A Agricultura Orgânica, que também é conhecida por Agricultura Biológica, tem como prioridade a qualidade do alimento, assegurando o fornecimento de produtos alimentícios orgânicos saudáveis, mais saborosos e com maior durabilidade. Nas plantações, não são utilizados agrotóxicos, fertilizantes sintéticos e pesticidas, garantindo, assim, a saúde dos seres humanos e preservando a qualidade da água usada na irrigação, além de não poluir o solo nem o lençol freático com substâncias químicas tóxicas.
De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atualmente são 17.075 registros de entidades produtoras de orgânicos no Brasil, sendo cerca de 70% dos produtores de agricultura familiar. Esse número, em 2013, era de 6.700 registros.
Em 2017, o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (ORGANIS) realizou a primeira pesquisa nacional sobre o consumo orgânico para conhecer o perfil do consumidor. De acordo com os dados, as verduras são os alimentos mais consumidos (63%). Esse estudo ainda aponta que 6 em cada 10 pessoas consomem verduras orgânicas. Em seguida estão os legumes e as frutas (25% cada), os quais são escolhas orgânicas para pelo menos 1 em cada 4 consumidores. Por fim estão os cereais com 12%. A alface é o alimento mais consumido entre eles, 1 em cada 3 pessoas consomem alface. Em seguida está o tomate e verduras no geral. Outro dado fornecido pelo Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável mostra que no último ano o setor de orgânicos, incluindo alimentos in naturae industrializados, cosmético e têxtil faturou R$3,5 bilhões apenas em mercado nacional. Em 2016, o faturamento foi de R$3 bilhões e, em 2010, no primeiro ano do levantamento, o setor havia faturado R$500 milhões.
Questões relacionadas à saúde são um dos principais motivos do consumo desse tipo de produto. “Os alimentos orgânicos apresentam maior qualidade nutricional”, como aponta a nutricionista e Mestre em Saúde Coletiva, Wanessa Aquino. Segundo ela, “o consumo desses alimentos traz muitos benefícios”.
Algumas pessoas têm dificuldade de encontrar essas mercadorias, por isso uma dica da nutricionista é a produção de hortas caseiras, seja de alimentos folhosos, temperos, seja algum outro que ocupe pouco espaço. “A ideia também seria que as pessoas fizessem alguns tipos de hortas em casa. Se tiver espaço para fazer uma hortinha, é interessante, porque a gente se vê menos refém de alguns produtos”. Ela ainda indica que as pessoas aproveitem bem esses alimentos. “Aproveitar as casas. Cozinhar os alimentos com casca, como batata, cenoura e depois descascar se preferir. Os nutrientes que estão na casca entranham no cozimento, assim se aproveita também alguns desses nutrientes que migram da casca para o interior do alimento”. Wanessa também indica o reaproveitamento da água usada no cozimento de alguns alimentos. “Não desperdice a água, pois você pode reutilizá-la do cozimento da cenoura ou da batata, para fazer o arroz, uma sopa, um caldo, porque as vitaminas do
complexo B ficam na água, por isso, se puder, aproveite-a em outro cozimento, desse modo você transfere as vitaminas”.
EM JUIZ DE FORA
Salete Hallack é proprietária do ‘Sítio da Lagoa JF’, que produz orgânicos em Juiz de Fora. Ela é arquiteta por formação e há quase 4 anos vem se dedicando à agricultura após o convite do pai de morar no sítio.“Eu comecei a estudar, comecei a fazer curso. Foram dois anos só para estudar”. Salete conta que a parte que ela faz e de que mais gosta é semear e a produção é de acordo com a demanda. “Eu vou produzindo as sementes, a primeira semeadura, conforme meu funcionário vai me pedindo”. Na administração do local, ela conta com o apoio da filha Juliana, “minha grande parceira”, conta. O sítio vem colhendo bons frutos, uma vez que a dedicação e o investimento apresentam resultados para Salete. “No momento estamos conseguindo, finalmente, produzir nosso adubo. Até então eu comprava o que é permitido para orgânicos e agora a gente produz o nosso no sítio. Também estou conseguindo produzir as sementes”, conclui.
Em Juiz de Fora, existem duas feiras que oferecem à população produtos orgânicos e de qualidade. São elas: ‘É Daqui’ e ‘Mogico’, as quais estão prestes a completar um ano de funcionamento.
A feira ‘É Daqui’ é a primeira do país de alimentação inclusiva e orgânica. “O nome é porque todos os produtos são produzidos aqui, por pessoas de Juiz de Fora e região”, como conta o Secretário de Agropecuária e Abastecimento, Bebeto Faria. A feira reúne produtos orgânicos, sem glúten, sem lactose, sem açúcar, sem ovo e veganos, buscando atender uma demanda da população e, principalmente, de pessoas com algum tipo de restrição alimentar, além de incentivar o produtor rural. “A criação dessa feira foi muito importante devido à demanda que existia e que ainda existe, justamente por essas pessoas que têm esse problema de saúde. Havia essa demanda em Juiz de Fora e também dos produtores que tinham a necessidade de ter um espaço para comercializar esses produtos e vimos a viabilidade nessa feira”, conclui o secretário.
Já a feira ‘Mogico’, que faz parte da Associação ‘Monte de Gente Interessada em Cultivo Orgânico’, que dá nome à feira, é composta apenas por produtos orgânicos. “O orgânico veio para somar, para agregar porque é uma alimentação sem agrotóxico, sem fertilizantes. É uma coisa natural que só tem os benefícios do alimento”, conta a Organizadora da Feira ‘Mogico’ e da feira ‘É Daqui’, Natalia Martins Pianta. A organizadora ainda comenta que a feira tem ajudado muito a população que consome esses alimentos. “A procura é crescente porque as pessoas têm cada vez mais noção da importância desses alimentos, inclusive pela incidência de doenças que tem acontecido entre a população”.
A feira ‘É Daqui’ funciona todas as sextas-feiras, das 7h às 14h, no Parque Halfeld. Já a feira orgânica ‘Mogico’, acontece na Praça do Bom Pastor, todos os sábados, das 8h às 12h. As duas feiras são realizadas desde setembro de 2017, completando um ano agora em 2018.