Conheça os melhores roteiros para curtir o inverno na Serra Catarinense

Como as temperaturas ainda estão baixas e as frentes frias não cessam, vamos falar um pouquinho de destinos para o inverno.

As temperaturas mais baixas do Brasil ocorrem nas montanhas da Serra Catarinense, região com altitudes próximas a dois mil metros. Foram os fazendeiros locais que introduziram o turismo rural no Brasil, adaptando suas fazendas centenárias para receber hóspedes. Os serranos encantam com a hospitalidade calorosa, a comida farta e deliciosa e a oferta de atividades ao ar livre – como as cavalgadas -, que rapidamente sintonizam o visitante com a exuberante natureza local.

A Serra Catarinense é composta de 17 cidades, algumas delas com vastos territórios – é o caso de Lages, a maior do estado em extensão.

Região mais fria do Brasil é o único lugar do país onde invariavelmente neva a cada inverno, mesmo que por poucos dias. Nessas ocasiões, a paisagem de araucárias e campos cobre-se inteiramente de branco e até as cachoeiras congelam. O cenário fascina visitantes de todos os cantos do país – “nem parece Brasil”, ouve-se com frequência.

Na Serra Catarinense é possível conhecer 17 municípios que oferecem excelentes hospedagens e restaurantes em um cenário onde o turismo é incrível. Foto: Divulgação

Visitar a Serra, contudo, não é um programa apenas para o inverno. Viajar para a região com a família em meses mais quentes é também garantia de diversão e lazer, já que a maior parte dos atrativos continua por lá durante as demais estações. Se não há neve, pode-se tomar banho nos rios e nas cachoeiras abundantes na região ou testemunhar a florada de várias espécies de árvores.

Além da exuberância da natureza, a presença humana é o outro ingrediente essencial do encanto da Serra Catarinense. As fazendas centenárias, a cultura campeira com forte influência gaúcha, a culinária, as taipas da Coxilha Riva (muros artesanais de pedras basalto encaixadas para resistir ao tempo) e as visões bucólicas de povoados rurais completam o espetáculo inesquecível.

Na Serra estão situados os pontos mais altos do estado. Quase todos os municípios que formam a região ficam acima de mil metros de altitude – e estão a apenas duas horas de carro do litoral. Em Urubici ficam o Morro da Boa Vista (1.827 m) e a famosa Pedra Furada, no topo de uma elevação próxima ao Morro da Igreja (1.822 m). Ali ocorreu a temperatura mais baixa oficialmente registrada no Brasil: 17,8ºC negativos, em 1996, com sensação térmica de 40ºC negativos provocada pelo vento impiedoso.

As temperaturas na região variam e até pode nevar em alguns momentos do inverno. Foto: Divulgação

A Serra Catarinense é o berço do turismo rural no país. Na região surgiram as primeiras pousadas rurais e hotéis-fazenda, que adicionaram a estruturas rústicas e centenárias, “luxos”, como salas de ginástica, saunas e antenas parabólicas, tudo para oferecer conforto e lazer aos visitantes – sem esquecer que a natureza, a simplicidade da vida no campo e a herança cultural são os atrativos mais fascinantes.

Mais do que a calorosa acolhida, essas estâncias oferecem ainda a oportunidade de usufruir a vida do campo, vivenciando experiências inéditas para o morador de centros urbanos – a ordenha de vaca ou a pescaria em açudes. As atividades oferecidas incluem cavalgadas, passeios de charrete e visitas às atrações naturais. São programas que estão acessíveis nos diversos hotéis-fazenda instalados na região.

A Pedra Furada, curiosa formação que assemelha a uma janela de 30m de diâmetro, parece ter sido cuidadosamente colocada à vista de quem chega ao topo do Morro da Igreja, no município de Urubici. A Serra do Rio do Rastro, com a célebre estrada que rasga montanhas e cânions, pode ser vislumbrada em toda sua grandeza no mirante à beira do paredão em Bom Jardim da Serra. Mas só mesmo descendo ou subindo pelo caminho tortuoso para sentir as fortes emoções que a estrada proporciona. Sensação semelhante ocorre na lendária Serra do Corvo Branco, ligação pioneira entre a serra e o litoral. Impossível não ser arrebatado pela força da natureza ao iniciar a descida por Urubici, atravessando a garganta cercada por dois paredões de rocha.

,A Serra Catarinense também apresenta excelentes condições para a prática do ecoturismo e de esportes radicais. Adeptos de rapel, montanhismos, trekking e voo livre deliciam-se com o relevo acidentado da região, em que cânions, rios, cachoeiras – algumas com mais de 100m de altura – e picos são encontrados com surpreendente abundância. No Snow Valley, em São Joaquim, pode-se descer em uma tirolesa (travessia por cabo de aço com auxílio de carretilha) de 350m, estendida sobre a mata nativa, que inclui xaxins centenários – presume-se que alguns tenham 500 anos de idade.

Imperdível também é conhecer a vista da Pedra Furada, no Morro da Igreja, o segundo ponto mais alto do Sul do Brasil (1.822 m de altitude). Foto: Divulgação

Para quem aprecia uma boa pesca, o Circuito da Truta abrange vários municípios da região. O peixe é encontrado nos rios Pelotas, Canoas, do Bispo, do Tigre e Lava-Tudo. Em Urupema, as trutas podem ser vistas bem no centro da cidade, no Rio Caronas. Outras opções interessantes na região são os pesque-pagues, nos quais o visitante pode levar para casa quantos peixes conseguir capturar nos açudes destinados à atividade.

Os restaurantes da região reúnem três características muito apreciadas – fartura, qualidade e preço justo. Alguns dos melhores estão nos hotéis-fazenda, mas há outras boas alternativas na região central das cidades serranas principais. Há ainda os pratos à base de truta – a criação desse peixe ocorre em vários municípios da região.

A tranquila São Joaquim é famosa em todo o país por duas razões. A primeira são as baixas temperaturas – a cidade é considerada “a mais fria do Brasil”. No inverno, basta a previsão do tempo indicar possibilidade de neve, prenunciada pelo vento Sul, para que visitantes de todos os cantos comecem a chegar às pequenas pousadas da cidade, casas de família convertidas em locais de hospedagem. Quando a neve cai, adultos se juntam às crianças nas brincadeiras até então conhecidas apenas pelos filmes e documentários de TV, como a guerra de bolas e a construção de bonecos de neve gorduchos. Parece incrível, mas isso acontece no Brasil, um país tropical!

A outra razão da fama de São Joaquim é o cultivo da maçã, principal atividade econômica do município. Ao se circular pelas estradas de terra no interior da cidade, é comum ver pequenas plantações de macieiras ao lado das casas simples dos fruticultores. No chamado “outono climático”, entre março e o início de maio, a temperatura raramente passa de 24ºC e pode cair abaixo de zero – é a temporada de colheita.

Em maio, ainda que não oficialmente, o inverno chega para valer. No período que se estende até outubro, a temperatura permanece por longos períodos abaixo de 10ºC e as máximas raramente ultrapassam 20ºC. A partir do final de setembro, a belíssima florada das macieiras e das cerejeiras, estas últimas também comuns na região, enchem o ar com perfume suavemente adocicado.

Mais uma vantagem da região: boas estradas, com trânsito tranquilo. A Serra Catarinense fica entre o Leste e o Oeste catarinenses, com fácil acesso de ambas as direções. Lages está no entroncamento rodoviário entre a BR-116 (Norte-Sul) e a BR-282(Leste-Oeste). Basta um mapa simples, para encontrar, sem dificuldade, os caminhos da Serra. Os acessos principais e as ligações entre as cidades são quase sempre pavimentados. Mesmo as estradas de terra são fáceis de trafegar com tempo bom. Na época de frio, deve-se ter maior cuidado devido à neblina e à possibilidade de gelo no asfalto, que o torna escorregadio. Inclua na bagagem um bom protetor solar, repelente de mosquitos, calçados confortáveis e lanterna (essencial para visitar as cavernas da região). E, nunca é demais lembrar, leve muitos agasalhos.

 




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