivos para o aumento do uso de remédios por conta própria. Anelisa Lourenço Fonseca também é farmacêutica. Segundo ela, a automedicação também ocorre, muitas vezes, por indicação de outras pessoas. “Uma vez um de nossos clientes sofreu um acidente de moto e uma pessoa indicou determinado medicamento para que ele fizesse uso e esse medicamento não ajudaria em nada nessa situação. Às vezes as pessoas escutam muito ‘terceiros’ que não têm conhecimento e não sabem para o que serve o remédio”, comenta.

A pesquisa também divulga dados separados por região. A região que lidera no ranking da automedicação é a região Sul, com 85%. O Norte e Centro-Oeste somam 80%, o Nordeste apresenta 78% e a região Sudeste soma 77%. Foto: Rafaela Frutuoso

Dependendo do tipo de medicamento e da dosagem administrada, a automedicação pode apresentar alguns problemas. “Os riscos envolvem desde reações gastrointestinais como náuseas e vômitos até reações alérgicas graves e a morte”, explica Matheus Gouvêa, médico-residente de Clínica Médica. Além disso, a automedicação também pode prejudicar tratamentos. “O uso de antibióticos, por exemplo, pode fazer com que as bactérias criem resistência, dificultando o tratamento. Os antidepressivos por outro lado podem causar dependência”, disse.

Além da pesquisa realizada pela ICTQ, outros estudos também mostram que os mais jovens se automedicam mais que os idosos e aqueles que têm melhor escolaridade também se automedicam mais. “Isso mostra que o acesso a informação não é o suficiente para conscientizar o paciente desses riscos, que são evidentes e porventura sérios”, disse o médico. Ele acredita que “o fácil acesso à medicação, as dificuldades em se ter acesso a um médico e a cultura do brasileiro de dar sempre um ‘jeitinho’ preferindo se automedicar aprocurar auxílio médico são os principais fatores que contribuem com esses dados apresentados na pesquisa”, explica.

A pesquisa também divulga dados separados por região. A região que lidera no ranking da automedicação é a região Sul, com 85%. O Norte e Centro-Oeste somam 80%, o Nordeste apresenta 78% e a região Sudeste soma 77%.




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