Levantamento indica que mais da metade das rodovias brasileiras apresentam problemas

A Confederação Nacional do Transporte, CNT, em parceria com o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte, SEST SENAT, realizou um estudo, abrangendo toda a extensão da malha pavimentada federal e as principais rodovias estaduais pavimentadas, que apontou que mais da metade das rodovias brasileiras apresentam problemas. O resultado foi divulgado na 22ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias e identificou que, dos 107.161 km analisados, 57,0% apresentam algum tipo de problema no estado geral, cuja avaliação considera as condições do pavimento, da sinalização e da geometria da via. Esse percentual era de 61,8% no ano de 2017.

Com relação ao pavimento, 50,9% dos trechos analisados foram avaliados com classificação regular. No quesito sinalização, 44,7% da extensão das rodovias apresentaram algum tipo de deficiência. Já no aspecto geometria da via, 75,7% da extensão das rodovias brasileiras foram classificadas como regular, ruim ou péssima, como mostra a pesquisa.

Na região Sudeste, 29.504km foram analisados. Na análise feita nos 15.236 km de rodovias estaduais e federais que passam no estado, a pesquisa apontou que 61,3% das rodovias mineiras apresentam problemas no pavimento, na sinalização ou com a geometria da via. Apenas 38,7% receberam avaliação como bom e ótimo. Essa mesma análise aponta uma pequena melhora com relação ao ano de 2017, em que 69,8% dos trechos analisados estavam em situação fora do que é considerado ideal.  Apesar do desempenho superior comparado ao último ano, a CNT estima um crescimento de 28,9% do custo operacional dos transportadores em virtude dos problemas listados.

Em todo o estado de Minas Gerais, os dados mostram que 79,3% das rodovias apresentam problemas com a geometria da via (pista simples ou dupla, presença de faixa adicional de subida, de pontes, de viadutos, de curvas perigosas e acostamento), 55,4% possuem problemas no pavimento, enquanto 41,8% têm algum tipo de deficiência na sinalização (placas de limite de velocidade, faixas centrais, laterais e defensas).  Ainda segundo a pesquisa, nas rodovias concedidas à iniciativa privada no estado, o desempenho foi melhor comparado às administradas pelo poder público. A porcentagem apresentada mostra que 76,1% das concedidas foram avaliadas como ótimas ou boas, enquanto das públicas, 69,4% foram reprovadas.

“A falta de investimentos é a principal causa das péssimas condições das rodovias brasileiras. Para corrigir os problemas mais urgentes, reconstrução, restauração e readequação das vias desgastadas, são necessários R$48,08 bilhões. Isso é sete vezes mais do que o orçado pelo governo federal para todas as obras em transporte rodoviário este ano”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade. O orçamento 2018 para infraestrutura rodoviária é de R$6,92 bilhões.

Entre os trechos analisados na região estão as rodovias BR-040, nos trechos administrados pela Concer (Rio x Juiz de Fora) e Invepar (Juiz de Fora x Brasília), e a BR-267, entre Leopoldina e a divisa com São Paulo no Sul de Minas. De acordo com o Gerente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de Juiz de Fora, Osvaldo Filho, as empresas de transportes de carga já estão em alerta. “Na nossa região temos alguns pontos críticos. Em alguns trechos, encontramos uma pista não tão bem sinalizada. No geral, todo esse problema vai acarretar para o cliente final porque se você aumenta o custo de manutenção, o tempo maior de viagem, isso gera custo e o consumidor final acaba arcando com todo esse descaso”, comenta.

Na avaliação feita nos 1.210km da BR-040 e nos 391km da BR-267, somente a geometria da via de ambas foi considerada como regular. Os outros dois quesitos de análise, pavimentação e sinalização, foram considerados como bons no levantamento. Para o Gerente do Sindicato, o ponto principal a ser adotado para reverter os entraves enfrentados é um planejamento de reestruturação. “Na questão da estrutura, acredito que, para a grande maioria dessas pistas, é preciso fazer uma reestruturação na pavimentação, fazer duplicação dessas pistas para que tenha um bom fluxo de veículos e com segurança”, conclui.

 

PONTO CRÍTICO

O novo levantamento da CNT mostrou que o número de pontos críticos de 2017 para 2018 subiu de 363 para 454, total de 25,1%. Esses pontos são aquelas situações críticas que ocorrem ao longo da via e que podem trazer graves riscos à segurança dos usuários, além de custos adicionais de operação, devido à possibilidade de dano aos veículos, aumento do tempo de viagem ou elevação da despesa com combustíveis. Alguns exemplos de pontos críticos são queda de barreira sobre a pista, ponte caída, erosões na pista, buracos grandes.

Segundo os dados da pesquisa, apenas os problemas no pavimento geram um aumento médio de 26,7% no custo operacional do transporte. As rodovias que apresentam problemas reduzem a segurança viária, aumentam o custo de manutenção dos veículos, além do consumo de combustível, lubrificantes, pneus e freios. O levantamento ainda mostra que, no quadro geral de rodovias avaliadas, 464 quilômetros estavam em situação péssima, 2.898 ruins e outros 5.980 em estado regular.




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