Essa semana convido a todos que gostam de pescar, para um passeio pelo Rio Araguaia, com sua diversidade de répteis, peixes e anfíbios. Pirarucu, Tucunaré, Matrinchã, Pintado, Surubim, Piranha, Arraia e Corvina, esses são alguns peixes. Neste roteiro é possível ver a desova de tartarugas, assistir os jacarés em suas margens tomando sol e se encantar com a beleza dos botos. Imperdível.
O rio Araguaia nasce na divisa entre Goiás e Mato Grosso e percorre ambos os estados até chegar ao Tocantins e sul do Pará. Por onde passa, vai transformando a paisagem em um cenário indescritível. Suas águas vigorosas exigem do homem respeito e cuidado. Preservá-lo é um compromisso. Admirá-lo é quase uma benção.
A história do Rio Araguaia teve seu início há 180 milhões de anos, quando a América do Sul se encontrava unida à África. Existia, entre os dois futuros continentes, um grande mar interno para onde convergiam inúmeros rios, uns provenientes daquela parte que viria ser a América do Sul e outros daquilo que seria futuramente a África.
Sendo o Araguaia um rio novo em termos geológicos, não possui um leito definitivo. No período chuvoso, que vai de novembro a março, o Araguaia e seus afluentes transbordam alagando suas margens. Quando as águas voltam ao leito normal, deixam uma enorme camada de humos na parte inundada.
São muitos os motivos que levaram a quase extinção da pesca predatória à explosão desta nova atividade esportiva e turística em todo o Vale do Araguaia. Agora é a vez da Pesca Esportiva. Para melhor entendermos estes aspectos transformativos será necessária uma breve viagem na história deste rio.
Por séculos, o Araguaia permaneceu quase intacto diante da presença humana que habitava suas margens. As populações indígenas, como o povo Karajá, que chamava o rio de Beeorokã, souberam conviver em harmonia com a exuberante natureza que os cercavam.
A chegada do homem branco, a fixação de povoados e cidades em suas margens e o avanço da fronteira agrícola rumo a oeste, causaram inúmeras transformações no ecossistema de todo o Vale.
Culturalmente, nas cidades ribeirinhas, as referências de “grande homem”, de “herói”, eram concedidas àquelas pessoas que tinham a capacidade de abater os maiores exemplares e as maiores quantidades de espécies da fauna aquática e terrestre. Estes eram os “bons guias turísticos” que indicados aos visitantes, os ajudavam a levar dali caminhões frigoríficos lotados de pescados e animais silvestres.
Com a proibição da caça e da pesca profissional em Goiás, os pirangueiros (nome dado a estes guias ribeirinhos), passaram de heróis a contraventores da lei, travando verdadeiras batalhas com os fiscais dos órgãos ambientais estaduais e federais.
Depois de tantas e tantas leis para acabar com a pesca predatória e a caça a animais silvestres, o que se viu foi a mudança de conscientização dos ribeirinhos e principalmente do perfil do turista que hoje opta pelo Araguaia como destino de Turismo de Pesca. Hoje se tem um turista conscientizado, não preocupado com a quantidade de peixe que levará para casa, mas sim com a qualidade do passeio que quer desfrutar. Turistas deixando no rio não só a maioria dos peixes fisgados, mas os recursos reservados para o desfrute de seu lazer, “cevando” assim a economia dos municípios ribeirinhos.
Hoje, os peixes que atraem os milhares de turistas ao Araguaia são fisgados e devolvidos ao rio para serem fisgados novamente por outros pescadores, talvez até por outras gerações futuras.
Assim, o velho Beeorokã, começa a retomar a sua fama de ser um dos rios de grande pesca do país, e o turismo de pesca esportiva começa a dar sinal de que, sem dúvida, será a redenção para as populações ribeirinhas do Vale do Araguaia.
Dizer que o rio Araguaia é uma paixão dos goianos não é exagero. Mas, vai muito, além disso. O rio é também motivo de orgulho. É um dos principais cartões-postais do Estado e representa um importante conjunto ecológico preservado e explorado com racionalidade.
Em seus mais de 2 mil quilômetros de margens, milhares de turistas disputam espaços privilegiados nas enormes praias de areia branca e fina. O pôr-do-sol no Araguaia é inesquecível. E isto é apenas uma das dezenas de opções para quem quer desfrutar de tudo o que a natureza reservou nesta região.
As regiões mais procuradas pelos turistas são: Aragarças, Luiz Alves, Itacaiú e Bandeirantes. Mas, o portão principal de chegada ao Araguaia é a cidade de Aruanã.
Gente de todos os lugares ocupam os espaços de acampamento na alta temporada, que começa em julho e segue até setembro. Às margens do rio Araguaia são montados centenas de acampamentos, dos tradicionais aos luxuosos, servidos de todo tipo de conforto (chuveiro quente, antenas parabólicas, heliporto e sonorização) para receber turistas do Brasil e do mundo.
O Araguaia tem opções de lazer para todos os gostos. Podem ser realizados passeios por trilhas e lagos; uma descida de canoa canadense pelo rio; a prática de esportes náuticos como jet ski, lanchas, caiaques de banana boat; passeio de ultraleve sobre o rio, entre outros.
Para os amantes do ecoturismo, a descida em canoa canadense, sem o barulho dos motores, proporciona momentos maravilhosos de observação das mais belas espécies de fauna. Passeios podem ser agendados para os meses de agosto e setembro.
Passeios de barco podem ser realizados ao longo do Araguaia, do nascer ao pôr-do-sol. A contratação de barcos com piloteiros, nas associações de barqueiros dos municípios é a melhor opção. Para aqueles que já possuem os barcos e lanchas, recomenda-se alguns cuidados, como o uso de colete salva-vidas, não abusar na quantidade de pessoas nos barcos e evitar, também os bancos de areia.
Para os praticantes da pesca são necessárias algumas atenções, como a retirada de uma licença de pesca amadora, no Banco Brasil e no Banco Itaú. A licença dará direito a pesca de até 5 kg de peixe mais um exemplar de alguma espécie, desde que estejam com os tamanhos corretos, exceto Pirarara e Pirarucu. Só é permitida a pesca com caniço, linha de mãos ou molinetes. A pesca sobre os cardumes é proibida.
O lixo deve ser separado em inorgânico e orgânico. O lixo orgânico deve ser enterrado a uma distância mínima de 20 m da margem do rio e o lixo inorgânico deve ser acondicionado em sacos e depositado nos postos de coleta.
A legislação ambiental proíbe a utilização, perseguição, destruição, caça de qualquer animal que componha a fauna silvestre. Em Goiás, a caça é crime inafiançável e a pesca profissional é proibida.
O Rio Araguaia é uma das maravilhas que poucos conhecem no Brasil. Vale muito a pena uma vista.