A Igreja católica sempre primou pelo uso de símbolos para comunicar a Palavra de Deus, o amor de Cristo e também as respostas dos cristãos à ação salvadora que vem da Trindade em seu favor. Na verdade, ela prossegue um caminho presente na Bíblia sagrada, pois tanto no antigo testamento quanto no novo, encontramos uma profusão de símbolos.
A construção do templo de Jerusalém, projetada pelo Rei Davi, realizada pelo seu filho Salomão, é um exemplo eloquente disso(Cf. Crônicas 22, 5-15).
Os gestos e imagens usados por Jesus na pregação e nos milagres são expressões do seu gosto pelos símbolos. Por exemplo, quando curou o cego, colocando sobre seus olhos um pouco de lama feita com sua saliva e terra (Cf. Jo. 9). A água no seu batismo (Cf. Mt. 3), o pão e o vinho na ceia Pascal (Cf. Lc. 22),o perfume de nardo que permitiu à mulher usar ao lavar os seus pés (Cf. Lc. 7, 36-50) são também exemplos de simbolismo. A veementemente atitude de expulsar os vendilhões do templo revela seu conceito a respeito do espaço físico reservado às coisas de Deus. Com sua palavra: “Minha casa é casa de oração, e fizestes dela um covil de ladrões”, revela sua lição de respeito e veneração pelo templo sagrado (Cf. Jo. 2, 13-22).
Assim, a Igreja sempre venerou com esta mesma fé de Jesus seus templos sagrados e os distingue com títulos de honrada piedade.
Com grande satisfação recebemos da Santa Sé, notícia através da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, de Roma que nosso pedido para elevar o Santuário Arquidiocesano do Bom Jesus do Livramento, da cidade de Liberdade, foi aceito. Tudo correndo bem, poderemos celebrar a liturgia de instalação dos símbolos e a colação do título, no dia 14 de setembro próximo, no tradicional Jubileu do Bom Jesus, que todos os anos se realiza naquela paróquia, com grande afluência de peregrinos.
O título de Basílica é o mais elevado que uma igreja pode ter, depois da Catedral. Representa uma dignidade que só o Papa pode dar com o objetivo de destacar a importância daquele edifício sagrado, pela veneração e apreço que lhe atribuem os fiéis, a importância histórica e a beleza artística de sua arquitetura, e demais elementos decorativos, como esculturas, entalhes, retábulos, pinturas e outros.
Tal apresso pelo edifício reservado só para as coisas de Deus se fundamenta na palavra bíblica, como já referido acima: O zelo pela tua casa me devora (Sl 69,9).
Uma Basílica deve ser modelar no cuidado com a liturgia, com a boa distribuição dos elementos próprios das celebrações, sobretudo com a nobreza da Mesa da Eucaristia e a Mesa da Palavra, bem como os lugares específicos dos que servem ao altar, seja como Presbíteros, Diáconos, Leitores, Acólitos, Auxiliares para a distribuição da Comunhão Eucarística, e os coroinhas, pois tudo concorre para a santidade do ambiente e o torna propício para a comunidade estar na presença de Deus.
As normas do Missal Romano são precisas ao indicarem que cada pessoa, ao servir o altar, faça tudo e somente o que lhe competir, e ocupe o lugar que lhe foi reservado, para que se destaquem bem as funções próprias de cada um, não permitindo confusão entre tais ministérios e possibilitando a perfeição do culto divino. Assim, quem é Ministro Ordenado tenha o seu lugar próprio, quem é leigo, da mesma forma tenha seu espaço destacado diferenciando-se visualmente uns dos outros.
A palavra ‘basílica’ tem origem no idioma grego sendo junção de dois termos basilikè e oikòs, que significam Casa do Rei, sabendo-se aqui que o único e supremo Rei que reconhecemos acima de qualquer potestade humana é Deus. Na verdade, os gregos e os romanos da antiguidade usavam este termo para designar a casa de seus soberanos ou espaço para coisas de extrema importância no reinado.
No cristianismo, tal termo foi, pela nobreza que reflete, reservado aos templos que se expressam pela sua beleza, arte, história e veneração, oferecendo aos fiéis a visualidade de seu amor e sua adoração ao Criador do universo, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores.
O título de Basílica para o Santuário Arquidiocesano de Bom Jesus do Livramento, na cidade de Liberdade representa uma bênção para a Arquidiocese de Juiz de Fora e marca, mais uma vez, nossa união eclesial com a sede de Pedro, onde seu sucessor, Francisco, é símbolo e garantidor da unidade desejada por Cristo.