Números de abstenções aumentam em todo o Brasil

A eleição do dia 7 de outubro foi marcada como a maior em número de abstenções dos últimos 20 anos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quase 30 milhões de eleitores não compareceram às urnas neste domingo, ou seja, um em cada cinco brasileiros optou em não votar. O nível de abstenção, de 20,3%, é o mais alto desde as eleições de 1998, quando 21,5% do eleitorado não votou. O estado com maior proporção de eleitores que não compareceram foi o Mato Grosso, representando 24,55%. Em oposição, Roraima foi o estado que teve menor taxa de abstenção: 13,86%.

Em Minas Gerais, o índice foi de 22,2%, o que equivale a 3.483.956 pessoas que não foram às urnas.Já em Juiz de Fora, na zona 315, que engloba 296 seções, 19.966 pessoas não compareceram para votar, 2.964 votaram em branco e 6.151 de nulos.

De acordo com Fernando Perlatto, Cientista Político, o alto índice de abstenção de votos está relacionado com o fato de a população não acreditar mais no sistema e nas instituições políticas. “Esse descrédito se manifesta de duas formas:seja do ponto de vista da abstenção, que é a que estamos falando, sejado ponto de vista da votação, não só para presidente da república, mas também para o Estado, a favor de candidatos que tinham um discurso antissistema, antiestado e antipolítica. E se esse movimento já vinha ganhando corpo, pelo menos desde 2016, nas eleições municipais, agora, ganhou um corpo mais sistemático”, explica.

Ainda segundo Perlatto, outros fatores que podem ser usados para explicar esse acontecimento foram as denúncias de corrupção e também os efeitos da Operação Lava Jato. “Um efeito gigantesco do ponto de vista que abalou as estruturas dos partidos que, de um modo ou de outro, construíram o sistema político que a gente tem hoje desde a redemocratização. Então, se isso se manifestou de um lado como uma espécie de voto de protesto, voto antipolítica; por outro lado, você tem eleitores que sequer se animam a sair de casa para participar do processo eleitoral. Assim, o descrédito ou se manifesta concretamente em um voto antissistema ou na não participação eleitoral”, explica.

Regis Segantini, perito criminal, foi um entre tantos que não compareceu às urnas neste domingo. Segundo o juiz-forano, ele teve que justificar seu voto por morar atualmente em outra cidade, Paracatu (MG), não podendo comparecer no primeiro turno. Para ele, este número de abstenções está ligado à decepção dos eleitores com os agentes públicos. “Não acho que as pessoas estejam desinteressadas da política, mas decepcionadas, fazendo com que elas não compareçam aos locais de votação”, pontuou.

Assim como Regis, a estudante de 18 anos, Carolina Aparecida – que também não compareceu às urnas por não ter feito o título de eleitor durante o prazo – acredita que muitas pessoas não foram votar por estarem decepcionadas com a situação atual do país.“Hoje existem muitas“FakeNews” e não sabemos mais quem está falando a verdade. A população está cansada de ir votar e nada mudar no cotidiano”, destacou.

Para o segundo turno, o Cientista Político acredita que o índice de abstenção vai se manter alto. “Ainda que eu ache que vai haver, por parte dos candidatos, um discurso direcionado para esse eleitor e que esse índice possa cair um pouco, eu acredito que a tendência é que os números de abstenção permaneçam relativamente altos”, conclui.




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