Começa com um machucado. É indolor. Quando aparece na área genital, fica mais evidente entre os homens, mas pode ficar escondido dentro da vagina da mulher, sem chamar a atenção. Há ainda outros casos em outras partes do corpo. Aos poucos ela some, mas não se engane, pois o problema só está começando. Isso é Sífilis e precisamos falar sobre essa doença.
Trepanema pallidum ou sífilis é uma infecção bacteriana curável e exclusiva do ser humano, que tem tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) garantido. Seu contágio é através do contato sexual, durante uma relação sexual (anal, vaginal e ou oral) ou através da transfusão sanguínea rara, mesmo com a triagem rigorosa das bolsas de sangue.
Se não tratada a tempo, essa doença pode comprometer o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, além de órgãos como olhos, pele e osso.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 12 milhões de novos casos são diagnosticados no mundo a cada ano. No Brasil, a Infecção Sexualmente Transmissível (IST) surge em 937.000 novos casos por ano, tendo uma prevalência nas mulheres grávidas de 2,6%, correspondendo a quase 50 mil gestantes com sífilis e 12 mil casos são de sífilis congênita (quando a doença é transmitida da mãe para o bebê).
Apesar de Minas Gerais ser o estado do Sudeste com menor número de casos dessa enfermidade, um Boletim Epidemiológico de Sífilis que foi divulgado pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, neste ano, surpreendeu a todos sobre o índice de sífilis registrado no município, tendo uma preocupação maior com as gestantes.
Segundo o boletim, de 2012 a 2017, foram registrados 810 casos de sífilis em adultos na cidade, nos quais mais de 50% ocorreram no ano anterior. O crescimento de casos de 2016 para 2017 também mostra o tamanho do problema. O aumento foi de mais de 100%, sendo que em 2016 foram registrados 199 casos, já em 2017 o número saltou para 447.
Para a Gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental, Cecília Kosmann, o diálogo e a informação devem ser priorizados como forma de combate à doença. Nesta semana, por exemplo, foi feito um seminário para tratar do assunto com servidores e tentar voltar a alertar a população sobre os perigos.
A gerente do departamento ainda diz que outras ações estão sendo tomadas para que o assunto ganhe maior proporção. “Nós estamos querendo fazer um workshop com atenção primária, explicando para as pessoas sobre o assunto, até por que não é uma questão só de Juiz de Fora, mas sim mundial”. Outro objetivo é capacitar todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município a terem o teste rápido de sífilis, que atualmente acontece no Serviço de Assistência Especializada (SAE), na Vigilância em Saúde, gratuitamente. O tratamento é feito em todos os hospitais da cidade.
Sintomas
Existem quatro níveis da doença: a sífilis primária é quando a ferida geralmente é única, aparecendo entre os 10 a 90 dias após o contágio. Não dói, não coça, não arde e não tem pus. Já a sífilis secundária, os sinais e sintomas costumam aparecer entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial, podendo surgir manchas no corpo, febre, mal-estar e ínguas pelo corpo.
Quando a doença está em um nível latente, o paciente não apresenta sinais ou sintomas, podendo ser recente (menos de dois anos de infecção) ou tardia (mais de dois anos de infecção). Por último, temos a sífilis terciária, que costuma apresentar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Como proceder?
O diagnóstico é feito através de um teste rápido (TR). Em casos de TR positivo, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial para confirmação do diagnóstico.
Já as gestantes que forem diagnosticas, o tratamento é iniciado com apenas o primeiro teste, sem precisar aguardar passar pelo segundo, devido ao risco de transmissão da doença para o feto.
Cecília destaca que a maior forma de prevenção é o uso de preservativo, em todas as idades, desde os mais jovens até os mais velhos. Ela ainda ressalta que muitas perderam o medo das doenças, pelo fato da medicina ter avançado. “Existe uma negligência do uso dos preservativos, não só por causa dos números de casos de sífilis, mas também por causa de outras doenças que são sexualmente transmissíveis, como o HIV. Então essas enfermidades são prevenidas sim, e a melhor forma de evitar esse sofrimento é usando a camisinha, seja ela masculina, ou feminina”, pontuou.